Ferramenta Teórica de Consumo Sustentável para Compreender o Comportamento do Consumidor.
O consumo está no centro dos debates econômicos, sociais, ecológicos, éticos e de cidadania ecológica (consumidor-cidadão/consumidor-ecológico), que está sendo cada vez mais desafiado pelos movimentos consumistas e anticonsumo (FORNO; GRAZIANO/2014; RODRIGUES/2020).
De
acordo com uma pesquisa realizada pela Delpal e Hatchuel/2007, 44% dos
consumidores relatam que consideram questões de conscientização social ao
comprar. Por exemplo, não compra produtos envolvendo trabalho infantil, que não
causa sofrimento aos animais e que reduz a poluição, 61% estão dispostos a
pagar 5% a mais para respeitar tais compromissos, 31% boicotaram um determinado
produto em algum momento e 52% compraram produto comprometido com a questão
social nos últimos seis meses. A sensibilidade aos aspectos éticos do consumo
também aumentou, principalmente entre os consumidores mais jovens, de 6% para
15% desde 2002. Embora esses números pareçam promissores, uma quantidade
substancial da população maior continua ignorando ou opta por não se envolver
em práticas de consumo sustentável (LIM/2017).
Por
exemplo, em média, 46% dos europeus afirmam estar dispostos a pagar um preço
mais alto por produtos éticos MORI/2000, mas ao mesmo tempo a maioria dos
produtos com iniciativas éticas de rotulagem. O exemplo, de alimentos
orgânicos, produtos livres de trabalho infantil, madeira legalmente registrada,
produtos de comércio justo, geralmente têm uma participação de mercado inferior
a 1% (MACGILLIVRAY/2000). Além disso, as economias industrializadas, que
representam apenas 23% da população mundial, consomem mais de 77% de seus
recursos, incluindo 72% de toda a energia e geram aproximadamente 80% da
poluição global (TOLBA, 2001).
Peattie
e Collins/2009, argumentam que muitos consumidores têm dificuldade em consumir
de forma sustentável principalmente porque os atos de consumo e consumo
sustentável são contraditórios uns aos outros. Isso levanta uma questão-chave:
o conceito de consumo sustentável é teoricamente coerente e praticamente
acionável para os consumidores, seja como um grupo coletivo ou como indivíduos?
Para
identificar ações transformadoras para o discurso do desenvolvimento
sustentável, é evidente a necessidade imperativa de uma conceituação
estabelecida do consumo sustentável. Tanto governos quanto organizações não
governamentais presentes na Cúpula da Terra/1992, concordaram que grandes
mudanças nos padrões atuais de consumo eram necessárias para resolver os problemas
globais do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável (REISCH; SCHERHORN/1998).
Isso leva à pergunta: O que é consumo sustentável?
Peattie
e Collins/2009, afirmam que o consumo pelo qual cada indivíduo consome é
equivale a 2,1 hectares globais. Eles, argumentam que esta não é a única
resposta possível. Em particular, a pesquisa sobre sustentabilidade representa
uma ampla gama de questões sociais e ambientais (GORDON et al/2011; PEATTIE/2001;
SHAW; NEWHOLM/2002; RODRIGUES/2020). Alguns pesquisadores têm se esforçado para
focar em questões de sustentabilidade específicas, como as mudanças climáticas
(para PERRY/2006; ROBINSON et al/2006; SCOTT; MCBOYLE; MINOGUE; MILLS/2006), a
pobreza global (para ONUCHE/2010; WACHS/2010). Além disso, a pesquisa sobre
consumo às vezes é representada por todo o processo de consumo (para COUGHLAN;
MACREDIE; PATEL/2011; DUBE; MORGAN/1998; YANG; MAO; PERACCHIO/2012), às vezes
por etapas específicas, como pesquisa de informações (para SCHMIDT; SPRENG/1996),
Compra (para JI; WOOD/2007), e descarte de produtos (para COOPER/2005).
