A falta da gestão de resíduos
vai além dos impactos negativos na economia brasileira e na saúde pública.
Trabalhadores informais, mais conhecidos como catadores, recuperam e vendem
materiais recicláveis retirados dos lixões – um trabalho nobre e honroso que
garante a coleta e triagem de materiais recicláveis, gerando múltiplos
benefícios sociais. Porém, que coloca suas vidas em risco.
Para se ter uma ideia da
gravidade da situação, de acordo com um relatório da Associação Internacional
de Resíduos Sólidos (ISWA) e da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza
Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), a exposição aos lixões a céu aberto tem
um impacto prejudicial sobre a expectativa de vida da população maior do que a
malária. A atividade é considerada pelo Ministério do Trabalho como insalubre
em grau máximo, pois estão submetidos ao calor, umidade, ruídos, chuva, risco
de quedas, atropelamentos, cortes, ao contato com ratos, sobrecarga por
levantamento de peso e contaminações por materiais biológicos.
Já o estudo realizado pela
Coordenação de Vigilância e Saúde (Covisa), Fundacentro e os Centros de
Referência em Saúde do Trabalhador (CRST), analisou as condições de trabalho,
saúde e segurança de, aproximadamente, 900 catadores do estado de São Paulo. Na
pesquisa, foram encontrados agentes químicos no ambiente de trabalho que causam
doenças respiratórias e dermatoses por contato. Além dos riscos de doenças
osteomusculares e circulatórias, os trabalhadores, que lidam com prensas
enfardadeiras das centrais não possuem proteção, o que traz risco de
amputações.
Não bastassem sofrer com
todos os riscos e exploração da força de trabalho, os catadores encaram o que
chamo de marginalização da profissão, que nada mais é do que o preconceito da
sociedade — mesmo sendo os grandes responsáveis pelos altos índices de
reciclagem no país. Afinal, eles não carregam lixo dentro das carroças, mas
sim, mercadorias.
O que muitos não se dão conta
é que, a desvalorização dos catadores é prejudicial ao meio ambiente e para a
sociedade, pois além de serem o meio mais eficiente e econômico de garantir a
coleta e triagem de materiais recicláveis, geram múltiplos benefícios sociais,
econômicos e ambientais.
Mesmo com a situação de
precariedade na qual esses trabalhadores vivem, a grande questão é que não
existiria reciclagem no Brasil se não fosse o esforço dos catadores. O poder
público precisa assumir suas responsabilidades com o meio ambiente, com a
população e, principalmente, com esses profissionais.
A inclusão social e a
formalização da atividade devem ser articuladas a uma política que garanta a
segurança e benefícios para essa classe, o que poderia ser incorporado às
políticas públicas de serviços, saúde e laboral, desde que estas áreas se
integrem, de forma objetiva, para buscar soluções que valorizem e minimizem os
danos a estes trabalhadores. (ecodebate)
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