Barracas fluorescentes,
material de escalada e até excrementos. Em 2017, os alpinistas na vertente
nepalesa recuperaram cerca de 25 toneladas de resíduos sólidos e 15 toneladas
de dejetos humanos.
Esta imagem mostra o lixo gerado no campo 4 do Everest em
21/06/18.
O ser humano deixa sua trilha até
no topo do mundo. Barracas fluorescentes, equipamento de escalada, garrafas
vazias de oxigênio e até excrementos. Um alpinista que pensou em encontrar uma
neve imaculada no Everest pode ter uma surpresa desagradável. Na imagem, lixo
gerado no campo 4 do Everest, em 21/05/2018.
Lixo no Everest.
"É repugnante, uma visão repugnante", diz Pemba Dorje Sherpa,
um guia nepalês que coroou o Everest 18 vezes. "A montanha tem toneladas
de lixo." Na imagem, lixo gerado no campo 4 do Everest, em 21/05/2018.
Desde o surgimento de expedições comerciais na década de 1990, o número
de pessoas que subiu a montanha de 8.848 metros disparou. Este ano, apenas na
alta temporada de primavera, pelo menos 600 alpinistas atingiram o pico. Mas
essa popularidade tem consequências. Os montanhistas, que gastam muito dinheiro
para fazer a subida emblemática, às vezes prestam pouca atenção à sua pegada ecológica.
E pouco a pouco, amarrado depois de amarrado, o lixo está atingindo o Everest.
Na imagem, lixo gerado no campo 4 do Everest, em 21/05/2018.
As
autoridades, no entanto, tomaram medidas para evitar a contaminação. Nos
últimos cinco anos, o Nepal tem solicitado uma fiança de US $ 4.000 por
expedição, que reembolsa se cada montanhista do grupo abater pelo menos oito
quilos de lixo. No lado tibetano da montanha, menos frequentado, as autoridades
pedem a mesma quantia e infligem uma multa de US $ 100 por quilo em falta.
Em 2017, montanhistas na encosta
nepalesa recuperaram cerca de 25 toneladas de resíduos sólidos e 15 toneladas
de resíduos humanos, de acordo com o Comitê de Controle de Poluição de
Sagarmatha (SPCC). E nesta temporada eles baixaram quantidades ainda maiores,
mas ainda representam uma pequena parte da poluição gerada.
Apenas metade dos alpinistas
recuperam a quantidade necessária de resíduos, de acordo com o SPCC. A perda da
fiança representa uma soma ridícula em comparação com as dezenas de milhares de
dólares que cada montanhista gasta para uma expedição no Everest.
Para Pemba Dorje Sherpa, o
principal problema é o descuido dos visitantes, além do fato de alguns
funcionários oficiais fecharem os olhos em troca de um pequeno suborno.
"Não há vigilância suficiente nos campos altos (aqueles localizados acima
do acampamento-base) para garantir que a montanha permaneça limpa",
lamenta.
O
ser humano deixa seu rastro até no teto do mundo. Barracas fluorescentes,
material de escalada, cilindros de oxigênio vazios e até excrementos. Um alpinista que acha que vai encontrar neve
imaculada no Everest pode ter uma surpresa
desagradável.
China retira 2,3
toneladas de fezes humanas do Everest. Homem recolhe lixo do Everest em 2010.
“Continuo sonhando que
vou seguir mais ou menos no mesmo ritmo” - Edurne Pasaban em uma de suas expedições.
“É
nojento, um espetáculo repugnante”, diz Pemba Dorje Sherpa, um guia nepalês que
chegou 18 vezes ao Everest. “A montanha tem toneladas de resíduos.”
Desde
o surgimento das expedições comerciais nos anos 1990, disparou o número de
pessoas que escalaram a montanha de 8.848 metros de altitude. Este ano, somente
na alta temporada da primavera, pelo menos 600 alpinistas alcançaram seu cume.
Mas essa popularidade tem consequências. Os montanhistas, que gastam muito
dinheiro para realizar a emblemática subida, às vezes prestam pouca atenção à
sua pegada ecológica. Pouco a pouco, com uma cordada após a outra, os resíduos
vão manchando o Everest.
