Um estudo inédito está
escancarando a responsabilidade dos principais bancos do mundo pela atual crise
de poluição por plástico.
As instituições financeiras
concederam de 2015 a 2019 um total de US$ 1,7 trilhões (valor superior ao atual
PIB do Brasil) ou US$ 790 milhões por
dia a 40 empresas do setor de embalagens plásticas.
Vinte bancos, em sua maioria
dos EUA e da Europa, forneceram mais de 80% desse financiamento (US$ 1,4
trilhões). Os dez maiores financiadores foram Bank of America, Citigroup,
JPMorgan Chase, Barclays, Goldman Sachs, HSBC, Deutsche Bank, Wells Fargo, BNP
Paribas e Morgan Stanley. Juntos, eles foram responsáveis por 62% das finanças
identificadas.
A pesquisa, intitulada
Bankrolling Plastics, foi publicada este mês pela ONG internacional
portfolio.earth, que tem apresentado diversos estudos sobre a origem dos
recursos que financiam a crise climática mundial. A organização defende que os
bancos reduzam radicalmente o impacto de suas atividades sobre a natureza.
Nenhuma das instituições
analisadas pela pesquisa tem sistemas de due diligence, critérios de empréstimo
contingente ou exclusões de financiamento para o setor de plástico. Por
exemplo, nenhum banco investigado fez seu financiamento depender de políticas
para reduzir a quantidade de plástico virgem ou favorecer a reutilização e a
reciclagem.
“Os bancos ficaram muito atrás dos outros atores que contribuem para a crise da poluição do plástico”, avalia a porta-voz da portfolio.earth, Liz Gallagher. “Eles desenvolveram um número limitado de políticas para o financiamento de combustíveis fósseis e produtos florestais, mas nada sobre o plástico”.
Para Robin Smale, diretor da Vivid Economics, os empréstimos bancários à cadeia de fornecimento de plásticos causam e contribuem para a poluição do meio ambiente. “Os bancos precisam mitigar seu papel na poluição do plástico de várias maneiras, por exemplo, alinhando suas carteiras de empréstimos com a política pública de redução, reutilização e reciclagem de plásticos e cessando o financiamento de novas plantas que utilizam matéria-prima virgem para produzir embalagens plásticas de uso único”, afirma.
“A poluição do plástico é um
problema enorme no norte de Bali, Indonésia, porque itens de uso único
substituíram materiais naturais e biodegradáveis nas últimas décadas”, afirma o
pesquisador Zach Boakes, cofundador da organização North Bali Reef
Conservation. “Apesar dos esforços incansáveis de grupos comunitários e ONGs, a
maioria do plástico acaba sendo queimado ou jogado em rios locais, poluindo
ecossistemas frágeis. Precisamos que os bancos acabem com seu financiamento da
indústria do plástico para o bem dos jovens e comunidades em Bali e em todo o
resto do mundo”.
O diretor do Programa de
Plástico e Mercado Financeiro da Planet Tracker, Gabriel Thoumi, faz um alerta:
“Para a indústria de plásticos descartáveis – da produção, ao uso, ao fim da
vida útil – os investidores inteligentes passarão a modelar com precisão os
riscos ambientais em suas estratégias de investimento”.
Relatório apresenta uma série
de recomendações para que as instituições financeiras reduzam suas
responsabilidades pela crise de poluição por plástico:
● O financiamento bancário de
atores corporativos dentro da cadeia de fornecimento de embalagens plásticas
deve depender da implementação das melhores práticas por parte das empresas.
● Governos devem reescrever
regras de financiamento para responsabilizar os bancos pelos danos causados por
seus empréstimos.
● Companhias devem adotar as melhores práticas internacionais para reduzir a produção e o uso de plástico virgem e aumentar a reutilização dos produtos de embalagens plásticas.
Sobre o relatório Bankrolling Plastics
Os dados brutos para a
análise de empréstimos e finanças foram encomendados à organização Profundo e a
análise final foi auditada pela Vivid Economics . (ecodebate)
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