Estudo aponta que região é um
dos maiores repositórios de microplástico do mundo.
No
Rio, a poluição na Baía de Guanabara impacta a vida dos moradores; em todo o
mundo, especialmente em países pobres, as crianças são as mais vulneráveis.
Nos
mares e oceanos, os animais convivem com um inquilino aparentemente inofensivo,
mas que causa danos enormes ao ecossistema local: o plástico. Fruto do consumo
excessivo, o material é um dos mais utilizados no mercado de fabricação em
massa, e o acúmulo dos resíduos é alarmante no mundo inteiro. Segundo pesquisa
da ONG WWF, o Brasil é o quarto maior produtor de lixo plástico, e recicla
apenas 10% de todo o material coletado. No Rio de Janeiro, a maior preocupação
tem nome e local: Baía de Guanabara.
A
poluição na baía alerta especialistas e moradores há décadas, e estudo recente
da PUC-Rio aponta que o repositório é uma das regiões com maior concentração de
microplásticos, partículas originadas da degradação de grandes peças de
plástico, extremamente perigosos para a fauna local.
"Ele
tem chamado muita atenção no mundo todo porque, como há uma produção muito
grande de plástico, cada vez mais produzimos produtos descartáveis e, como tem
muita dificuldade de recolhimento de resíduos fluidos, esse material vai para
os oceanos", explicou Renato Carreira, um dos autores da pesquisa e
coordenador do Laboratório de Estudos Marinhos da PUC.
Segundo
ele, estudos apontam que o microplástico passa pela cadeia alimentar dos peixes
para o organismo dos seres humanos. Carrera afirma que o cenário carioca
"se replica em vários lugares do mundo, e pode chegar no homem através da
alimentação". Mas o mal ainda é pior. Na composição do plástico, são
adicionadas substâncias tóxicas para permitir a maleabilidade e a flexibilidade
do material, além de contaminantes como hidrocarbonetos e pesticidas.
Apesar
dos dados alarmantes, o caso ainda tem solução. Carreira informa que, pelo
formato da Baía de Guanabara, a água se renova facilmente. Acima de tudo, o
especialista aponta que o mais importante é fazer nosso papel. "Só tem
sentido pensar na renovação se as pessoas começarem a parar de jogar lixo na
Baía. Sem essa mobilização, não resolvemos, efetivamente, o problema",
concluiu.
Reeducação vai além de
canudinhos e sacolas.
A ameaça do plástico está
cada vez mais perto da realidade da população. Pesquisa da ONG WWF aponta que,
daqui a dez anos, a geração de resíduos plásticos vai aumentar 41% e cerca de
104 milhões de toneladas de resíduos plásticos vão ser jogados na natureza.
A pesquisa informa, ainda,
que cada brasileiro produz um quilo de plástico por semana, do qual 200 gramas
são descartadas indevidamente.
A mudança já chegou no Rio de
Janeiro, com legislação que proíbe canudos e sacolas plásticas, mas muito ainda
precisa ser feito. Para Renato Carreira, a ajuda individual vem ao trocar copos
plásticos por canecas plásticas, mas também investir em reeducação de hábitos
que, segundo ele, o brasileiro está atrasado.
"Nós, brasileiros, temos
que passar por uma reeducação que vai desde produção de energia até o consumo
de plástico no cotidiano", explicou.
Para a reciclagem se popularizar,
ele acredita que, antes dela deve ser acessível a todos os públicos, e estimula
a separação do lixo seco para a coleta seletiva. Além disso, para empresas, ele
recomenda o uso da logística reversa, ou seja, das empresas cuidarem da
reciclagem do material que produzem. (odia)
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