Mudanças
climáticas extinguiram os maiores animais da América do Norte.
Um novo
estudo publicado na Nature Communications sugere que a extinção dos maiores
mamíferos da América do Norte ocorreu pela crescente ação humana naquela parte
do continente. De acordo com a pesquisa, a principal causa seriam as mudanças
climáticas — reduções drásticas de temperatura ocorridas 13 mil anos atrás
teriam iniciado o declínio e a extinção dessas enormes criaturas.
Aquela
região do continente era o lar de seres enormes e exóticos, como mamutes,
preguiças gigantes terrestres, castores e os chamados gliptodontes, que eram
uma espécie de tatu de grandes proporções. Só que, por volta de 10 mil anos
atrás, a maioria dos animais acima de 44 kg, chamados de megafauna, já havia
desaparecido.
Especialistas
do Grupo de Pesquisa de Eventos Extremos do Instituto Max Planck em Jena, na
Alemanha, queriam descobrir o que levou a essas extinções, já que tópico tem
sido debatido por décadas. A maioria dos pesquisadores acredita que a extinção
se deu graças à caça humana excessiva, porém, com a nova abordagem, os
cientistas encontraram fortes evidências de que as mudanças climáticas foram o
principal fator de extinção.
Por volta da época das extinções (entre 15 mil e 12 mil anos atrás), houve duas grandes alterações no clima. A primeira foi um período de aquecimento abrupto que começou há cerca de 14.700 e a segunda, uma onda de frio há cerca de 12.900 anos, durante a qual o Hemisfério Norte voltou a condições quase glaciais. Ao menos uma dessas variações e suas consequências ecológicas teriam sido responsáveis pela extinção dos animais gigantes, de acordo com o estudo.
Ilustração mostra como seria ambiente na Era do Gelo com mamute, cavalo selvagem, bisão e boi almiscarado.
Há 12
mil anos, humanos e clima quente extinguiram animais.
"Uma
abordagem comum tem sido tentar determinar o momento das extinções da megafauna
e ver como elas se alinham com a chegada humana nas Américas ou algum evento
climático", diz, em nota, Mathew Stewart, coautor do estudo. "No
entanto, a extinção é um processo — o que significa que se desenrola ao longo
de certo período — e para entender o que causou o fim da megafauna da América
do Norte é fundamental que entendamos como suas populações flutuaram no caminho
até a extinção".
De
acordo com Stewart, as populações da megafauna parecem ter aumentado à medida
que o continente começou a aquecer, a tendência se inverteu com a mudança
drástica para o frio. Para testar essas hipóteses conflitantes, autores usaram
uma nova abordagem estatística desenvolvida por W. Christopher Carleton,
coautor do estudo, e publicada em 2020 no Journal of Quaternary Science.
O
método usa o registro de radiocarbono para estimar o tamanho de populações
anteriores. O raciocínio é que quanto mais animais e humanos estiverem
presentes em um local, mais carbono datável é deixado para trás depois que eles
desaparecem, o que se reflete, então, nos registros arqueológicos e fósseis.
"Devemos considerar as mudanças ecológicas associadas às climáticas em escala continental e regional se quisermos ter uma compreensão adequada do que levou a essas extinções", explica o líder do grupo, Huw Groucutt, autor sênior do estudo. "Os humanos também não estão completamente isentos de responsabilidade, pois é possível que tenham desempenhado um papel mais matizado nas extinções da megafauna do que sugerem os modelos".
Mamute que viveu há 39.000 anos na Sibéria.
Os
mamutes desapareceram quando já estavam feridos de morte há milênios.
Uma
análise do genoma de um mamute mostra que mutações impediram a espécie de
sobreviver. (revistagalileu.globo)
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