Prática agrícola como o
Sistema Plantio Direto é capaz de fixar quantidades significativas de CO2
no agroecossistema, contribuindo assim para a menor emissão desse gás para a
atmosfera e, desta forma, mitigar o efeito estufa e o aquecimento global. Os
sistemas de manejo do solo e de produção utilizados são fundamentais para a
redução da emissão de CO2.
Em trabalhos já desenvolvidos
pela Embrapa, fica evidente que, além de ser possível e viável o cultivo do
algodoeiro em sistema plantio direto, houve um incremento de 55% do teor de
carbono nos primeiros cinco centímetros de profundidade do solo, e em 20% na
camada até 40 cm de profundidade. Com isso, em áreas cultivadas com o
algodoeiro, menos carbono é emitido para a atmosfera. Além do algodoeiro é
possível a utilização de outras culturas, nesta modalidade de cultivo, como
soja, milho, feijão, arroz, olerícolas, dentre outras.
No sistema plantio direto, o
solo não é revolvido, é utilizada a rotação de cultura e o solo permanece
coberto com palha ou material em crescimento. Nesse modelo de produção, além da
redução da emissão de CO2, tem-se significativa redução dos
processos erosivos e maior estabilidade da produção.
Outra prática que se reveste
da maior importância, quando o assunto é redução da emissão de CO2,
é a recuperação de pastagens degradadas. Dos quase 200 milhões de hectares
cultivados com pastagens no Brasil, estima-se que algo ao redor de 60%
apresenta algum grau de degradação, com ocorrência em todos os biomas
brasileiros. Estima-se que somente no bioma cerrado mais de 30 milhões de
hectares de pastagem apresenta algum grau de degradação, destes estima-se que
cerca de 14 milhões de hectares estejam em Mato Grosso do Sul.
A grande extensão de
pastagens degradadas constituem verdadeiros passivos ambientais, além da sua
capacidade de acelerar processos erosivos que muitas vezes vão impactar áreas
distantes. O objetivo é melhorar a produtividade agrícola, da pecuária e o
ambiente de produção, onde a integração e a intensificação dos sistemas de
produção constituem a chave do processo. Temos no Brasil, a iniciativa da Marca
Conceito Carne Carbono Neutro (CCN), que é uma carne produzida em um sistema de
produção que possibilita a sua certificação.
O Brasil possui diferentes
tecnologias para redução da emissão de gases de efeito estufa. Existem também
políticas públicas que incentivam a produção agrícola, pecuária e florestal em
bases sustentáveis, como podemos citar o Plano de Agricultura de Baixo Carbono
(Plano ABC), coordenado pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento
(MAPA), executado pela Embrapa e pelo Senar. Com o objetivo de estimular a
agricultura de baixo carbono, o Governo Federal criou em 21/07/2020, a Comissão
Executiva Nacional do Plano Setorial para Consolidação da Economia de Baixa
Emissão de Carbono na Agricultura. Tal iniciativa vem reforçar a preocupação e
a importância que a sociedade brasileira dispensa ao tema. No caso da região
Centro-Oeste, existe disponibilidade de recursos financeiros via Fundo
Constitucional do Centro Oeste (FCO), que financia iniciativas para recuperação
de pastagens degradadas.
No entanto, temos um grande
desafio pela frente, que é demonstrar a possibilidade de se produzir soja,
milho, café, algodão, feijão e carne em sistemas onde a emissão de CO2
é significativamente reduzida. Dessa forma, a recuperação das áreas com
pastagem degradadas contribui para a melhoria da renda do produtor e para a
diversificação da sua fonte de renda, além de melhorar a qualidade do ambiente.
Com isso é possível melhorar a qualidade de vida da população com a maior
oferta de alimentos sem que para isso seja necessário a abertura de novas áreas
agrícolas.
O Brasil hoje ocupa posição
de destaque na produção de grãos, carnes, fibras, celulose, suco de laranja,
dentre outros produtos agrícolas. Continuar ocupando os mercados internacionais
é um grande desafio que temos pela frente, pois os compradores externos estão
cada vez mais exigentes no que se refere ao modelo de produção utilizado. Desta
forma, não adianta apenas produzir mais, é preciso produzir com base
sustentável.
Dada a importância deste assunto, está havendo conjugação de esforços entre entidades públicas, privadas e os agricultores para que a agricultura brasileira adote cada vez mais práticas que reduzam a emissão de CO2 nos sistemas de produção. (ecodebate)
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