Economia brasileira consumiu 6,3 litros de água para
cada R$ 1 gerado em 2017.
Para
cada R$ 1 de valor adicionado bruto gerado pela economia brasileira em 2017,
foram consumidos, aproximadamente, 6,3 litros de água. A atividade que exigia
maior volume de água era a Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e
aquicultura, com 1.061 litros para cada R$ 1 gerado. Entre as grandes regiões,
o Centro-Oeste apresentou a maior intensidade de consumo desse recurso natural,
com 1.511,9 litros/R$ 1. Os números fazem parte do estudo Contas Econômicas
Ambientais da Água: Brasil 2013-2017 (CEAA), divulgado em 07/05/20 pelo IBGE em
parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA).
O
consumo total de água no país no ano, que corresponde à água utilizada menos a
que retorna para o meio ambiente, foi de 329,8 trilhões de litros. Os
principais responsáveis pelo consumo desse recurso natural foram a Agricultura,
pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (97,4%), que tem como
destaque a agricultura de sequeiro (não irrigada); Indústria de
transformação e construção (1,0%) e Água e esgoto (0,8%).
Segundo
o estudo, no ano a atividade Água e esgoto correspondeu a 0,6% do valor
adicionado bruto corrente do total da economia. O valor da produção de água de
distribuição e serviços de esgoto foi R$ 56,5 bilhões, sendo a água de
distribuição responsável por 65,9% desse total. Pelo lado da demanda, ou seja,
dos gastos, em 2017, as Famílias foram as maiores responsáveis pelo uso de água
de distribuição (61,5%) e serviços de esgoto (62,1%).
Uso de água das
famílias per capita em 2017 foi de
116 litros/dia.
Em
2017, o uso per capita de água pelas Famílias foi de 116 litros
diários. O Sudeste registrou o maior uso per capita, com 143 litros, enquanto o
menor uso foi registrado no Nordeste, 83 litros por habitante/dia.
Quanto
à participação do volume de esgoto coletado pela rede de esgotamento sanitário
em relação ao volume de água usado, o Sudeste foi a região que apresenta o
maior resultado em 2017, com 71%. Já na região Norte, apenas 14% da água
utilizada pelas Famílias retorna ao meio ambiente através da rede de coleta.
“Pela
primeira vez, apresentamos dados regionalizados, o que ajuda a compreender
melhor as particularidades de cada região do país”, explica o analista da Coordenação
de Contas Nacionais do IBGE, Michel Lapip. A primeira publicação da CEEA, com
dados de 2013 a 2015, foi revisada, atualizada e ampliada dentro desse novo
estudo. “Mudanças metodológicas ajudaram a aprofundar o grau de detalhamento”,
acrescenta o pesquisador.
De
forma inédita, o levantamento fez cálculos distintos para a agricultura
irrigada e o plantio de sequeiro. Enquanto a primeira se aproveita de rios e
lagos, este último depende exclusivamente das águas da chuva e do solo, ocupando
mais de 90% da área agrícola do País. Segundo o estudo, para cada R$ 1 gerado
pela atividade econômica que engloba agricultura, pecuária, produção florestal,
pesca e aquicultura, foram consumidos 1.061 litros de água. Se descontarmos o
volume de água do solo utilizado pela agricultura de sequeiro, o indicador
passa a ser de 95,5 litros/R$ 1 em 2017. Os números reforçam o peso da
atividade agrária como o setor econômico que mais se utiliza da água para
produzir riqueza.
No
Nordeste, a agropecuária de irrigação consome 151,4 litros de água para cada R$
1 que a atividade gera – a mais alta taxa em termos regionais. “O clima
semiárido e as características fisiológicas dos principais cultivos da região
elevam este valor”, atesta Lapip. Devido ao volume de água originário dos
perímetros públicos de irrigação (PPI), a demanda de água para fins de
irrigação superou a demanda das próprias famílias nordestinas em 30%. A
situação é diferente em todas as outras grandes regiões, onde as famílias
superaram as atividades econômicas em volume de água demandada.
Já
a demanda hídrica na geração de renda nas indústrias extrativas foi de 3,4
litros por real, o mesmo patamar das indústrias de transformação e construção.
Contas Econômicas
Ambientais da Água
Em
março de 2018, o IBGE, a ANA e o Ministério do Meio Ambiente lançaram as Contas
Ambientais da Água: Brasil – 2013-2015. A partir daquela primeira publicação,
foi possível entender com maior clareza a relação entre os recursos hídricos e
o valor agregado de cada atividade econômica e como a água desempenha um
papel-chave no desenvolvimento econômico do país.
A
iniciativa, que agora chega à segunda edição, conta com apoio técnico da
Agência Internacional de Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável (Deutsche
Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit – GIZ). O objetivo é
produzir e disseminar sistematicamente para a sociedade informações referentes
ao balanço entre a disponibilidade quantitativa e qualitativa de água, além da
demanda hídrica dos diversos setores da economia brasileira, incluindo as
famílias. (ecodebate)
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