Aumento do desmatamento pode gerar bloqueios de
investimentos no Brasil, diz economista.
Um grupo de investidores internacionais que gere US$
3,75 trilhões (R$ 19,3 trilhões) em ativos enviou uma carta aberta em 22/06/20
para embaixadas brasileiras manifestando preocupação com o aumento do
desmatamento no Brasil.
O documento foi enviado a representações brasileiras
em sete países. O grupo liderado pela empresa norueguesa de seguros e pensões
Storebrand Asset Management diz que a política ambiental brasileira gera uma
"incerteza generalizada sobre as condições para investir ou fornecer
serviços financeiros ao Brasil".
O economista Fábio Sobral, professor de Economia
Ecológica da UFC (Universidade Federal do Ceará), disse que há registro de fuga
de capital do Brasil desde o ano passado.
"Creio que pode haver uma fuga de capitais, na
verdade já há um movimento de fuga de capitais do Brasil desde o ano passado,
isso tem sido demonstrado pela saída de dólares de investidores estrangeiros
provavelmente devido a essa profunda instabilidade política que se instaurou no
país", explicou à Sputnik Brasil.
Segundo Sobral, o aumento do desmatamento pode sim
gerar fuga de investimentos no país.
"A política ambiental pode determinar uma
espécie de bloqueio de parte dos fundos de investimentos ao Brasil,
principalmente daqueles fundos que captam de pequenos investidores",
afirmou.
O economista atribui a atitude encabeçada pela
empresa Storebrand Asset Management a dois fatores.
"Uma vertente de marketing junto aos pequenos
investidores e um segundo fato é a percepção de que, de fato, em regiões onde
as mudanças climáticas forem mais intensas os prejuízos podem ser mais
significativos", afirmou.
Fábio Sobral vê como positiva a pressão externa
sobre a política ambiental brasileira.
"A pressão externa pode dar um suporte às
nações indígenas, a grupos quilombolas, grupos ambientais, até porque esses
grupos sofrem ameaças físicas. O número de lideranças rurais e ambientais que
são assassinadas tem crescido, não há uma proteção a esses grupos, então a
pressão externa vai trazer significativa proteção interna ou pelo menos uma
divulgação maior do que está ocorrendo na Amazônia", defendeu.
De acordo com Sobral, será difícil o governo do
presidente Jair Bolsonaro reverter a imagem do Brasil na política de proteção
ao meio ambiente.
"O governo tem se tornado um inimigo do meio
ambiente, o governo se apresentou assim como um inimigo do meio ambiente, o
governo se apresenta como um destruidor das florestas, vai ser muito difícil
reverter as ações governamentais e reverter a imagem do Brasil nesse
quesito", acredita.
O Banco Central divulgou em 24/06/20 um balanço que
aponta que nos cinco primeiros meses deste ano o Brasil registrou a saída de
US$ 33,6 bilhões (R$ 178,25 bilhões) nos primeiros cinco meses deste ano.
O BC também informou que os investidores retiraram
US$ 50,9 bilhões (R$ 270 bilhões) de aplicações financeiras no Brasil nos doze
meses encerrados em maio deste ano. (sputniknews)
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