As
autoridades já tomaram algumas medidas para impedir a poluição. Há cinco anos o
Nepal pede uma fiança de US$ 4.000 (R$ 15.600) por expedição, que reembolsa se
cada alpinista do grupo trouxer de volta pelo menos oito quilos de dejetos. No
lado tibetano da montanha, menos frequentado, as autoridades exigem a mesma
quantidade e impõem multa de US$ 100 (R$ 390) por quilo faltante.
Em 2017, os alpinistas da vertente nepalesa
recuperaram cerca de 25 toneladas de resíduos sólidos e 15 toneladas de dejetos
humanos, segundo o Sagarmatha Pollution Control Committee (SPCC). E nesta
temporada foram retiradas quantidades ainda mais elevadas, embora continuem
representando uma ínfima parte da poluição causada.
Somente
a metade dos alpinistas recupera as quantidades de resíduos exigidas, segundo o
SPCC. A perda da fiança representa na realidade uma soma ridícula em comparação
com as dezenas de milhares de dólares que cada montanhista gasta para uma
expedição ao Everest.
Para
Pemba Dorje Sherpa, o principal problema é o desleixo dos visitantes, ao qual
se soma o fato de que algumas autoridades fecham os olhos em troca de um
pequeno suborno. “Não há vigilância suficiente nos acampamentos altos (os
situados acima do acampamento-base) para garantir que a montanha continue
limpa”, lamenta.
A
guerra de preços entre vários operadores converteu o Everest em um destino mais
acessível para um número cada vez maior de alpinistas inexperientes. As expedições mais baratas podem custar “somente”
US$ 20.000 (R$ 78.000), muito abaixo dos cerca de US$ 70.000 (R$ 273.000) pagos
pelas mais famosas.
"Não
há vigilância suficiente nos acampamentos altos (os situados acima do
campo-base) para garantir que a montanha continue limpa”.
A
chegada de pessoas menos acostumadas a montanhas altas agrava o problema da
poluição, pondera Damian Benegas, um veterano do Everest. Antes, os alpinistas
levavam eles mesmos a maior parte de seu material, mas muitos neófitos não
conseguem fazer isso hoje em dia. Os xerpas “têm de levar o material do
cliente, por isso já não podem trazer o lixo para baixo”, afirma Damian
Benegas, que incentiva as agências a contratarem mais funcionários para
montanhas altas.
Os
defensores do meio ambiente também temem que a poluição do Everest afete os
rios do vale situado mais abaixo. No momento, os excrementos dos alpinistas do
acampamento-base são transportados até a cidadezinha mais próxima, a uma hora a
pé, onde são jogados em fossas.
“Depois
acabam sendo arrastados rio abaixo durante as monções”, explica Garry Porter,
um engenheiro norte-americano. Ele e sua equipe estudam a construção de uma
estrutura de compostagem perto do acampamento-base, para transformar esses
excrementos em adubo.
Ang Tsering Sherpa, ex-presidente da Associação de Alpinismo do Nepal, acha que uma das soluções poderia ser a criação de equipes dedicadas unicamente à coleta de dejetos. Sua operadora, a Asian Trekking, que insiste no lado ecológico de suas expedições, recolheu 18 toneladas de resíduos na última década, além dos oito quilos por membro da expedição. “Não é um trabalho simples”, diz Ang Tsering Sherpa. “O Governo tem de estimular os grupos para limpar e aplicar as regras com mais rigor.” (brasil.elpais)
Ang Tsering Sherpa, ex-presidente da Associação de Alpinismo do Nepal, acha que uma das soluções poderia ser a criação de equipes dedicadas unicamente à coleta de dejetos. Sua operadora, a Asian Trekking, que insiste no lado ecológico de suas expedições, recolheu 18 toneladas de resíduos na última década, além dos oito quilos por membro da expedição. “Não é um trabalho simples”, diz Ang Tsering Sherpa. “O Governo tem de estimular os grupos para limpar e aplicar as regras com mais rigor.” (brasil.elpais)
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