Poluição por incêndios florestais no Brasil agrava qualidade do ar em
cidades distantes.
Incêndios
florestais no Brasil produzem poluição aérea que piora a qualidade do ar em
grandes cidades como São Paulo – cancelando os esforços para melhorar o
ambiente urbano e colocando riscos à saúde para os cidadãos, de acordo com um
novo estudo.
O
planeta é frequentemente afetado pela fumaça de incêndios causados por seres
humanos e processos naturais. Austrália, Califórnia e outras regiões são propensas
a incêndios florestais sazonais e fumaça de incêndios florestais e queimaduras
agrícolas piorando a qualidade do ar em lugares até 2.000 km de distância.
A
maioria dos incêndios florestais no Brasil ocorre na estação seca entre julho e
setembro nas áreas da Amazônia e cerrado – principalmente incêndios
relacionados à agricultura – e os Pampas. Dependendo do clima, o transporte de
fumaça de longo alcance afeta a qualidade do ar das pequenas e grandes cidades
a favor do vento dos pontos de fogo, incluindo a ‘megacidade’ de São Paulo.
A
queima de biomassa produz maior quantidade de ozônio de baixa altitude devido,
em parte, ao sistema subtropical de alta pressão do Atlântico Sul. Transportado
distâncias consideráveis do fogo, essa poluição contribui ainda mais para a má
qualidade do ar e a poluição atmosférica em cidades como São Paulo.
Pesquisadores
da Universidade de Birmingham, da Universidade Federal de Tecnologia, londrina,
Brasil e da Universidade de Estocolmo publicaram suas descobertas no Journal of
Environmental Management.
O
professor Roy Harrison, da Universidade de Birmingham, comentou: “O estado de
São Paulo liderou com medidas progressivas para conter a poluição do ar, como o
controle de dióxido de enxofre de fontes industriais e a aplicação de normas
para veículos e combustíveis mais limpos”.
“No
entanto, os resultados atuais indicam que as políticas que visam a redução da
queima de biomassa são de extrema importância para melhorar a qualidade do ar
urbano, particularmente em áreas densamente povoadas, onde altas concentrações
de poluentes são frequentemente observadas.”
Além
de afetar a qualidade do ar e aumentar o risco de morte por causas
respiratórias, o ozônio é um forcer climático de curta duração – um composto
atmosférico com um efeito de aquecimento, mas com uma vida útil mais curta do
que o dióxido de carbono. A redução dos níveis de ozono tem dois benefícios
principais: reduzir o impacto na qualidade do ar e no clima.
Dados
de emissão atmosférica sugerem que as emissões provenientes da queima de
biomassa constituem uma parte substancial dos precursores para a formação de O3.
O
Dr. Admir Créso Targino, da Universidade Federal de Tecnologia, comentou:
“Precisamos de uma maior governança em nível regional, nacional e internacional
para combater as práticas de queima de biomassa no Brasil e em seus países
vizinhos”.
“Não
só a saúde da população se beneficiaria de tal medida, mas também do clima
regional, já que o ozônio e as partículas geradas pelos incêndios são forcers climáticos de curta
duração. Tal abordagem estaria bem alinhada com o Acordo de Paris, que visa
limitar o aquecimento global a menos de 2°C em comparação com o período
pré-industrial – uma medida crítica na luta contra as alterações climáticas.”
Pesquisadores
combinaram dados de ozônio in situ, medidos nos estados de São Paulo e Paraná
de 2014 a 2017, com informações sobre uma série de co-poluentes como NOx,
PM2.5 e PM10 para identificar fontes, transporte e padrões geográficos nos
dados de poluição do ar.
Cientistas
explicam como as queimadas afetam a população das cidades brasileiras. A fumaça
das queimadas pode chegar até as cidades.
As
concentrações de ozônio atingiram o pico em setembro e outubro – ligadas à
queima de biomassa e à fotoquímica aprimorada. O transporte de fumaça de longo
alcance contribuiu para entre 23 e 41% do ozônio total durante os
eventos de poluição. (ecodebate)
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