Zerar o desmatamento na Amazônia impactaria em menos de
0,7% do PIB brasileiro até 2030.
“Milhares
de pessoas morrem ou adoecem por ano por causa da fumaça das queimadas
associadas ao desmatamento. Já sabemos o que fazer para zerar o desmatamento e
salvar estas vidas e evitar as doenças. Agora é preciso coragem para agir”,
Paulo Barreto, pesquisador sênior do Imazon.
* O setor privado deve ampliar esforços no monitoramento completo das cadeias produtivas e bloqueio de produtores que desmatam. Neste caminho, a transparência total de dados socioambientais pelos governos é fundamental.
* O setor privado deve ampliar esforços no monitoramento completo das cadeias produtivas e bloqueio de produtores que desmatam. Neste caminho, a transparência total de dados socioambientais pelos governos é fundamental.
Estudo
lançado na COP23 indica caminhos para o Brasil zerar o desmatamento na Amazônia.
Para
Frederico Machado, especialista em políticas públicas do WWF-Brasil, zerar o
desmatamento é plenamente possível e implicaria em custo baixíssimo à economia
do Brasil. “De acordo com estudo recente, impactaria em menos de 0,7% o PIB
brasileiro, até 2030.
O Grupo de
Trabalho (GT) pelo Desmatamento Zero – composto pelas ONGs Greenpeace,
Instituto Centro de Vida, Imaflora, Imazon, Instituto Socioambiental, IPAM, TNC
e WWF – lançou em 13/11/17 na COP2 em Bonn, o relatório “Desmatamento zero na
Amazônia: como e por que chegar lá”. No estudo, as organizações indicam
caminhos para eliminar, no curto prazo, o desmatamento na Amazônia, com
benefícios ambientais, econômicos e sociais para todos.
No
documento, o GT defende que não há mais justificativas para a destruição da
vegetação nativa do Brasil. Continuar desmatando resulta em desequilíbrio do
clima, destrói a biodiversidade e os recursos hídricos, traz prejuízos à saúde
humana e, ao contrário do que muitos acreditam, compromete a competitividade da
produção agropecuária. Em 2016 o desmatamento na Amazônia, sozinho, foi
responsável por 26% das emissões domésticas de gases do efeito estufa. Zerar o
desmatamento, é, portanto, a forma mais rápida e fácil de reduzir emissões e
cumprir com o acordo de Paris.
A boa
notícia é que o Brasil já conhece o caminho para o desmatamento zero e sabe
como chegar lá. “As medidas implementadas nos últimos anos (2005-2012) derrubaram
as taxas de desmatamento na Amazônia em cerca de 70% e indicam que os elementos
necessários para atingir o desmatamento zero se encontram presentes”, destaca a
publicação.
Para
Frederico Machado, especialista em políticas públicas do WWF-Brasil, zerar o
desmatamento é plenamente possível e implicaria em custo baixíssimo à economia
do Brasil. “De acordo com estudo recente, impactaria em menos de 0,7% o PIB
brasileiro, até 2030. E teria balanço enormemente positivo ao juntarmos nessa
conta todos os serviços ambientais mantidos à sociedade. É urgente o
compromisso de todos os setores com a conversão zero do que resta dos
ecossistemas naturais do planeta, com destaque também ao Cerrado”, acrescenta o
especialista.
“O Brasil
já sabe o caminho para chegar ao desmatamento zero, mas tem seguido na direção
oposta. Temer e o Congresso vêm discutindo e aprovando medidas que incentivam
ainda mais desmatamento, grilagem e violência no campo. Caso ações não sejam
tomadas urgentemente, o cenário é de permanência de altas taxas de desmatamento
na Amazônia”, comenta Cristiane Mazzetti, especialista em Amazônia do
Greenpeace Brasil. “O caminho existe, mas é preciso que governos e empresas se
comprometam seriamente em transformar as ações propostas no documento em
realidade, eliminando qualquer forma de desmatamento no curto prazo”,
complementa.
Zerar o
desmatamento é plenamente possível e implicaria em custo baixíssimo à economia
do Brasil.
“O fim do
desmatamento na Amazônia e a conservação florestal representam atualmente o
melhor investimento que a agricultura pode fazer a favor de sua produtividade
futura. Florestas são grandes sistemas de irrigação da lavoura. Não é só
produzir sem desmatar, mas sim produzir mais e melhor, conservando as florestas
da região”, Paulo Moutinho, pesquisador sênior do IPAM.
A trilha
para o desmatamento zero, de acordo com as organizações, envolve diversos
setores e passa, necessariamente, por quatro eixos de atuação:
*
implementação de políticas públicas ambientais efetivas e perenes;
* apoio a
usos sustentáveis da floresta e melhores práticas agropecuárias;
* restrição
drástica do mercado para produtos associados a novos desmatamentos;
*
engajamento de eleitores, consumidores e investidores nos esforços de zerar o
desmatamento.
Para o GT,
mudanças no sistema de produção agropecuária, combate à grilagem de terras
públicas, atuação do mercado e estímulo à economia florestal estão entre as
ações mais urgentes para zerar o desmatamento, indicados no estudo:
* A agropecuária
pode continuar a contribuir para a economia produzindo nas áreas já desmatadas.
Só na Amazônia há 10 milhões de hectares de pastagens abandonadas ou mal
aproveitadas, que poderiam ser usadas para a ampliação da produção de carne e
grãos.
* Em 2016,
pelo menos 24% do desmatamento se concentrou em áreas públicas sem destinação.
Hoje há 70 milhões de hectares não destinados na Amazônia, que precisam ser
convertidos em terras indígenas e unidades de conservação para frear o
desmatamento especulativo.
* O
estímulo à economia florestal por meio de programas de governo também precisa
ser ampliado. A extração de produtos florestais rendeu cerca de R$ 3 bilhões na
média de 2015 e 2016, dos quais R$ 1,8 bilhão são oriundos da exploração de
madeira e 537 milhões de extração de açaí.
* Promover
incentivos positivos para aqueles que conservam florestas além da exigência
legal.
* Além de
ampliar as ações de comando e controle, que continuam sendo fundamentais, é
imprescindível aumentar a eficácia na punição de crimes ambientais.
Produção de
eucaliptos avança sobre Mata Atlântica na região sul da Bahia.
O relatório
reforça, ainda, a importância da mobilização da sociedade contra as tentativas
recentes de enfraquecer a proteção florestal, como a flexibilização do
licenciamento ambiental, a redução da proteção de Unidades de Conservação, a
paralisação dos processos de demarcação de Terras Indígenas e a anistia de
grilagem de terras públicas – gerando um lucro de R$ 19 bilhões para grileiros.
(ecodebate)
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