Cumprir as metas climáticas
mundiais pode evitar que as populações das regiões tropicais enfrentem
episódios de “calor insuportável”.
“O calor extremo, em
consequência do aquecimento global, é uma questão preocupante para a crescente população
tropical”, diz novo estudo publicado em 08/03/21, na revista científica Nature
Geoscience.
Regiões tropicais do planeta
podem atingir ou mesmo exceder os limites suportados pela vida humana, devido
às alterações climáticas. O aumento do calor e da umidade ameaça, assim,
submeter grande parte da população mundial a condições potencialmente letais.
Se não conseguirmos limitar o
aquecimento global a 1,5°C, as faixas tropicais que se estendem em ambos os
lados do Equador correm o risco de se transformar num novo ambiente que
atingirá “os limites da habitabilidade humana”, adverte a pesquisa.
Desenvolvido pela
Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, o estudo lembra que a capacidade
de o ser humano “arrefecer” o seu corpo depende de certas condições de
temperatura e umidade do ar.
Como explicam os cientistas,
há um limite de sobrevivência além do qual uma pessoa já não consegue regular a
sua temperatura corporal com eficácia. Esse limite é excedido quando o
denominado termômetro de bulbo úmido (WBGT, a temperatura mais baixa que pode
ser alcançada apenas pela evaporação da água), indica que a temperatura e a
umidade do ar ultrapassam os 35°C.
Isto é, temos uma temperatura corporal que permanece relativamente estável em 37°C, enquanto a nossa pele é mais fria para permitir que o calor flua.
Aquecimento global pode tornar regiões tropicais inabitáveis para o ser humano.
Mas se a temperatura do bulbo
úmido exceder os 35°C, o corpo torna-se incapaz de se resfriar. “Se estiver
demasiadamente úmido, o nosso corpo não consegue arrefecer evaporando o suor –
é por isso que a umidade é importante quando consideramos a habitabilidade em
um local quente”, disse ao Guardian Yi Zhang, investigador da Universidade de
Princeton que conduziu o novo estudo.
“As altas temperaturas são
perigosas ou mesmo letais”, acrescentou.
Nesse sentido, os
especialistas concluíram que o aumento da temperatura tem de ser limitado a
1,5°C para evitar que as regiões dos trópicos ultrapassem os 35°C na
temperatura do bulbo úmido.
Considerando o atual contexto
de aquecimento global, os autores alertam que essas regiões podem experimentar
“eventos de calor extremo” nos próximos anos, que podem exceder o “limite de
segurança”.
Cumprir metas climáticas é
solução
As condições perigosas e
“intoleráveis” nos trópicos podem ocorrer ainda antes do limiar de 1,5°C.
O mundo já aqueceu, em média,
cerca de 1,1°C nos últimos anos, e embora os governos tenham prometido, no
acordo climático de Paris, manter as temperaturas a 1,5°C, os cientistas têm
alertado que esse limite pode ser ultrapassado dentro de uma década.
Isso tem implicações
potencialmente negativas para milhões de pessoas, cerca de 40% da população
mundial vivem, atualmente, em países tropicais, sendo que essa proporção deverá
aumentar para metade da população mundial até 2050.
“Pode-se pensar neste
termômetro do bulbo úmido como uma imitação do processo de arrefecimento da
pele humana por meio da evaporação do suor – é por isso que é relevante para o
stress térmico dos nossos corpos”, explicou Zhang.
A investigação de Princeton
centrou-se em regiões tropicais, em latitudes entre 20 graus a norte do
Equador, uma linha que corta o México, a Líbia e Índia, até 20 graus ao sul,
que passa pelo Brasil, Madagascar e o norte da Austrália. (ecodebate)
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