A Nigéria ultrapassará os EUA
para se tornar a terceira nação mais populosa do mundo.
A Nigéria, em termos
demográficos, é o maior país da África e acaba de ultrapassar o Brasil para se
tornar o 6º país mais populoso do mundo (ficando na estimativa para 2023, atrás
apenas da Índia, China, EUA, Indonésia e Paquistão).
Com uma área de 911 mil km2,
a Nigéria possui uma densidade demográfica de 240 habitantes por km2
em 2022, maior do que a densidade da China (149 hab/km2) e bem
superior à densidade brasileira (26 hab/km2).
Mesmo com uma lenta transição demográfica já se nota uma alteração na estrutura etária da Nigéria, pois a população jovem de 0-14 anos vai apresentar um leve decrescimento na segunda metade do século XXI, como mostra o gráfico abaixo (painel da esquerda). Já o número de idosos (gráfico da direita) cresceu lentamente entre 1950 e 2050 e deve acelerar o crescimento na segunda metade do século XXI.
A lenta mudança da estrutura etária tem mantido as pirâmides etárias da Nigéria com uma base larga, conforme mostrado nos gráficos abaixo. A pirâmide etária de 1950 tinha o modelo clássico de estrutura rejuvenescida e se manteve mais ou menos assim até 2022. Assim, o país mantém uma alta razão de dependência de jovens e uma baixa proporção de pessoas em idade ativa. Se a queda da fecundidade se aprofundar poderá haver o aproveitamento do 1º bônus demográfico, que é uma condição essencial para a redução da pobreza e o a melhoria do padrão de vida da população. A pirâmide de 2022 já terá um padrão mais retangular, mas as áreas verdes e amarelas refletem as possibilidades de diferentes ritmos da queda da fecundidade.
A Nigéria terá uma situação demográfica favorável à geração de emprego no restante do século XXI, pois a razão de dependência vai diminuir de cerca de 100 na década de 1980 para menos de 60 entre 2060 e 2090, como mostra o gráfico abaixo. Se a economia reagir e conseguir gerar grande quantidade de emprego, a Nigéria poderá avançar no processo de desenvolvimento humano. Mas se a economia fracassar, o país terá uma bolha de jovens, que na falta de perspectivas de trabalho e de mobilidade social ascendente, poderá criar instabilidade política e anomia social.
A Nigéria tem apresentado dificuldades para manter o crescimento econômico e avançar em termos sociais. O país tem 2,7% da população mundial e menos de 1% do PIB mundial. O PIB da Nigéria representava 0,63% do PIB mundial em 1990 e caiu para 0,52% no ano 2000. Nos anos seguintes houve crescimento econômico e o PIB da Nigéria alcançou o pico de 0,9% em 2014. Mas nos últimos anos a situação piorou e a participação do país na economia internacional caiu para 0,8%, conforme mostra o gráfico abaixo (lado esquerdo). A renda per capita da Nigéria (em preços correntes em poder de paridade de compra) era de apenas US$ 1.827 em 1990, bem abaixo da renda per capita mundial. Nas décadas seguintes a renda cresceu até US$ 5,9 mil em 2014 e, desde então está aproximadamente estagnada, conforme mostra o gráfico abaixo (lado direito).
A Nigéria é um país preso na armadilha da pobreza. O padrão de consumo é baixo. Mesmo assim a Nigéria tem um déficit ecológico. Segundo o Instituto Global Footprint Network a Nigéria tinha, em 1961, uma Pegada Ecológica per capita de 0,91 hectares globais (gha) e uma Biocapacidade per capita de 1,2 gha. Portanto havia superávit ambiental. Mas com o elevado crescimento demográfico a Pegada Ecológica per capita passou para 1,09 gha e a Biocapacidade per capita caiu para 0,69 gha em 2018. Assim, o déficit ecológico per capita passou para 0,40 gha, o que representa um déficit relativo de 37%, conforme mostra a figura abaixo.
A Nigéria não conseguiu vencer a pobreza e além dos imensos problemas sociais é extremamente vulnerável aos problemas ambientais e climáticos. A capital – Lagos – compõe uma região metropolitana que inclui 16 cidades e mais de 25 milhões de habitantes, sendo a maior metrópole da África. Fica na costa do Atlântico, à beira de um grande lago, e já sofre com as inundações provocadas pela combinação de chuvas e elevação do nível do mar. Com a aceleração do aquecimento global, milhões de pessoas ficarão desalojadas pela invasão das águas salgadas. A Combinação de crise econômica, crise ambiental e alto crescimento demográfico tende a fazer explodir a extrema pobreza, condenando milhões de nigerianos ao sofrimento e fazendo do país um lugar mais perigoso e inóspito para se viver.
Os líderes dos países
africanos estão se preparando para usar a próxima cúpula climática da ONU (a
COP27 no Egito, em novembro de 2022) para pressionar por novos investimentos
maciços em combustíveis fósseis, de acordo reportagem do jornal The Guardian
(01/08/2022). Um documento técnico preparado pela União Africana, indica uma
posição comum para pressionar por uma expansão de produção de combustíveis
fósseis em todo o continente. Ou seja, os países africanos exigem o “direito”
de cometer o mesmo erro dos países desenvolvidos, às custas do aumento das
emissões de CO2 e da possibilidade de um colapso ambiental ainda
mais catastrófico.
Evidentemente, o caminho não pode ser este. A melhor alternativa para os países africanos é aprofundar na transição demográfica e na transição energética, visando lutar contra a pobreza sem comprometer ainda mais a sustentabilidade ambiental. Sem dúvida, a África precisa da ajuda internacional para aumentar o bem-estar humano e ecológico. Mas as metas do Acordo de Paris devem ser seguidas e aprofundadas por todos.
Nigéria é uma república constitucional federal que compreende 36 estados e a Capital Federal. Está localizado na África Ocidental e compartilha fronteiras terrestres com Benim a oeste; Chade e Camarões a leste e Níger ao norte. Sua costa encontra-se ao sul, no Golfo da Guiné, no Oceano Atlântico. (ecodebate)
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