sábado, 29 de fevereiro de 2020

Poluição por incêndios florestais agrava qualidade do ar

Poluição por incêndios florestais no Brasil agrava qualidade do ar em cidades distantes.
Incêndios florestais no Brasil produzem poluição aérea que piora a qualidade do ar em grandes cidades como São Paulo – cancelando os esforços para melhorar o ambiente urbano e colocando riscos à saúde para os cidadãos, de acordo com um novo estudo.
O planeta é frequentemente afetado pela fumaça de incêndios causados por seres humanos e processos naturais. Austrália, Califórnia e outras regiões são propensas a incêndios florestais sazonais e fumaça de incêndios florestais e queimaduras agrícolas piorando a qualidade do ar em lugares até 2.000 km de distância.
A maioria dos incêndios florestais no Brasil ocorre na estação seca entre julho e setembro nas áreas da Amazônia e cerrado – principalmente incêndios relacionados à agricultura – e os Pampas. Dependendo do clima, o transporte de fumaça de longo alcance afeta a qualidade do ar das pequenas e grandes cidades a favor do vento dos pontos de fogo, incluindo a ‘megacidade’ de São Paulo.
A queima de biomassa produz maior quantidade de ozônio de baixa altitude devido, em parte, ao sistema subtropical de alta pressão do Atlântico Sul. Transportado distâncias consideráveis do fogo, essa poluição contribui ainda mais para a má qualidade do ar e a poluição atmosférica em cidades como São Paulo.
Pesquisadores da Universidade de Birmingham, da Universidade Federal de Tecnologia, londrina, Brasil e da Universidade de Estocolmo publicaram suas descobertas no Journal of Environmental Management.
O professor Roy Harrison, da Universidade de Birmingham, comentou: “O estado de São Paulo liderou com medidas progressivas para conter a poluição do ar, como o controle de dióxido de enxofre de fontes industriais e a aplicação de normas para veículos e combustíveis mais limpos”.
“No entanto, os resultados atuais indicam que as políticas que visam a redução da queima de biomassa são de extrema importância para melhorar a qualidade do ar urbano, particularmente em áreas densamente povoadas, onde altas concentrações de poluentes são frequentemente observadas.”
Além de afetar a qualidade do ar e aumentar o risco de morte por causas respiratórias, o ozônio é um forcer climático de curta duração – um composto atmosférico com um efeito de aquecimento, mas com uma vida útil mais curta do que o dióxido de carbono. A redução dos níveis de ozono tem dois benefícios principais: reduzir o impacto na qualidade do ar e no clima.
Dados de emissão atmosférica sugerem que as emissões provenientes da queima de biomassa constituem uma parte substancial dos precursores para a formação de O3.
O Dr. Admir Créso Targino, da Universidade Federal de Tecnologia, comentou: “Precisamos de uma maior governança em nível regional, nacional e internacional para combater as práticas de queima de biomassa no Brasil e em seus países vizinhos”.
“Não só a saúde da população se beneficiaria de tal medida, mas também do clima regional, já que o ozônio e as partículas geradas pelos incêndios são forcers climáticos de curta duração. Tal abordagem estaria bem alinhada com o Acordo de Paris, que visa limitar o aquecimento global a menos de 2°C em comparação com o período pré-industrial – uma medida crítica na luta contra as alterações climáticas.”

Pesquisadores combinaram dados de ozônio in situ, medidos nos estados de São Paulo e Paraná de 2014 a 2017, com informações sobre uma série de co-poluentes como NOx, PM2.5 e PM10 para identificar fontes, transporte e padrões geográficos nos dados de poluição do ar.
Cientistas explicam como as queimadas afetam a população das cidades brasileiras. A fumaça das queimadas pode chegar até as cidades.

As concentrações de ozônio atingiram o pico em setembro e outubro – ligadas à queima de biomassa e à fotoquímica aprimorada. O transporte de fumaça de longo alcance contribuiu para entre 23 e 41% do ozônio total durante os eventos de poluição. (ecodebate)

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