A pandemia da covid-19 afetou
a dinâmica demográfica, de modo geral, aumentando o número de mortes e
diminuindo o número de nascimentos em todo o país.
Para o Brasil como um todo,
em 2021, houve 2,62 milhões de nascimentos e 1,73 milhão de mortes,
representando um crescimento de 895 mil pessoas. No Rio Grande do Sul houve
126,3 mil nascimentos e 118,4 mil óbitos, significando um crescimento de 7,9
mil pessoas em 2021.
O Rio Grande do Sul é o
Estado com maior proporção de idosos do país. Portanto, está mais avançado na
transição demográfica e mais próximo da fase de decrescimento populacional. A
pandemia da covid-19 antecipou temporariamente um fenômeno que aconteceria em
algum ponto do futuro próximo.
O gráfico abaixo mostra que o
número anual de nascimentos do RS estava em 134 mil em 2010, subiu para 150 mil
em 2015, caiu para 142,7 mil em decorrência da epidemia da Zika e voltou a
subir em 2017 para 144 mil. Nota-se que a recuperação de 2017 não voltou ao
patamar de 2015 e que a partir de 2017 o número de nascimentos iniciou uma
trajetória de queda contínua. Já o número de óbitos, que eram de 72 mil em 2010
passaram para 82 mil em 2019, apresentando uma tendência continuada de alta
devido ao processo de envelhecimento populacional.
Pela projeção do IBGE (feitas em 2018) as curvas de nascimentos e mortes iriam se encontrar em 2039, com os números dos eventos vitais em torno de 115 mil. A partir daí as curvas se inverteriam e o estado do Rio Grande do Sul iniciaria um processo de decrescimento populacional estrutural no restante do século.
Contudo, a pandemia da covid-19 provocou alterações conjunturais que não alteram o rumo geral da transição demográfica gaúcha, mas que podem antecipar alguns números da tendência estrutural. Os registros da pandemia mostram que o estado do Rio Grande do Sul já registrou cerca de 1,6 milhão de pessoas infectadas e cerca de 37 mil mortes. Além disto, houve uma redução do número de nascimentos, pois muitas mulheres e casais adiaram suas decisões reprodutivas em função da gravidade do quadro pandêmico.
Com o fim da pandemia deve haver redução dos óbitos e aumento dos nascimentos, mas dentro do marco das projeções do IBGE. Nas próximas duas décadas o RS deve continuar tendo aumento da população, mas em ritmo cada vez menor.
Com menores taxas de fecundidade, a base da pirâmide etária vai diminuir e haverá um aumento do envelhecimento populacional. Assim, em algum momento da década de 2030 a população gaúcha vai começar um contínuo e persistente processo de decrescimento demográfico. (ecodebate)
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