A Divisão de População da ONU
divulgou em 21/06/2017, a atualização dos cenários das projeções populacionais
para todos os países e regiões. Na revisão de 2010, a população mundial
chegaria a 9,3 bilhões de habitantes em 2050 e de 10,1 bilhões de habitantes em
2100. Na revisão 2017, os números para a população total subiram mais ainda,
para 9,8 bilhões em 2050 e 11,2 bilhões em 2100.
O motivo da diferença está na
redução mais lenta das taxas de fecundidade nos países de renda média (menos
desenvolvidos) e baixa (muito menos desenvolvidos). Na revisão de 2010 da
UN/ESA, a projeção da população em 2100 dos países desenvolvidos era de 1,33
bilhão, dos países menos desenvolvidos de 6,1 bilhões e dos países muito menos
desenvolvidos de 2,7 bilhões. Na revisão 2017, os números passaram para 1,28
bilhão, 3,2 bilhões e 6,7 bilhões, respectivamente, conforme mostra o gráfico
acima.
Ou seja, a população dos
países desenvolvidos, com 1,26 bilhão de habitantes em 2017, deve ficar
praticamente estável até 2100 (mesmo recebendo imigrantes dos países mais
pobres). Em compensação, as projeções para os países não desenvolvidos indicam
um aumento maior do que o previsto anteriormente. Isto porque as taxas de
fecundidade não estão caindo no ritmo projetado anteriormente.
A população mundial em 2017
foi estimada em 7,6 bilhões de habitantes e projetada para 8,6 bilhões em 2030.
O mundo terá mais 1 bilhão de habitantes nos próximos 13 anos e praticamente a
totalidade deste incremento vai ocorrer nos países menos desenvolvidos (renda
média) ou muito menos desenvolvidos (renda baixa).
O gráfico abaixo mostra que a população dos
países desenvolvidos representava 32,1% do total em 1950 e deve cair para 11,5%
em 2100. O percentual dos países menos desenvolvidos (renda média) deve se
manter praticamente estável em torno de 60%. O percentual dos países muito
menos desenvolvidos (renda baixa) vai subir de 7,7% do total populacional de
1950 para 28,6% em 2100.
O maior crescimento
demográfico do século XXI deve ocorrer no grupo dos países mais pobres. O mundo
caminha para uma situação em que os países desenvolvidos vão ter que enfrentar
os problemas decorrentes do envelhecimento populacional, enquanto os países
pobres, especialmente da África Subsaariana, vão ter que enfrentar os problemas
decorrentes da “bolha de jovens” com poucas oportunidades de educação e
emprego. A migração poderia ser uma solução parcial, mas dificilmente o fluxo
de pessoas conseguirá romper as barreiras da xenofobia e das dificuldades de
integração de populações com características econômicas, sociais e culturais
tão diversas. A crise migratória do Mediterrâneo deve se agravar ao longo do
século.
A Organização Mundial de
Saúde (OMS) calcula que existam 225 milhões de mulheres sem acesso aos métodos
de regulação da fecundidade. Isto quer dizer que é grande o número de gravidez
indesejada, especialmente entre as pessoas mais pobres e mais necessitadas. Nem
os Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM) e nem os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável (ODS) realizaram os devidos esforços para
universalizar o acesso à saúde sexual e reprodutiva.
O mundo de hoje, com 7,6 bilhões de habitantes,
já tem uma Pegada Ecológica 68% maior do que a biocapacidade da Terra e já
ultrapassou 4 das 9 fronteiras planetárias, segundo metodologia do Stockholm
Resilience Centre. O aquecimento global e a degradação dos ecossistemas agravam
as perspectivas para as próximas décadas. Um acréscimo de quase 4 bilhões de
habitantes nos próximos 83 anos vai colocar um grande desafio para a
humanidade, que terá de garantir qualidade de vida para toda esta população,
sem comprometer ainda mais as condições do meio ambiente e a garantia dos
direitos da biodiversidade
Melhor seria se o mundo
tivesse no caminho do decrescimento demoeconômico. Com menos pessoas e menor
consumo a Pegada Ecológica poderia ficar em equilíbrio com a biocapacidade do
Planeta e a humanidade poderia respeitar as fronteiras planetária e viver
harmoniosamente dentro da comunidade biótica, evitando a 6ª extinção em massa
das espécies. A Terra seria um lugar melhor com menos gente e mais
biodiversidade. (ecodebate)
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