“Eu juro, é pior do que você
pensa” - David Wallace-Wells no livro “A Terra inabitável”
A concentração de CO2
na atmosfera está chegando ao nível equivalente ao que existia há 15 milhões de
anos e continua crescendo de maneira sem precedentes, a despeito da covid-19 e
da recessão econômica ocorrida em 2020.
A desaceleração industrial
devido à pandemia não reduziu os níveis recordes de gases de efeito estufa que
estão prendendo o calor na atmosfera, aumentando as temperaturas, elevando o
clima aos extremos, derretimento do gelo, aumento do nível do mar e
acidificação dos oceanos, de acordo com a NOAA (Administração Nacional Oceânica
e Atmosférica dos EUA).
A previsão de aumento do dióxido de carbono para 2021 da NOAA (Mauna Loa) é de 2,29 (mais ou menos 0,55) ppm, o que implica uma concentração de 419,3 (+ ou – 0,6) ppm, o que significa que o CO2 atmosférico atingirá níveis 50% maiores do que as concentrações pré-industriais em 2021, conforme o gráfico abaixo. Desta forma, o dióxido de carbono continuará a se acumular na atmosfera em 2021 devido às emissões contínuas da queima de combustível fóssil, mudança no uso da terra e produção de cimento. Prevê-se que o aumento anual deste ano seja menor do que nos anos mais recentes, devido a um fortalecimento temporário do sumidouro de carbono da terra associado às atuais condições do La Niña.
Artigo de Ayesha Tandon, no Carbon Brief (08/03/2021), mostra que os “sistemas alimentares” foram responsáveis por 34% de todas as emissões de gases de efeito estufa causadas pelo ser humano em 2015, de acordo com uma nova pesquisa. O estudo, publicado na revista Nature Food, desenvolve o primeiro banco de dados a decompor as emissões de cada etapa da cadeia alimentar para todos os anos de 1990 a 2015. O banco de dados também descompacta as emissões por setor, gás de efeito estufa e país. De acordo com o estudo, 71% das emissões de alimentos em 2015 vieram da agricultura e “uso do solo associado e atividades de mudança no uso do solo”. O restante foi proveniente de varejo, transporte, consumo, produção de combustível, gestão de resíduos, processos industriais e embalagem. O estudo constata que o CO2 é responsável por cerca de metade das emissões relacionadas com alimentos, enquanto o metano (CH4) representa 35% – principalmente da produção animal, agricultura e tratamento de resíduos. As emissões do setor de varejo estão aumentando, conclui o estudo, e aumentaram 3 a 4 vezes na Europa e nos EUA entre 1990 e 2015.
O documento “World
Scientists’ Warning of a Climate Emergency” (BioScience, 05/11/2019) afirma
que: “O crescimento econômico e populacional está entre os mais importantes
fatores do aumento das emissões de CO2 em decorrência da combustão
de combustíveis fósseis”. Em consequência, diz o seguinte sobre a questão
demográfica: “Ainda crescendo em torno de 80 milhões pessoas por ano, ou mais
de 200.000 por dia, a população mundial precisa ser estabilizada – e,
idealmente, reduzida gradualmente – dentro de uma estrutura que garante a
integridade social” (Bongaarts e O’Neill 2018)”.
Concentração de CO2 na
atmosfera registra maior nível em 3 milhões de anos.
As emissões de gases de
efeito estufa (GEE) deveriam estar diminuindo, mas, ao contrário, o mundo
continua emitindo grande quantidade de GEE. Assim, o mundo pode caminhar para
uma situação de “Terra Estufa” e várias partes do Planeta podem ficar
inabitáveis. (ecodebate)
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