sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Evidências da presença de microplástico na placenta humana

Estudo encontra evidências da presença de microplástico na placenta humana.
No último século, a produção global de plástico chegou à marca de 320 milhões de toneladas por ano.

Agora, um estudo inédito realizado por pesquisadores de diferentes instituições médicas e acadêmicas da Itália encontrou as primeiras evidências da presença de microplástico na placenta humana.

Para a médica Jordanna Leão, que tem mais de 10 anos de experiência com acompanhamento fetal, o resultado é alarmante e reforça a importância de mudar a concepção que se tem do papel da gestante ao longo da gravidez.

De acordo com pesquisa italiana, 12 fragmentos foram encontrados nas placentas de 4 das 6 gestantes que forneceram material para o estudo. O microplástico é uma partícula com menos de cinco milímetros originada da degradação do plástico presente no ambiente.

Risco no excesso de cosméticos

Embora sejam necessárias mais evidências para definir o impacto desse material na gestação, acredita-se que ele possa ter influência no desenvolvimento do feto, em sua reação imunológica e na preparação da mãe. Segundo Jordanna Leão, alguns números em torno da gravidez são preocupantes e podem estar relacionados a essa descoberta.

Hoje uma em cada quatro mulheres entra em depressão pós-parto no Brasil e menos de 40% consegue amamentar exclusivamente. Se pensarmos bem, a depressão pós-parto é a não transformação da mente da mulher. Como mamíferos, nossa mente precisa se transformar para que nosso corpo acompanhe essa mudança, mas isso não acontece quando a gente não tem tudo que precisa ou quando somos bombardeados de substâncias e informações”, argumenta.

Para a médica, isso tem relação com o uso excessivo de produtos cosméticos, mesmo durante a gestação. Os dados da pesquisa italiana reforçam que o material encontrado nas placentas analisadas também é bastante presente em itens como cremes para o corpo, unhas em gel, esmaltes, entre outros.

No mesmo sentido, Jordanna reforça que o número de gestantes que ela observa em seu consultório fazendo uso excessivo desses produtos é alto. “Muitas vezes, recebo pacientes no consultório que têm dificuldade de realizar o exame de oximetria porque estão com unhas em gel tão grandes que não cabem no aparelho”, relata.

Importância de mudar o comportamento

Diante da experiência acumulada em mais de uma década de acompanhamento fetal, a médica afirma que o comportamento das gestantes em relação ao papel que desempenham na gravidez precisa ser revisto.

Ela explica que é comum que a mãe ache que seus hábitos se resumem a garantir que o feto não corra risco de morte, mas destaca que isso não é suficiente. Diante dos impactos causados pelos microplásticos, Jordanna aconselha que o uso seja drasticamente reduzido, tanto pelo risco de contaminação como pelo efeito causado na própria gestante.

Ela enche seu corpo de cremes e produtos repletos de plástico, parabenos e outras substâncias que causam disrupção endócrina. Isso acontece porque esses cosméticos fingem ser um tipo de hormônio, mas não fazem a função hormonal”, explica.

Indo além, a médica argumenta que, embora sejam necessários novos estudos, é possível que o material que chegou à placenta também esteja presente em outros tecidos da gestante, causando efeitos nocivos ao seu desenvolvimento para a maternidade que podem ser determinantes para a saúde do bebê e para a relação da mãe.

O que vamos começar a ver é que o mundo moderno mudou bastante. É preciso entender a importância dos cuidados, de não usar qualquer creme, de evitar as unhas em gel, enfim, de ser o mais natural possível”, completa. (ecodebate)

Nenhum comentário:

Branqueamento dos corais ameaça os ecossistemas marinhos

Foto de Enrico Marcovaldi para o Concurso Coral Vivo As mudanças climáticas estão transformando a Terra. Estamos vivendo o “susto” de ver as...