O grande crescimento da Pegada Ecológica no mundo e
nos continentes.
O
mundo tinha superávit ambiental em 1961, pois a pegada ecológica total era de 7
bilhões de hectares globais (gha) para 9,6 bilhões de gha de biocapacidade. A
pegada ecológica per capita era de 2,29 gha e a biocapacidade per capita de
3,13 gha, para uma população em torno de 3 bilhões de habitantes.
A
figura acima, com dados sobre a pegada ecológica total para os continentes,
mostra (gráfico pequeno) que, em 1961, o continente europeu tinha a maior
pegada ecológica total, com 2,5 bilhões de gha. Em segundo lugar vinha a
América do Norte com 1,7 bilhão de gha. Em terceiro lugar a Ásia com 1,6 bilhão
de gha. Em quarto lugar, a América Latina e Caribe (ALC) com 0,51 bilhão de
gha. Em quinto lugar, a África com 0,36 bilhão de gha. Em último lugar a
Oceania com 0,09 bilhão de gha.
Os
dois primeiros tinham déficit ambiental em 1961, a Ásia tinha equilíbrio entre
a pegada ecológica e a biocapacidade e os outros 3 continentes tinham superávit
ambiental. O déficit ambiental na Europa e na América do Norte era claramente
em função do alto consumo per capita, se bem que a população europeia já
apresentava uma alta densidade demográfica.
Mas
o quadro ecológico se agravou muito nas décadas seguintes e o mundo passou a
ter déficit ambiental em 2014 (último dado disponível), com a Ásia liderando a
maior pegada ecológica e o maior déficit entre todos os continentes, conforme
mostra a figura acima (gráfico grande).
Em
2014, a Ásia tomou a liderança da maior degradação ecológica com 10,5 bilhões
de gha (tendo apenas 3,4 bilhões de gha de biocapacidade). Em segundo lugar, a
Europa tinha uma pegada ecológica total de 3,5 bilhões de gha (para uma
biocapacidade de 2,2 bilhões de gha). Em terceiro lugar a América do Norte com
pegada ecológica total de 3 bilhões de gha (para uma biocapacidade de 1,7
bilhão de gha). Em quarto lugar, a ALC com pegada ecológica total de 1,71
bilhão de gha, mas com biocapacidade de 3,1 bilhões de gha. Portanto, a ALC tem
superávit ambiental. Em quinto lugar, a África com pegada ecológica total de
1,69 bilhão de gha, mas com biocapacidade de 1,4 bilhão de gha. Portanto, a
África que tinha superávit ambiental no século passado, passou a ter déficit
ambiental a partir de 2009. Por último, a Oceania com pegada ecológica total de
0,18 bilhão de gha para uma biocapacidade de 0,32 bilhão de gha, tendo
superávit ambiental.
Muitas
pessoas consideram que o déficit ambiental é um problema derivado apenas do
alto consumo. Porém, em 2014, a Ásia tinha uma pegada ecológica per capita de
2,39 gha, menor do que a pegada ecológica per capita mundial de 2,84 gha. O que
provocou o grande déficit ambiental asiático foi o tamanho da população que era
de 4,4 bilhões de habitantes.
A
Europa que tinha pegada ecológica per capita de 4,7 gha, tinha uma população de
740 milhões de habitantes em 2014. A América do Norte que tinha pegada
ecológica per capita de 8,3 gha (cerca de 3 vezes a pegada mundial), tinha uma
população de 353 milhões de habitantes em 2014. Nestes dois continentes, com
volumes populacionais relativamente pequenos, sem dúvida, o alto consumo per
capita é a principal causa do déficit ambiental.
Na
ALC, em 2014, a pegada ecológica per capita foi de 2,77 gha (para biocapacidade
per capita de 5,27 gha) para uma população de 625,6 milhões de habitantes. O
superávit ambiental da América Latina em relação à Europa que tinha déficit, se
deve a um menor padrão de consumo (menor pegada) e menor população. A ALC tem o
maior superávit ambiental global entre todos os continentes.
A
Oceania também possui superávit ambiental, embora tenha uma pegada ecológica
per capita elevada, de 6,78 gha. Qual é a diferença em relação à Europa que tem
déficit ambiental? Certamente é o volume da população, que na Oceania é de
apenas 39 milhões de habitantes. Ou seja, o alto consumo da Austrália não gera
déficit ambiental porque tem uma população reduzida.
O
menor consumo per capita, entre todos os continentes, ocorre na África, com
pegada ecológica de somente 1,39 gha. Mesmo assim, o superávit ambiental se
transformou em déficit, pois a população africana que era de 292 milhões de
habitantes em 1961 passou para 1,16 bilhão de habitantes em 2014. Ou seja, não
se pode pregar a redução do consumo para reduzir o déficit ambiental da África.
Evidentemente, quanto mais crescer a população, maior será o déficit ambiental
do continente.
Nos
últimos 45 anos a Pegada Ecológica mundial ultrapassou a biocapacidade do
Planeta. Desde o início dos anos 1970, o déficit ambiental vem subindo
constantemente. Em 2014, o mundo tinha uma população 7,4 bilhões de pessoas,
com uma pegada ecológica per capita de 2,84 hectares globais (gha) e uma
biocapacidade per capita de 1,68 gha, como resultado houve um déficit total de
68%. Ou dito de outra maneira, o mundo estava consumindo o equivalente a 1,68
planeta. Portanto, a população mundial vive no vermelho e provoca um déficit
ambiental que cresce a cada ano. A humanidade ultrapassou a capacidade
Há 15 anos, a pegada
ecológica do planeta já era 30% maior que a natureza pode sustentar!
Por
exemplo, em 2014, a Índia tinha uma Pegada Ecológica per capita de somente 1,12
gha, o que significa um baixo consumo per capita. Mas devido ao elevado número
de habitantes e à alta densidade demográfica a biocapacidade per capita foi de
somente 0,45 gha. Ou seja a Índia tem um grande déficit ecológico. Portanto,
não é surpresa que o país esteja enfrentando a pior crise hídrica de sua
História, com cerca de 600 milhões de pessoas sofrendo com a falta d’água. As
projeções indicam que a falta de acesso à água potável provoca a morte de 200
mil pessoas por ano e a situação só vai se agravar, pois, em 2030, a previsão é
que a demanda seja o dobro da oferta de água e, em 2050, a demanda de 1.180
bilhões de metros cúbicos superará a disponibilidade total de água no país, de
1.137 bilhões de metros cúbicos. O futuro do crescimento econômico da Índia
poderá ser inviabilizado pela falta de recursos hídricos.
A
economia é um subsistema da ecologia. Desta forma, a Pegada Ecológica gerada
pela economia não pode ser maior do que a biocapacidade fornecida pela
ecologia. Para manter a sustentabilidade e garantir o adequado padrão de vida
da população mundial, sem degradar as condições ambientais, a Pegada Ecológica,
no longo prazo, não pode ser maior do que a biocapacidade. Ou se muda o atual
modelo insustentável ou haverá um colapso ecológico que inviabilizará a vida
sobre a Terra. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário