Levantamento publicado no
Atlas do Plástico, da Fundação Heinrich Böll, afirma que, se toda população
brasileira utilizasse máscaras descartáveis, seriam necessárias 3,5 bilhões de
máscaras por mês. O total significa 10,5 mil toneladas de plástico, o
equivalente ao peso de nove Cristo Redentor.
A pandemia também afetou
gravemente os sistemas de reciclagem. Houve um aumento de 25 a 30% na coleta de
materiais recicláveis durante o período da pandemia comparado com o ano anterior,
de acordo com a ABRELPE. Porém, segundo esses dados, grande parte do volume
coletado está sendo encaminhado diretamente para aterros sanitários, devido ao
fechamento ou diminuição da atuação das cooperativas e unidades de triagem em
diversas cidades.
No Brasil, salvo raras
exceções, quase todo lixo reciclado passa pelas mãos de catadores. E esses,
autônomos ou cooperados, continuaram em grande parte trabalhando para conseguir
seu sustento, mesmo os que fazem parte do grupo de risco. Muitos estão sem ter
onde vender o material coletado, já que as cooperativas e sistemas de triagem,
em sua maioria continuam fechadas. Soma-se a esta situação, a falta de cuidados
da população na hora de dispensar o lixo, uma preocupação constante no dia a
dia dos catadores.
Soma-se a isso, a tentativa da indústria do plástico de “vender” a importância desses produtos para manter os alimentos livres do vírus, mesmo havendo outras formas menos impactantes ao meio ambiente, como a reutilização de materiais.
Especialistas dizem, por exemplo, que lavar os copos com água quente e sabão é suficiente para destruir qualquer traço do vírus, possibilitando a sua reutilização, ao invés de copos plásticos descartáveis.
“Existe uma tentativa das
corporações, impulsionada pela pandemia, de liberar novamente o uso de
descartáveis em lugares onde já havia sido banido, para continuar a alta
produção desse tipo de plástico. Entretanto, o plástico, além dos impactos
ambientais, é um dos materiais nos quais por mais tempo permanece o
coronavírus. Existem formas mais saudáveis e menos custosas que teria um
resultado maior”, alerta o Coordenador de Programa e Projetos da Fundação
Heinrich Böll, Marcelo Montenegro.
Em dados recentes divulgados
pela Abrelpe, a média de consumo plástico aumentou mais de 25% durante a
pandemia. O número tem contribuição significativa dos serviços de delivery, que
viram os valores gastos com pedidos crescerem 95% entre janeiro e maio deste
ano, em comparação com o ano anterior.
“Estamos tendo mais contato com plásticos do que com pessoas durante a quarentena. E grande parte são descartáveis de uso único que não podem ser reciclados, causando um verdadeiro tsunami plástico”, afirma Montenegro.
Plástico de uso único ganha força em meio à pandemia.
Nota 1: publicação do Atlas
do Plástico está disponível para download em https://br.boell.org/atlasdoplastico.
Nota 2: Todos os dados
presentes no Atlas do Plástico foram checados pela Lupa, a primeira agência de
notícias do Brasil a se especializar na técnica jornalística mundialmente
conhecida como fact-checking. Além disso, os textos são assinados por
especialistas e pesquisadores do assunto. (ecodebate)



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