Pegada hídrica: marca do consumo de água do brasileiro é de
154 litros por dia
Cada
brasileiro consome, em média, 154 litros de água por dia, segundo o Sistema
Nacional de Informações Sobre Saneamento, do Ministério das Cidades. Pode
parecer pouco, mas a ONU garante que gastamos, todos os dias, 34 litros a mais
que os 110 necessários.
Esse
consumo é o que aparece todos os meses na conta de água que chega à nossa casa.
Mas tem uma forma indireta de consumir água, que nem sempre nos damos conta. É
a chamada pegada hídrica. Quem explica é o analista
do programa de Ciências e Iniciativa de Águas da ONG WWF, Bernardo Caldas
Oliveira.
Sonora: “É
uma metodologia desenvolvida por diversas instituições e ela dá um pulo para
uma avaliação do nosso consumo indireto. O quanto de água precisamos pra ter
nosso telefone, nosso computador. Ela é uma ferramenta que traz informações
sobre nossa demanda, nossa pegada por água.”
Pegada hídrica – Imagem: http://dx.doi.org/10.1590/S1415-43662013000100014
Os números
da pegada hídrica do Brasil impressionam. Temos a sétima economia do mundo, mas
a pegada hídrica de cada um de nós passa de 2 milhões de litros de água por
ano. Na China, a maior economia do planeta, a pegada hídrica é praticamente a
metade: cada pessoa responde por pouco mais de 1 milhão de litros de água por
ano.
Bernardo
Oliveira explica o que é levado em consideração para calcular a pegada hídrica.
Sonora: “Além de considerar a água necessária para a
produção, também considera o quanto de água a gente vai precisar para diluir a
poluição gerada para produzir aquele produto”.
A
organização internacional Water Footprint, que, em tradução livre, significa
Pegada Hídrica da Água, calcula que uma xícara de café consome 132 litros de
água, desde a produção, até a decomposição na natureza. Uma camisa de algodão
representa 2.500 litros de água, e um quilo de azeitonas, mais de três mil
litros. Uma calça jeans consome quase 11 mil litros de água, e um carro, mais
de 400 mil litros.
Isso não
significa que precisamos abrir mão desses produtos, mesmo porque não seria
viável. Mas o professor da Universidade de Brasília Henrique Leite Chaves,
aponta que o consumo consciente é o caminho para reduzir a nossa pegada
hídrica.
Sonora: “Um consumo consciente desses produtos pode vir
a reduzir o consumo de água, por exemplo, naquele município, naquela bacia,
naquele país”.
Priscila
Freire Rocha é especialista em meio ambiente na FIESP, a Federação das
Indústrias do Estado de São Paulo. De acordo com o monitoramento feito nos
últimos 13 anos, a pesquisadora afirma que alguns setores conseguiram reduzir
consideravelmente o consumo de água, a partir de técnicas que reaproveitam os
recursos hídricos.
Ela destaca
a indústria de transformação, que usa matérias-primas naturais para produzir
utensílios usados no dia a dia.
Sonora: “A indústria de transformação tem demonstrado
fortemente esse trabalho no reuso interno e mesmo no melhor tratamento da água
para ter efluente zero. Ele capta a água, capta já uma quantidade menor. Ela
utiliza a água da chuva, utiliza o resíduo líquido gerado na indústria, de
forma que nem efluente ela gera”.
Priscila
Rocha acrescenta que desperdiçar água é uma prática do passado.
Sonora: “O acesso às melhores tecnologias tem sido um
norteador e um fator primordial para que a gente consiga ter um processo mais
eficiente. Além disso, a consideração da água como algo estratégico, isso fez
diferença ao longo dos anos. É o futuro”.
A
preocupação da sociedade e do setor produtivo em reduzir a pegada hídrica não é
à toa. De acordo com a organização não governamental (ONG) Water Footprint,
todos os anos, quatro em cada dez pessoas no mundo passam pelo menos um mês sem
água. (ecodebate)
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