segunda-feira, 5 de abril de 2021

Trópicos podem tornar-se inabitáveis com aquecimento global

Os trópicos podem tornar-se inabitáveis com aquecimento global, diz estudo.
Trópicos podem tornar-se inabitáveis para o ser humano se não conseguirmos limitar o aquecimento global a 1,5°C, alertam os cientistas.

Cumprir as metas climáticas mundiais pode evitar que as populações das regiões tropicais enfrentem episódios de “calor insuportável”. 

“O calor extremo, em consequência do aquecimento global, é uma questão preocupante para a crescente população tropical”, diz novo estudo publicado em 08/03/21, na revista científica Nature Geoscience.

Regiões tropicais do planeta podem atingir ou mesmo exceder os limites suportados pela vida humana, devido às alterações climáticas. O aumento do calor e da umidade ameaça, assim, submeter grande parte da população mundial a condições potencialmente letais.

Se não conseguirmos limitar o aquecimento global a 1,5°C, as faixas tropicais que se estendem em ambos os lados do Equador correm o risco de se transformar num novo ambiente que atingirá “os limites da habitabilidade humana”, adverte a pesquisa.

Desenvolvido pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, o estudo lembra que a capacidade de o ser humano “arrefecer” o seu corpo depende de certas condições de temperatura e umidade do ar.

Como explicam os cientistas, há um limite de sobrevivência além do qual uma pessoa já não consegue regular a sua temperatura corporal com eficácia. Esse limite é excedido quando o denominado termômetro de bulbo úmido (WBGT, a temperatura mais baixa que pode ser alcançada apenas pela evaporação da água), indica que a temperatura e a umidade do ar ultrapassam os 35°C.

Isto é, temos uma temperatura corporal que permanece relativamente estável em 37°C, enquanto a nossa pele é mais fria para permitir que o calor flua.

Aquecimento global pode tornar regiões tropicais inabitáveis para o ser humano.

Mas se a temperatura do bulbo úmido exceder os 35°C, o corpo torna-se incapaz de se resfriar. “Se estiver demasiadamente úmido, o nosso corpo não consegue arrefecer evaporando o suor – é por isso que a umidade é importante quando consideramos a habitabilidade em um local quente”, disse ao Guardian Yi Zhang, investigador da Universidade de Princeton que conduziu o novo estudo.

“As altas temperaturas são perigosas ou mesmo letais”, acrescentou.

Nesse sentido, os especialistas concluíram que o aumento da temperatura tem de ser limitado a 1,5°C para evitar que as regiões dos trópicos ultrapassem os 35°C na temperatura do bulbo úmido.

Considerando o atual contexto de aquecimento global, os autores alertam que essas regiões podem experimentar “eventos de calor extremo” nos próximos anos, que podem exceder o “limite de segurança”.

Cumprir metas climáticas é solução

As condições perigosas e “intoleráveis” nos trópicos podem ocorrer ainda antes do limiar de 1,5°C.

O mundo já aqueceu, em média, cerca de 1,1°C nos últimos anos, e embora os governos tenham prometido, no acordo climático de Paris, manter as temperaturas a 1,5°C, os cientistas têm alertado que esse limite pode ser ultrapassado dentro de uma década.

Isso tem implicações potencialmente negativas para milhões de pessoas, cerca de 40% da população mundial vivem, atualmente, em países tropicais, sendo que essa proporção deverá aumentar para metade da população mundial até 2050.

“Pode-se pensar neste termômetro do bulbo úmido como uma imitação do processo de arrefecimento da pele humana por meio da evaporação do suor – é por isso que é relevante para o stress térmico dos nossos corpos”, explicou Zhang.

“Quanto mais seco for o ambiente, mais eficaz é a evaporação e menor a temperatura do bulbo úmido”, acrescentou.
Aquecimento global pode tornar trópicos do planeta Terra inabitável ao ser humano.

A investigação de Princeton centrou-se em regiões tropicais, em latitudes entre 20 graus a norte do Equador, uma linha que corta o México, a Líbia e Índia, até 20 graus ao sul, que passa pelo Brasil, Madagascar e o norte da Austrália. (ecodebate)

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