Aquecimento global traz aumento de tempestades e impacta no
setor elétrico.
Estudo feito pelo Elat/INPE
mostra que temporais severos trazem interrupções no fornecimento e quedas de
torres.
Um estudo recente elaborado
pelo Grupo de Eletricidade Atmosférica do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais identificou na última década um aumento das tempestades severas no
Brasil em decorrência do aquecimento global. Para o setor elétrico, de acordo
com a Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica, o fenômeno
representa maior incidência de interrupções de energia, já que 80% das
ocorrências que provocam interrupções acontecem exatamente no período das
tempestades.
Apesar do setor elétrico ter
acesso a novas ferramentas para gerenciar o atendimento com mais agilidade, o
tempo de espera sem energia tem ficado quase estagnado nos últimos 10 anos – em
torno de 17 horas por ano – devido ao aumento das tempestades severas. De
acordo com Nelson Leite, presidente da Abradee, o grande problema é a magnitude
dessas interrupções, porque em uma interrupção com causa passageira a rede pode
ser religada logo em seguida, mas ocorrências que envolvem queda de árvore,
ruptura de cabos ou queima de transformadores, exigem equipes reforçadas e um
tempo de restauração da energia muito mais prolongado.
De acordo com dados da
associação, 70% dos desligamentos de linhas de transmissão e 40% dos
desligamentos de redes de distribuição no país são provocados por descargas
atmosféricas, e cerca de 40% dos transformadores que queimam nas redes de
distribuição são devido à incidência de raios.
No mesmo período, o setor
elétrico registrou aumento expressivo da média de torres derrubadas pela ação
do vento. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Transmissão de
Energia Elétrica, entre 2006 e 2012, caíram 35 torres por ano, já entre 2013 e
2016, esse número aumentou para 55 torres por ano, totalizando a queda de 406
torres de alta tensão em eventos severos, o que segundo o presidente da Abrate,
Mario Miranda, requer melhorias constantes na infraestrutura do sistema de
transmissão de energia.
Para o Elat, o aumento das
tempestades tem sido mais expressivo, especialmente, em diversas cidades do
sudeste do país, que registraram um número maior de raios em relação aos
registros da década anterior, em função dos impactos do aquecimento global
somados ao efeito regional das ilhas de calor e urbanização. Eventos analisados
indicam que as tempestades nas regiões urbanas estão se tornando mais fortes, a
exemplo, cidades de médio porte, como São José dos Campos, no estado de São
Paulo, registraram diversas tempestades com mais de mil raios, nunca observadas
anteriormente. Cidades de grande porte, como Rio de Janeiro e São Paulo, por
sua vez, passaram a registrar tempestades com mais de dois mil raios, nunca
antes observadas.
Documentário – Essa realidade do setor elétrico
é retratada no documentário “Ameaças do Céu”, apresentado pela ISA Cteep e
patrocinado pela AES Eletropaulo (SP), que apresentará ao público um retrato
dos prejuízos causados pelas tempestades severas que ultrapassam 100 milhões de
reais por ano, e que, em 2030, se estima que ultrapassarão 200 milhões por ano.
Também serão abordados os danos às LTs, redes e subestações e os possíveis
cenários futuro. A estreia está prevista para dezembro, no canal por assinatura
Globonews. (canalenergia)
Nenhum comentário:
Postar um comentário