Nas palavras de Alexandre Pessoa, engenheiro sanitarista e professor-pesquisador da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, da Fundação Oswaldo Cruz (EPSJV/Fiocruz), a crise sanitária decorrente da pandemia de covid-19 e a crise hídrica são algumas das faces da crise ambiental que o mundo vive.
No Brasil, essa crise do meio ambiente é representada pelos “grandes impactos socioambientais decorrentes de desmatamento, garimpo ilegal na Amazônia, o tráfico de animais, os incêndios no Pantanal, e mesmo o avanço das monoculturas que são hidro intensivas, consomem muita água e poluem o ambiente com a utilização ampla de agrotóxicos”, como aponta Pessoa.
Crise sanitária
Ainda em 2016, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) apontou os surtos de doenças transmitidas entre animais e seres humanos, conhecidas como doenças zoonóticas, como uma doença global. De fato, a cada três doenças infecciosas que surgem anualmente, 75% são zoonóticas. Um exemplo é a covid-19.
Com a degradação do meio ambiente e das barreiras naturais de proteção entre animais e seres humanos, a transmissão entre ambos se faz mais presente. Foi isso que possibilitou o surgimento da SARS-CoV-2 da forma como se apresentou aos seres humanos.
Outra faceta da crise
ambiental é a crise hídrica, tanto em termos quantitativos quanto qualitativos.
No Brasil, o cenário vivido pelos cariocas é o que melhor representa, de acordo
com Pessoa, a crise hídrica quando o assunto é qualidade, devido à concentração
de geosmina no Rio Guandu, que fornece a maior parcela de água para a população
do Rio de Janeiro.
Um boletim da Companhia
Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) mostrou que a concentração de geosmina na
água tratada do Guandu bateu o recorde deste ano. “A causa da geosmina, como é
sabido, é decorrente da proliferação acelerada de cianobactérias, que produzem
diversos metabólitos, substâncias que vão para os mananciais e conferem gosto e
odor”, afirma o pesquisador. Por sua vez, as cianobactérias se proliferam em
ambientes aquáticos poluídos por esgotos e efluentes industriais.
“Proteger a natureza e os rios é proteger as populações humanas. A constituição diz que a saúde é direitos de todos e dever do Estado. Portanto, diante da covid e da insegurança hídrica, é função do Estado promover a proteção social, porque as mortes são evitáveis”, conclui Pessoa.
Ouça a entrevista na íntegra em https://soundcloud.com/epsjv_fiocruz/crises-sanitaria-e-hidrica-sao-faces-da-exploracao-do-meio-ambiente-diz-pesquisador (ecodebate)
Nenhum comentário:
Postar um comentário