Cortes no orçamento da União para 2018 atingem unidades de
conservação e combate ao desmatamento.
Se não houver recursos para financiamento da área ambiental, país pode
comprometer a biodiversidade, o fornecimento de água e o combate às mudanças
climáticas, alerta estudo.
No conjunto, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem R$ 3,278 bilhões na proposta de lei orçamentária de 2018, contra R$ 3,786 bilhões que teve na proposta para 2017. O valor é 29% menor do que a média destinada ao MMA pelos projetos de lei orçamentária na última década, de R$ 4,6 bilhões.
No conjunto, o Ministério do Meio Ambiente (MMA) tem R$ 3,278 bilhões na proposta de lei orçamentária de 2018, contra R$ 3,786 bilhões que teve na proposta para 2017. O valor é 29% menor do que a média destinada ao MMA pelos projetos de lei orçamentária na última década, de R$ 4,6 bilhões.
Em meio à
ofensiva para reduzir o tamanho ou rebaixar o status de proteção de Unidades de
Conservação (UCs) na Amazônia, estimulada pela bancada ruralista e por
representantes do setor de mineração, o governo propôs o corte pela metade das
verbas destinadas às UCs no projeto de lei orçamentária encaminhado ao
Congresso.
Levantamento
feito pelo WWF-Brasil em parceria com a Associação Contas Abertas mostra que as
ações orçamentárias que tratam de criação, implantação, monitoramento e
projetos de manejo nas áreas protegidas têm reservado no Projeto de Lei do
Orçamento de 2018 R$ 122,9 milhões, contra uma previsão de gastos de R$ 244,5
milhões na proposta de 2017. Os dados são preliminares e fazem parte de um
estudo a ser divulgado no final do ano, sobre o financiamento público à área de
meio ambiente.
Os cortes
na previsão de gastos para 2018 alcançam o combate ao desmatamento, a adaptação
às mudanças climáticas e sua mitigação, o manejo florestal, a regularização dos
imóveis rurais, o licenciamento ambiental e, em menor proporção, a implantação
da Política Nacional de Recursos Hídricos. O quadro sugere um desmonte da área
ambiental.
O corte
mais profundo atingiu o Bolsa Verde, programa que paga R$ 300 a cada três meses
a famílias extremamente pobres moradoras em áreas protegidas, como incentivo à
conservação. O Bolsa Verde teve gastos autorizados de mais de R$ 70 milhões nos
últimos dois anos e simplesmente desaparece na PLOA 2018. O governo busca
repassar a conta ao Fundo Amazônia, que também pode sofrer corte nos aportes.
Em
decorrência da mudança da meta fiscal para 2018, aprovada no início de
setembro, para uma estimativa de déficit de R$ 159 bilhões (ou R$ 30 bilhões
maior), o governo deve alterar a proposta até o início de novembro, antes de o
Congresso começar a votar o Orçamento. O novo Orçamento só deve ser conhecido
no fim de dezembro ou no ano que vem.
Na proposta
encaminhada ao Congresso no último dia de agosto, o MMA tem orçamento menor do
que a Câmara ou que o Senado, mas ainda maior do que outros nove ministérios,
como Cidades, Cultura, Relações Exteriores e Esportes. Os cortes já expressam o
impacto da emenda constitucional que impôs teto aos gastos públicos no período
de 20 anos.
A maior
despesa do MMA é com pagamento de pessoal, com mais de R$ 1 bilhão de gastos
previstos em 2018. Nenhuma ação finalística do ministério chega perto dos
gastos estimados com pagamento de aposentadorias e pensões dos servidores, R$
578 milhões.
Entre as
diferentes autarquias subordinadas ao ministério, o corte é mais acentuado no
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), que
administra as Unidades de Conservação federais. O Orçamento proposto para 2018
(R$ 589 milhões) é 52% menor do que o do ano passado (R$ 1,246 bilhão). O valor
é menor até ao total já desembolsado pelo ICMBio nos primeiros oito meses de
2017.
No ano da
realização do 80 Fórum Mundial da Água, que reunirá representantes de mais de
cem países em Brasília em março, a Agência Nacional de Águas também perde
recursos, em relação ao Orçamento de 2017. Embora a recuperação e a preservação
de bacias hidrográficas mantenha os R$ 900 mil propostos no ano passado, na
principal ação da área em volume de verbas, a proposta para a implementação da
Política Nacional de Recursos Hídricos cai de R$ 153 milhões para R$ 136
milhões.
NA ONU
Ao mesmo
tempo em que o presidente Michel Temer discursava na Assembleia Geral da
Organização das Nações Unidas que o Brasil concentrava “atenção” e “recursos”
no combate ao desmatamento, a ação “Controle e Fiscalização Ambiental”, que
inclui o combate ao desmatamento entre outras ações de fiscalização, perdeu 57%
em relação à proposta de orçamento de 2017. A ação do MMA que trata
especificamente das estratégias de prevenção e controle do desmatamento tem um
volume bem menor de recursos e também foi alvo de corte R$ 225 mil para R$ 220
mil.
No
Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), o
monitoramento do desmatamento nos diversos biomas teve corte de 60%. A proposta
de orçamento da ação cai de R$ 5,4 milhões, em 2017, para R$ 2,2 milhões em
2018. O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) é responsável pelos
dados que orientam o combate ao desmatamento no IBAMA (Instituto Brasileiro de
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
Na
Assembleia Geral da ONU, o presidente Michel Temer também prometeu vigoroso
combate às mudanças climáticas. Embora os recursos do Fundo Nacional sobre
Mudanças do Clima (FNMC) aumentem em 2018 em R$ 24 milhões, a ação final de
fomento a estudos, projetos e empreendimentos para a mitigação e adaptação tem
a previsão de gastos em queda, de R$ 17,3 milhões para R$ 4,7 milhões.
(ecodebate)
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