A
pandemia do novo coronavírus esfriou a economia, mas não chegou a esfriar muito
a temperatura global. O mês de janeiro foi, entre os primeiros meses do ano, o
mais quente desde 1880, quando começa a série de registros mundiais. Mas os
meses de fevereiro a abril ficaram um pouco abaixo dos recordes de 2016.
Contudo, o mês de maio voltou a marcar temperatura recorde.
As
instituições de medição meteorológica dizem que o ano de 2020 pode ser mais
quente do que os elevados números de 2016, isto porque as regiões árticas da
Terra registraram aumentos continuados de temperatura, chegando ao ponto de
deixar algumas cidades totalmente sem neve e com temperatura muito elevada.
O
ano mais quente do século XX foi 1998 com uma anomalia de 0,65ºC em relação à
média do século XX. Este nível foi aproximadamente igualado em 2005 e superado
apenas em 2010 e 2014. Os anos de 2011 e 2012 apresentaram temperaturas
inferiores às de 1998 e isto gerou muito questionamento sobre o aquecimento
global, inclusive com muitos cientistas falando em “hiato climático”. Porém, a
partir de 2014 os aumentos anuais da temperatura extrapolaram todas as
tendências, marcando 0,99º C em 2016 e 0,95ºC em 2019, em relação à média do século
XX (mas que representa em torno de 1,2ºC em relação ao período pré-industrial).
Os 6 anos entre 2014 e 2019 foram os mais quentes da série histórica.
O
gráfico abaixo, com dados da NOAA, mostra a temperatura mensal dos últimos 7
anos, que são os mais quentes da série que começou no final do século XIX. O
ano de 2020 começou batendo todos os recordes para o mês de janeiro, manteve o
segundo lugar em fevereiro, março e abril e voltou a apresentar recorde em
maio. E 2020 nem é ano de El Niño.
Os
dados acima mostram que o aquecimento global entrou em outro patamar. Isto é
confirmado pela média dos cinco primeiros meses (janeiro a maio) na série
histórica. O gráfico abaixo mostra a média dos primeiros 5 meses de 2016 foi de
1,16ºC. e em 2020 foi de 1,10ºC, ambos muito acima das médias dos outros anos.
A tendência dos 5 meses da atual década (2011-20) apresentou um crescimento de
0,58º C no aquecimento. Um número impressionante e que indica que o limite de
1,5ºC colocado pelo Acordo de Paris deve ser atingido antes de 2030 e o limite
de 2ºC deve ser atingido antes de 2040.
Matéria
do jornal New York Times mostra que houve um declínio drástico nos primeiros
meses do ano das emissões globais de gases de efeito estufa. No início de abril,
as emissões globais de CO2 caíram cerca de 17 milhões de toneladas
por dia, ou 17%, conforme mostra o gráfico abaixo. Mas em meados de junho,
quando os países diminuíram seus bloqueios, as emissões subiram e ficaram
apenas 5% abaixo da média de 2019. As emissões na China, que representam um
quarto da poluição de carbono do mundo, parecem ter retornado aos níveis
pré-pandêmicos.
Mas
em meados de junho, quando os países diminuíram seus bloqueios, as emissões
subiram e ficaram apenas 5% abaixo da média de 2019. As emissões na China, que
representam um quarto da poluição de carbono do mundo, parecem ter retornado
aos níveis pré-pandêmicos.
Os
estudiosos estão surpresos com a rapidez com que as emissões se recuperaram e
dizem que qualquer queda no uso de combustíveis fósseis relacionada ao
coronavírus é temporária, a menos que os países tomem medidas concertadas para
limpar seus sistemas de energia e frotas de veículos enquanto se movem para
reconstruir suas economias em dificuldades.
O
aquecimento global é a maior ameaça existencial à humanidade. Assim como existe
uma emergência de saúde pública (por conta do coronavírus), existe também uma
emergência climática por conta do aumento da temperatura global. O mundo
precisa aprender com o trauma da covid-19 e acordar para a urgência de se
resolver os problemas ambientais do século XXI. Senão teremos uma “Terra
inabitável” como mostrou o jornalista David Wallace-Wells. O alerta já está
dado, ninguém poderá ser pego desprevenido e desinformado no futuro próximo.
(ecodebate)
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