Os
volumes de lixo eletrônico estão aumentando mundialmente. De acordo com a
Global E-waste Statistics Partnership (GESP) da Organização das Nações Unidas/ONU
seu descarte cresceu 21% no período de 2014 a 2019, o que representa 53,6
milhões de toneladas métricas de resíduos. Apenas 17,4% desse material chegou
às instalações formais de gerenciamento ou reciclagem.
Projeta-se
que esse crescimento continue à medida que o uso de computadores, telefones
celulares e outros eletrônicos continua a se expandir, junto com sua rápida
capacidade de ficarem obsoletos. A expectativa é que o lixo eletrônico global
chegará a 74 milhões de toneladas em 2030, quase o dobro dos índices atuais.
O
relatório The Global E-waste Monitor 2020 aponta que o Brasil é o quinto maior
produtor de lixo eletrônico no mundo e o maior na América Latina, descartando
cerca de 2,1 mil toneladas de resíduos eletrônicos todo ano. Na contramão
desses números, nosso país recicla apenas 3% desse total.
A coleta e a reciclagem adequadas do lixo eletrônico são essenciais para proteger o meio ambiente e a saúde humana. Na produção dos equipamentos são utilizados vários materiais tóxicos ou substâncias perigosas, como mercúrio, retardadores de chama bromados (BFR) e clorofluorocarbonos (CFCs) ou hidroclorofluorocarbonos (HCFCs). Estima-se que um total de 50 toneladas de mercúrio são liberados anualmente no meio ambiente, impactando diretamente na saúde de trabalhadores que ficam expostos a esses componentes.
Além disso, a gestão inadequada do lixo eletrônico contribui para o aquecimento global, pois como os materiais não são reciclados, eles não podem substituir as matérias-primas da extração e refinamento para novos produtos, o que gera novas emissões de CO2. Tech Girls* foi fundado com o objetivo de criar alternativas para o reuso consciente de componentes eletrônicos ao mesmo tempo em que promove e capacita mulheres em vulnerabilidade social no aprendizado de tecnologia da informação e na transformação dos equipamentos.
O
projeto é baseado em aspectos da Economia Circular como a reutilização, a
reparação, a renovação e a reciclagem de materiais proporcionando um ciclo de
vida mais longo aos produtos. O Tech Girls aceita doações de diversos materiais
como notebooks, smartphones, amplificadores de sinal de internet, projetores de
slide, multimídias, mouses, teclados, entre outros. Todos os equipamentos
recebidos são formatados, portanto todos os dados contidos nele, serão
automaticamente deletados.
Para doar basta acessar o site do projeto (www.techgirls.com.br) e fazer o cadastro.
Instituição
recebe, conserta e doa equipamentos que seriam descartados inadequadamente.
Dessa maneira transforma lixo eletrônico em ferramenta de trabalho para que as
alunas deem sequência aos seus negócios digitais, ganhando autonomia financeira
e resgatando a autoestima.
Alunas
de baixa renda com boas notas recebem ao final do curso um computador
recuperado por elas mesmas. Objetivo é que continuem seus estudos em
tecnologia, bem como coloquem em prática seus negócios digitais e realizem
vendas pela internet. A desenvolvedora de software e fundadora do Tech Girls,
Gisele Lasserre, acredita que a cada computador doado nasce um novo negócio
digital.
A
iniciativa impactou positivamente centenas de famílias e comunidades,
proporcionando a inserção profissional na área de Tecnologia da Informação, que
oferece vagas de emprego mesmo em períodos de crise. Além disso, a
possibilidade do trabalho remoto adotado em boa parte das empresas de tecnologia,
que permite às mulheres conciliar a vida profissional e a criação dos filhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário