O mundo tem seguido um
caminho de progresso que é insustentável em termos ecológicos. A ideia do
desenvolvimento sustentável virou um oximoro e o tripé da sustentabilidade
(econômica, social e ambiental) virou um trilema (Martine e Alves, 2015).
O Conselho Consultivo de
Crise Climática (Climate Crisis Advisory Group – CCAG), em seu terceiro
relatório climático, divulgado no dia 25 de agosto, alerta para a urgência da
emergência climática e diz que reduzir a zero as emissões de gases de efeitos
(GEE) estufa até 2050 não é mais o suficiente para inverter as mudanças
climáticas. O relatório “The Final Warning Bell” diz que o planeta não atingirá
a meta estabelecida pelo Acordo de Paris em limitar o aquecimento global em até
1,5°C até o fim deste século, sendo que este limite poderá ser ultrapassado já
em 2030 e o limite de 2º pode ser ultrapassado antes de 2050 (CCAG,
25/08/2021).
O CCAG reúne 15 especialistas
do clima de 10 países diferentes. Neste novo documento, eles se basearam no 6º
Relatório do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), publicado
no início de agosto, onde cientistas alertam que as atuais metas de emissões
globais são insuficientes e que as estratégias devem seguir um padrão negativo,
ou seja, é necessário reduzir as emissões de gases de efeito estufa na
atmosfera numa velocidade muito maior.
De acordo com projeções do
IHME da Universidade de Washington (Vollset, 14/07/2020), a população mundial
deve alcançar o pico de 9,73 bilhões de habitantes em 2064 e iniciar uma fase
de decrescimento nos anos e décadas seguintes. Mas até lá a Pegada Ecológica
deve continuar crescendo e as emissões de gases de efeito estufa podem ter um
efeito de colocar o aquecimento global em uma rota de não retorno.
Por conseguinte, nunca
tivemos tantas evidências científicas para demonstrar que estamos no meio de
uma crise climática global. O referido relatório (CCAG, 25/08/2021) é
inequívoco ao dizer que as emissões antropogênicas de gases de efeito estufa já
colocaram em movimento mudanças irreversível durante séculos por vir. Por exemplo,
mesmo se pudermos limitar o aumento da temperatura para 1,5ºC isto comprometerá
as gerações futuras com um aumento do nível do mar global imparável de até 0,55
metros até o final do século. O degelo dos polos, da Groenlândia e dos
glaciares poderá fazer o nível do mar subir muito além de um metro no longo
prazo. As ondas letais de calor vão gerar mais mortes do que a emergência
sanitária da covid-19. Ou seja, se não conseguirmos limitar o aquecimento
global, os resultados serão catastróficos e muitas partes do mundo se tornariam
inabitáveis.
Entre 31/10 e 12/11/21
acontecerá a próxima Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP26) da ONU e,
nesta oportunidade, o CCAG pede aos líderes mundiais que mudem a ênfase de suas
metas de redução de gases de efeito estufa para as metas negativas e não apenas
reduzidas. Além disso, os pesquisadores do relatório ressaltam que esta é a
única maneira viável de reduzir os atuais níveis de gás carbônico para os
níveis pré-industriais. Se nada for feito o mundo pode caminhar para um colapso
ambiental sistêmico.
Outro alerta importante
ocorreu em no dia 04 de setembro de 2021 (Lukoye Atwoli et. al.). Mais de 200
revistas acadêmicas divulgam Editorial assinado por 19 cientistas dizendo:
“fracasso na luta contra o aquecimento é a maior ameaça à saúde global”, pois a
destruição da natureza aumenta mortalidade entre idosos, chance de problemas de
saúde, insegurança alimentar e risco de novas pandemias. Os dois primeiros
parágrafos do editorial dizem:
“A Assembleia Geral da ONU em setembro de 2021 reunirá os países em um momento crítico para organizar uma ação coletiva para enfrentar a crise ambiental global”. Eles se reunirão novamente na cúpula da biodiversidade em Kunming, China, e na Conferência das Partes sobre Mudança Climática da ONU (COP26) em Glasgow, Reino Unido. Antes dessas reuniões cruciais, nós – os editores de revistas de saúde em todo o mundo – pedimos uma ação urgente para manter os aumentos médios da temperatura global abaixo de 1,5°C, deter a destruição da natureza e proteger a saúde.
Crise da mudança climática mundial ou alerta de aquecimento global, hora de cuidar do nosso conceito de meio ambiente mundial.
A saúde já está sendo
prejudicada pelo aumento da temperatura global e pela destruição do mundo
natural, uma situação à qual os profissionais de saúde vêm chamando a atenção
há décadas. A ciência é inequívoca; um aumento global de 1,5°C acima da média
pré-industrial e a perda contínua de biodiversidade trazem risco de danos
catastróficos à saúde que serão impossíveis de reverter. “Apesar da preocupação
necessária do mundo com a Covid-19, não podemos esperar a pandemia passar para
reduzir rapidamente as emissões”. (ecodebate)
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