sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

Década 2011/20 a mais quente do Holoceno

A década 2011-20 foi a mais quente do Holoceno.

“As mudanças climáticas são uma ameaça existencial de médio prazo à civilização humana” - Nafeez Ahmed (03/06/2019).

O aquecimento global é uma realidade inexorável. A década de 2011/20 foi a mais quente desde o início do Holoceno (últimos 12 mil anos) e também aquela que apresentou a maior tendência de aumento da temperatura.

O gráfico abaixo mostra que a temperatura média das décadas entre 1880 e 1940 estava abaixo da média do século XX. As décadas de 1950 e 1960 ficaram próximas da média do século. Mas, a partir de 1970, as temperaturas subiram rapidamente. A primeira década do século XXI ficou 0,64ºC acima da média do século XX e a década de 2011/20 ficou 0,82ºC acima da média do século passado, conforme mostra o gráfico.
Os últimos 7 anos – que ocorreram entre 2014 e 2020 – foram os mais quentes da série histórica, conforme mostra o gráfico abaixo. O ano de 2014 apresentou temperatura 0,74ºC acima da média do século XX, mas os anos de 2016 e 2020 apresentaram temperaturas praticamente 1ºC acima da média do século XX, o que representa cerca de 1,25ºC acima do período pré-industrial.
O gráfico abaixo mostra que o mundo ruma para a temperatura mais alta dos últimos 5 milhões de anos. A última vez que a temperatura ultrapassou os 2ºC, no Planeta, foi no período Eemiano (há cerca de 120 mil anos) e provocou o aumento do nível dos oceanos em algo como 5 a 9 metros. Tudo indica que a temperatura no século XXI vai ultrapassar os 2ºC em relação ao período pré-industrial. Isto pode ocorrer até 2040 e os prejuízos poderão ser incalculáveis.
Se o aquecimento global continuar no ritmo atual, a civilização estará no rumo de uma catástrofe. E o mais grave é que a autodestruição humana pode levar junto milhões de espécies que nada tem a ver com os erros egoísticos dos seres que se julgam superiores e os mais inteligentes do Planeta. A humanidade pode estar rumando para o suicídio, podendo também gerar um ecocídio e um holocausto biológico de proporções épicas.

O aquecimento global derrete o gelo dos polos, da Groenlândia e dos glaciares elevando o nível do mar e deixando bilhões de pessoas afetadas pela invasão da água salgada e escassez da água potável. A acidificação e a morte dos oceanos vai ter um impacto devastador para a humanidade. O aquecimento e a acidificação também vai afetar a agricultura e o preço dos alimentos deve subir, aumentando a insegurança alimentar e acendendo uma centelha capaz de incendiar grandes mobilizações de massa.

Para mitigar o aquecimento global, libertar-se dos combustíveis fósseis é essencial. Não basta mudar a matriz energética, descarbonizar a economia e promover uma maquiagem verde no processo de produção e consumo. É preciso, urgentemente, colocar na ordem do dia o debate sobre os meios de se promover o decrescimento das atividades antrópicas. A meta de redução da pobreza deve ser alcançada pelo decrescimento das desigualdades sociais e não pelo crescimento demoeconômico desenfreado.

O ano de 2020 está a caminho de ser o mais quente do Antropoceno.

O Holoceno (os 12 mil anos antes da Revolução Industrial e Energética) foi um período de estabilidade climática e de abundância de serviços ecossistêmicos. Em certo sentido, algo parecido com a imagem luminosa e idílica do paraíso.

Até a elite econômica de Davos/Suíça, reconhece a gravidade da situação ecológica. O relatório do Fórum Econômico Mundial, de janeiro/2020, afirma que a crise climática é o maior risco global, pois se nos anos anteriores os problemas econômicos eram considerados as maiores ameaças, agora os temores de colapso climático ficaram no centro do palco. Percepções de risco se desviaram para condições climáticas extremas, desastres ambientais, perda de biodiversidade, catástrofes naturais e falha na mitigação das mudanças do clima. Uma das estrelas do evento foi Greta Thunberg que reforçou a demanda pelo fim do uso dos combustíveis fósseis.

Assim, é preciso evitar a procrastinação e a inação. A 6ª extinção em massa das espécies e o agravamento do aquecimento global são apenas o prelúdio de um colapso ecossocial que se vislumbra no horizonte. O aquecimento global é a maior ameaça existencial à humanidade. Assim como existe uma emergência de saúde pública (por conta do coronavírus), existe também uma emergência climática por conta do aumento da temperatura global.

O Holoceno está para o ‘paraíso’ assim como o Antropoceno está para o ‘inferno’

A humanidade abandonou a estabilidade climática do Holoceno e criou o Antropoceno que é uma Era marcada pelo aquecimento global e pela 6ª extinção em massa das espécies.

O mundo precisa aprender com o trauma da covid-19 e acordar para a urgência de se resolver os problemas ambientais do século XXI. Senão, como mostrou o jornalista David Wallace-Wells, teremos uma “Terra inabitável”. (ecodebate)

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