Em consequência da corrida
mundial de consumo, os recursos naturais estão sendo extraídos a taxa 50% mais
elevada do que 30 anos atrás (World watch Institute 2010). Assim sendo, os
intensivos estilos de vida consumistas e a produção exigidos para alcançar as
demandas dos consumidores puxaram as emissões de CO2 para
quadruplicar durante os últimos 50 anos (United Nations Development Programme,
1998). Portanto, torna-se imperativo tentar encontrar novas formas de se pensar
sobre consumo, novas políticas, e novos modelos de negócios que venham alcançar
uma sustentabilidade global. Contudo, a questão é como reduzir consumo num
contexto onde à busca de crescimento e maximização de lucros gera uma cultura
de se ter e se desejar cada vez mais objetos materiais.
O Relatório Bruntland “Our
Common Futures” (WCED, 1987), publicado há mais de 20 anos trouxe o conceito de
desenvolvimento sustentável para o pensamento dominante de políticas e
negócios. A análise deste relatório demonstrou claramente a insustentável
natureza dos padrões de desenvolvimento existentes, produção e consumo. No
debate que seguiu a publicação deste relatório alguns difamaram a disciplina de
marketing diante de seu papel de estimular níveis insustentáveis de consumo e
direcionar o crescimento do consumo global, enquanto outros focaram no
potencial e contribuição do marketing para algumas soluções.
Portanto, Consumo e Produção Sustentáveis (CPS)
se tornaram tópicos importantes nas agendas de políticas e de pesquisa durante
os últimos dez anos, considerando que o futuro do planeta depende da habilidade
da humanidade em proporcionar uma qualidade de vida digna para uma futura
geração de 9 bilhões de pessoas sem exaurir os recursos da terra ou danificar
irreparavelmente os sistemas biogeoquímicos.
As ideias de políticas
públicas sobre Consumo e Produção Sustentáveis (CPS) vêm desde o Relatório
Bruntland, acima citado, e da Cúpula da Terra do Rio, em 1992, mas o
reconhecimento maior se acelerou depois de 2002, com a reunião de cúpula sobre
desenvolvimento sustentável em Joannesburgo (World Summiton Sustainable
Development – WSSD), quando a comunidade internacional foi convocada para lutar
em direção da melhoria global das condições de vida e encorajar e desenvolver
um programa de 10 anos sobre consumo e produção sustentáveis em apoio às
iniciativas regionais e nacionais.
Mesmo assim, o termo consumo
sustentável não tem uma definição universalmente aceita e é, frequentemente,
carente de maior clareza. A revisão da literatura nesta área indica que
frequentemente termos como ‘consumo verde’, ‘consumo responsável’ (FISK, 1973)
e ‘consumo ético’ apresentam diferenças de objetivos, mas são também usados de
forma intercalada. Algumas definições de consumo sustentável se espelham nas
definições de desenvolvimento sustentável e nas definições de sustentabilidade
do modelo Triple Botton Line.
Portanto, existe uma falta de
consenso sobre o que é e como ser sustentável. Da mesma forma acontece com as
políticas de consumo sustentável. Em resumo, o que é e como deve ser o consumo
sustentável? Neste artigo, o termo consumo sustentável se refere ao consumo que
promove o desenvolvimento sustentável.
Assim sendo, a pesquisa em
consumo sustentável tenta compreender e promover os tipos de comportamentos de
consumo que contribuem para o desenvolvimento sustentável. Embora profundamente
embutida nos campos de pesquisa do consumidor, economia ambiental e ecológica
bem como psicologia, muitas outras disciplinas e campos de pesquisa tem
contribuído para o avanço deste campo nos últimos anos, entre eles: sociologia
ambiental e suas perspectivas de comportamento dos indivíduos socialmente
embutidos no contexto social; economia comportamental; ciência política e sua
visão de consumidor como um cidadão-consumidor ativo; filosofia aplicada e sua
visão teórica em relação às questões éticas; marketing de sustentabilidade,
sobretudo em relação à forma de transmissão de mensagens aos consumidores e
como tornar o consumo sustentável atrativo; estudos de inovação; análise de
sistemas e estudos históricos e de políticas públicas. (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário