sábado, 29 de janeiro de 2022

Chuvas extremas desaceleram a economia global

Emergência Climática – Chuvas extremas desaceleram a economia global.
O crescimento econômico diminui quando o número de dias úmidos e de dias com chuvas extremas aumenta, segundo uma equipe de cientistas de Potsdam.

Os países ricos são os mais severamente afetados e, neste caso, os setores manufatureiro e de serviços, de acordo com seu estudo agora publicado como reportagem de capa na renomada revista científica Nature.

A análise de dados de mais de 1.500 regiões nos últimos 40 anos mostra uma conexão clara e sugere que a intensificação das chuvas diárias impulsionadas pelas mudanças climáticas pela queima de petróleo e carvão prejudicará a economia global.

“Trata-se de prosperidade e, em última análise, dos empregos das pessoas. As economias em todo o mundo são desaceleradas por mais dias úmidos e chuvas diárias extremas – uma visão importante que contribui para nossa crescente compreensão dos verdadeiros custos das mudanças climáticas”, diz Leonie Wenz, do Instituto Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático (PIK) e do Mercator Research Institute on Global Commons and Climate Change (MCC), que liderou o estudo.

“As avaliações macroeconômicas dos impactos climáticos até agora se concentraram principalmente na temperatura e consideraram – se for o caso – as mudanças nas chuvas apenas em escalas de tempo mais longas, como anos ou meses, perdendo assim o quadro completo”, explica Wenz. a precipitação é geralmente boa para as economias, especialmente as dependentes da agricultura, a questão é também como a chuva é distribuída ao longo dos dias do ano. A intensificação das chuvas diárias acaba sendo ruim, especialmente para países ricos e industrializados como EUA, Japão ou Alemanha”.

Uma análise global inédita dos efeitos das chuvas subnacionais

“Identificamos uma série de efeitos distintos na produção econômica, mas o mais importante realmente é de chuvas diárias extremas”, diz Maximilian Kotz, primeiro autor do estudo e também do Instituto Potsdam. “Isso ocorre porque os extremos de chuva são onde já podemos ver a influência das mudanças climáticas com mais clareza e porque estão se intensificando em quase todos os lugares do mundo”.

A análise avalia estatisticamente os dados da produção econômica subnacional para 1.554 regiões em todo o mundo no período 1979-2019, coletados e disponibilizados publicamente pela MCC e PIK. Os cientistas combinam isso com dados de chuva de alta resolução. A combinação de detalhes cada vez maiores em dados climáticos e econômicos é de particular importância no contexto da chuva, um fenômeno altamente local, e revelou os novos insights.

'Tanto os políticos quanto a população em geral devem entender que todos os elementos do sistema terrestre estão interligados', diz o cientista brasileiro Carlos Nobre.

A Groenlândia está localizada a mais de 8 mil quilômetros da Amazônia e a mais de 18 mil quilômetros da Antártida.

Como tragédia climática ‘dominó’ pode ter efeito irreversível da Amazônia à Groenlândia.

“É a chuva diária que representa a ameaça”

Ao carregar a atmosfera da Terra com gases de efeito estufa de usinas de energia fóssil e carros, a humanidade está aquecendo o planeta. O ar aquecido pode reter mais vapor de água que eventualmente se torna chuva. Embora a dinâmica atmosférica torne as mudanças regionais nas médias anuais mais complicadas, os extremos diários de chuva estão aumentando globalmente devido a esse efeito do vapor d’água.

“Nosso estudo revela que é precisamente a impressão digital do aquecimento global na precipitação diária que tem fortes efeitos econômicos que ainda não foram contabilizados, mas são altamente relevantes”, diz o coautor Anders Levermann, chefe do domínio Ciência da Complexidade do Instituto Potsdam, professor na Universidade de Potsdam e pesquisador do Observatório da Terra Lamont Doherty da Universidade de Columbia, em Nova York. “Examinar mais de perto as escalas de tempo curtas em vez das médias anuais ajuda a entender o que está acontecendo: é a precipitação diária que representa a ameaça. São mais os choques climáticos dos extremos climáticos que ameaçam nosso modo de vida do que as mudanças graduais. Ao desestabilizar nosso clima, prejudicamos nossas economias. Temos que garantir que nossa queima de combustíveis fósseis também não desestabilize nossas sociedades”.

Pessoas caminhando por uma estrada alagada em Zhengzhou, na província central chinesa de Henan, em 20/07/2020.

Crise ambiental avança e clima extremo desafia o mundo

A coincidência de fenômenos meteorológicos devastadores em diferentes pontos do planeta —do frio extremo no Brasil à onda de calor na América do Norte, passando pelas enchentes na Europa e na China— colocou a mudança climática no foco do debate político e da preocupação social. (ecodebate)

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