Todavia,
se voltarmos à noção de desenvolvimento sustentável, popularizada após a
publicação do Relatório Brundtland (Comissão Mundial de Meio Ambiente e
Desenvolvimento, 1987), o consumo sustentável deve atender às necessidades e
desejos atuais a um nível e de uma forma que possa ser continuada
indefinidamente, sem empobrecer as gerações futuras e a capacidade do planeta
de atender a essas necessidades e desejos.
Para o Programa das Nações Unidas, o consumo sustentável compreende várias questões fundamentais, incluindo atender às necessidades, melhorar a qualidade de vida, melhorar a eficiência, minimizar o desperdício, ter uma perspectiva de ciclo de vida e contabilizar a dimensão da equidade, tanto para as gerações atuais quanto para as futuras, ao mesmo tempo em que reduz continuamente os danos ambientais e o risco à saúde humana (MANOOCHEHRI/2001).
No evento sobre Consumo Sustentável, na cidade de Olso, Noruega, em 1994, consumo sustentável foi definido como o uso de bens e serviços que atendam às necessidades básicas e trazem uma qualidade de vida, enquanto minimizam o uso de recursos naturais, materiais tóxicos e emissões de resíduos e poluentes através do ciclo de vida, de forma a não por em perigo as necessidades das gerações futuras.
Segundo
Dolan/2002, a suposição é que quando as pessoas consomem além dessas
necessidades, elas estão sendo irracionais, gananciosas, imorais e manipuladas.
Também proeminente ao longo dessas conceituações é o desejo de manter as
necessidades atuais sem comprometer a capacidade das gerações futuras de
atender às suas necessidades (DOLAN/2002).
Pesquisadores
acadêmicos também definiram o consumo sustentável de diferentes formas. Para
Charrier/2009, define consumo sustentável como simplicidade voluntária. Gregg/2009
é um modo de vida que rejeita o consumismo, particularmente o alto consumo e
estilos de vida materialistas.
Para
Hume/2010, o consumo sustentável é um conceito que vai além da compreensão tradicional
do consumismo, descreve como coleta e compra de materiais para aumentar a
felicidade e a posição social. Especificamente, o ato de consumir de forma
sustentável envolve um processo de tomada de decisão que responde pela
responsabilidade social do consumidor, além das necessidades e desejos
individuais (VERMEIR; VERBEKE/2006).
Talvez
uma definição mais concreta venha de Jackson/2003, que se refere ao consumo
sustentável como consumo que suporta a capacidade das gerações atuais e futuras
de atender às suas necessidades sem causar danos irreversíveis ao meio ambiente
ou à perda de função nos sistemas naturais.
Schor/2010/2012,
ligou o ato de consumir de forma sustentável a plenitude de consumo, que
responde pela responsabilidade ambiental e social do consumidor, além de
necessidades individuais e desejos sobre o consumo, como solução para
incentivar a sustentabilidade.
Lim/2016,
argumenta que não há solução universal para a sustentabilidade. Em vez disso, a
sustentabilidade, como agenda, precisa ser continuamente alimentada, adotando
uma abordagem adaptativa, equilibrada e contextualizada na elaboração de
estratégias para alcançar os objetivos de determinadas dimensões em qualquer
definição de sustentabilidade e de seus conceitos relacionados com o consumo
sustentável, a ausência dessa perspectiva impede a realização da
sustentabilidade. Exemplo, da realização humana e a sobrevivência.
Para
Lim/2017, as ideologias de progresso e racionalidade tem uma perspectiva de
ciclo de vida e equitativa para identificar o consumo sustentável como uma
abordagem adaptativa, equilibrada e contextualizada do consumo. A seguir:
1.
Atende às necessidades básicas da geração atual;
2.
Não empobrece as gerações futuras;
3.
Não causa danos irreversíveis ao meio ambiente;
4.
Não cria perda de função nos sistemas naturais (sistemas de valor ecológico e
humano);
5.
Melhora a eficiência do uso dos recursos;
6.
Melhora a qualidade de vida;
7.
Evita o consumismo e o hiperconsumo moderno.
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