7ª edição do Índice de
Sustentabilidade da Limpeza Urbana — ISLU aponta que a Região Sul é a única com
perspectiva de eliminar lixões ainda nesta década, ainda assim o país não deve
cumprir prazos estabelecidos pelo Novo Marco do Saneamento.
Com mais de 30 milhões de
toneladas de lixo despejadas em lixões a céu aberto anualmente, o Brasil não
deve cumprir os prazos de erradicação de lixões estabelecidos pelo Novo Marco
do Saneamento, até 2024. De acordo com o Índice de Sustentabilidade da Limpeza
Urbana — ISLU 2022, a região Sul é a única com perspectiva de extinguir
totalmente os lixões nos próximos oito anos, cumprindo ao menos a meta de
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável/ODS da Organização das Nações Unidas/ONU
relacionada à gestão de resíduos.
O estudo realizado pelo
Sindicato Nacional das Empresas de Limpeza Urbana — SELURB, em parceria com a
PwC Brasil, aponta que 90% dos municípios da região Sul já descartam seu lixo
de forma ambientalmente adequada, índice bem mais alto que a média do país, estagnada
em 50% desde 2016.
Na prática, mais da metade
das cidades brasileiras ainda enviam seus resíduos para lixões a céu aberto e
outras disposições irregulares, contaminando o solo e os recursos hídricos,
gerando poluição atmosférica, perda de biodiversidade e proliferação de
doenças. A reciclagem no país continua com dificuldade para evoluir. Nos
últimos 7 anos, tem patinado em torno de 3,5%.
De acordo com o Novo Marco, todas as capitais já deveriam ter eliminado os lixões em seus territórios, mas o descarte irregular ainda ocorre em Cuiabá/MT, Porto Velho/RO e Boa Vista/RR. O ISLU aponta que esses depósitos ilegais de lixo ainda são predominantes no Norte, Nordeste e Centro-Oeste — regiões com índices mais baixos de descarte adequado de resíduos no país e níveis de reciclagem inferiores a 2%.
Entre os estados, o levantamento mostra que Santa Catarina é o que apresenta melhor índice de descarte adequado de resíduos sólidos urbanos, em torno de 84%. Na outra ponta, Roraima aparece com 0% de destinação correta, porquanto todo o lixo produzido pela sua população é despejado de forma irregular.
Os números também indicam uma
relação direta entre a gestão adequada e a cobrança domiciliar pela prestação
dos serviços. No caso de Santa Catarina, 82% das despesas são cobertas pela
cobrança domiciliar, enquanto em Roraima esse percentual não chega a 7%. Ou
seja, onde há cobrança pelos serviços os índices de destinação final
ambientalmente adequada e de reciclagem são mais altos.
Nesse aspecto, os dados
apontam que cerca de 60% dos municípios não adotaram qualquer modelo de
cobrança para coleta, tratamento e descarte de resíduos sólidos, em
descumprimento à legislação.
“Para a erradicação dos
lixões, consoante preconiza o Novo Marco do Saneamento, é preciso que os
serviços de manejo de resíduos sólidos urbanos tenham a devida
sustentabilidade, de forma a garantir o custeio da atividade e a amortização
dos investimentos de longo prazo necessários à implantação das infraestruturas
de disposição final ambientalmente adequada. No Sul, especialmente em Santa
Catarina, o modelo de concessões elevou o patamar da gestão de resíduos sólidos
urbanos por possibilitar o atendimento desses dois princípios, conforme se
extrai das médias de reciclagem e de descarte adequado, muito acima do restante
do país. Anote-se, ter sido igualmente o modelo de concessões que trouxe a
sustentabilidade econômico-financeira necessária ao desenvolvimento de serviços
domiciliares como água e esgoto, energia elétrica, telecomunicações entre
outros”, diz Márcio Matheus, presidente do SELURB.
Resultados
por região e dimensão |
||||
Região |
Cobrança
específica |
Cobertura
da coleta |
Destinação
correta |
Reciclagem |
Nordeste |
6,6% |
66,4% |
21,2% |
0,8% |
Norte |
19,6% |
63,4% |
16,3% |
1,1% |
Centro-Oeste |
27,1% |
77,9% |
22,9% |
2,3% |
Sudeste |
46,2% |
84,5% |
60,8% |
3,6% |
Sul |
84,0% |
73,4% |
89,2% |
8,0% |
Gestão eficiente — o exemplo
de Santa Catarina
De acordo com os dados
levantados pelo ISLU 2022, entre os estados brasileiros, Santa Catarina é o que
apresenta as melhores médias nas quatro dimensões analisadas pelo estudo:
cobertura da coleta, sustentabilidade econômico-financeira, reciclagem e
destinação final ambientalmente adequada. Hoje, o estado é o que possui o maior
número de concessões municipais dos serviços de manejo de resíduos sólidos
urbanos, remunerados diretamente pelo usuário, na forma de tarifa.
O estudo evidencia que além da taxa de cobertura de coleta mais alta, as cidades que concederam os serviços, tornaram os gastos mais eficientes. No gráfico abaixo, verifica-se que o custo unitário médio da coleta em Santa Catarina ficou em R$ 320/tonelada, enquanto nos municípios com concessão esse valor foi de R$ 306/tonelada.
Já a produtividade média dos processos de coleta de resíduos sólidos urbanos não concedidos foi de 1.342 Kg/agente/dia. Nos municípios catarinenses que possuem concessão essa produtividade média é da ordem de 2.115 Kg/agente/dia, o que corresponde a um rendimento 60% maior.
(ecodebate)
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