Oceano quente pode deflagrar
ano de eventos climáticos extremos.
Os mares do mundo estão
cozinhando e temperaturas recordes levam meteorologistas a esperar que o
aquecimento global cause um ano caótico com eventos climáticos extremos.
Partes dos oceanos Atlântico,
Pacífico e Índico tiveram as temperaturas mais altas em registro no mês
passado, segundo os Centros Nacionais de Informação Ambiental dos EUA.
As temperaturas elevadas
podem oferecer pistas sobre a violência da temporada de furacões no Atlântico e
dos incêndios da Amazônia à Austrália e sobre a continuidade do calor e das
tempestades que assolam o sul dos EUA.
No Golfo do México onde a
perfuração offshore é responsável por cerca de 17% de toda a produção de
petróleo de EUA, a temperatura da água estava em 24,6°C ou 1,7°C acima da média
de longo prazo, afirmou Phill Klotzbach, da Universidade Estadual do Colorado.
Se as águas do Golfo permanecerem quentes, isso pode intensificar qualquer
tempestade, acrescentou ele.
Todo oceano tropical está
acima da média, disse Michelle L’ Heureux, meteorologista do Centro de Previsão
Climática dos EUA. E há um componente do aquecimento global nisso. É realmente
impressionante como os oceanos tropicais estão quentes.
Enquanto o coronavírus domina
as atenções, o aquecimento global continua sendo uma ameaça. A ‘água do mar’
guarda calor melhor que a atmosfera, disse Deke Arndt, chefe de monitoramento
dos Centros Nacionais de Informação Ambiental de Asheville, na Carolina do
Norte.
Os cinco anos mais quentes
para os mares, conforme mensuração por instrumentos modernos, ocorreram na
última meia dúzia de anos. “É definitivamente relacionado à mudança climática”,
disse Jennifer Francis, cientista sênior do Centro de Pesquisas Woods Hole, em
Massachussets. “Os oceanos estão absorvendo cerca de 90% do calor retido por
gases adicionais causadores do efeito estufa”.
A elevação das temperaturas
globais este ano também remonta a sistemas climáticos intensos no Ártico, que
prenderam boa parte do frio ali, impedindo que se espalhasse para regiões
temperadas ao sul. Juntamente com o aquecimento global, isto elevou a
temperatura do mar a máximas históricas.
Alimentado a fúria
Enquanto isso, se o Atlântico
permanecer quente, durante a temporada de seis meses de tempestades que começa
em 1º de junho, a conjuntura pode alimentar a fúria dos sistemas tropicais.
Os oceanos também desempenham
papel importante na propagação de incêndios florestais. No caso da Austrália e
da Amazônia áreas especialmente quentes dos oceanos podem atrair as chuvas para
longe da terra, provocando condições menos úmidas e, em casos extremos, a seca.
No ano passado, por exemplo, o Oceano Índico estava realmente quente na Costa
da África e atraiu todas as tempestades. Já a Austrália ficou sem chuvas.
No Atlântico, uma pesquisa da
professora de Geociências da Universidade do Arkansas, Kátia Fernandes, também
mostrou correlação entre as temperaturas da superfície do mar na parte tropical
norte de Atlântico e secas e incêndios florestais na Amazônia. Quanto mais quente
a água, as chuvas na América do Sul são empurradas para o norte.
Segundo o modelo de
Fernandes, as temperatura do Atlântico podem prever se a Amazônia ficará seca e
suscetível à incêndios. (uol)
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