quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Inventário global de emissões de GEE dos sistemas alimentares

O sistema alimentar global envolve todos os setores econômicos e contribui significativamente para o total de emissões antropogênicas de gases de efeito estufa (GEE) e de poluentes atmosféricos.

Compreender os vários componentes é um precursor necessário para a concepção e implementação de medidas de mitigação acionáveis e eficientes para o sistema. As emissões de GEE dos sistemas alimentares são muito maiores do que as emissões do setor baseado na terra (agricultura e emissões relevantes para alimentos do uso da terra e mudanças no uso da terra).

Os alimentos precisam ser cultivados, colhidos ou capturados, transportados, processados, embalados, distribuídos e cozidos, e os resíduos eliminados. A energia necessária para todos esses processos precisa ser produzida e disponibilizada no momento e local certos (ver Fig.1).
Figura 1 – Setores de emissão antrópica que contribuem para o sistema alimentar. O círculo externo inclui categorias individuais de fontes de emissão (seguindo a classificação do IPCC), o segundo círculo externo agrupa categorias individuais em estágios do ciclo de vida de alimentos (‘Produção’ incluindo ‘Uso da Terra, Mudança no Uso da Terra’, ‘Processamento’, ‘Consumo’, ‘Transporte’, ‘Varejo’, ‘Embalagens’, ‘Fim de vida’ e), enquanto o círculo interno classifica os setores (‘Terrestres’, ‘Energia’, ‘Indústria’ e ‘Resíduos’).

EDGAR-FOOD foi desenvolvido para auxiliar na compreensão das atividades subjacentes à demanda e uso de energia, agricultura e emissões de mudanças no uso da terra associadas à produção, distribuição, consumo e descarte de alimentos através dos vários estágios e setores do sistema alimentar global composto.

Esses dados foram complementados com dados do banco de dados FAOSTAT sobre emissões de GEE do uso da terra relacionadas à agricultura (FAO, 2020). EDGAR-FOOD representa o primeiro banco de dados que cobre consistentemente cada estágio da cadeia alimentar para todos os países com frequência anual para o período 1990-2015. Detalhes sobre a metodologia aplicada estão disponíveis em Crippa et al. (2021).

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Principais Descobertas

EDGAR-FOOD fornece uma imagem de como um sistema alimentar mundial em evolução respondeu à evolução da população mundial nos últimos 25 anos, juntamente com as mudanças nos hábitos alimentares e na tecnologia alimentar.

No nível global, a dissociação entre o crescimento populacional e as emissões relacionadas a alimentos é visível, com as emissões crescendo a uma taxa menor em comparação com o crescimento populacional. No entanto, a visão regional é mais diversificada, com algumas áreas aumentando rapidamente as emissões devido à demanda doméstica por alimentos ou para exportação.

Figura 2 – Setores de emissão antrópica que contribuem para o sistema alimentar. Emissões de GEE do sistema alimentar 2015. Os gráficos de pizza mostram a contribuição dos diferentes setores do sistema alimentar (terra, energia, indústria e resíduos) para as emissões de GEE dos alimentos. As cores no mapa mostram a parcela de emissão de GEE dos sistemas alimentares sobre o total de emissões de GEE. As emissões totais de GEE (incluindo CO2, CH4, N2O e F-gases) são expressas como CO2 equivalente (CO2eq) calculado usando os valores potenciais de aquecimento global de 100 anos (GWP -100) usados no 5º Relatório de Avaliação do IPCC (AR5), com um valor de 28 para CH4 e 265 para N2O.

Ao contrário das emissões gerais de GEE, o setor de produção de alimentos não é predominantemente dominado pelas emissões de CO2 de combustíveis fósseis; as emissões terrestres são particularmente relevantes.

No entanto, de acordo com as tendências de desenvolvimento socioeconômico em curso, as emissões de alimentos estão sendo cada vez mais determinadas pelo uso de energia, atividades industriais e gerenciamento de resíduos.

Figura 3 – Diagrama de Sankey para as emissões de GEE do sistema alimentar global em 2015. As emissões de GEE do sistema alimentar são de 14,3 Gt CO2eq ano-1 em 2015. As informações qualitativas das atividades que contribuem para o sistema alimentar fornecidas pelo diagrama de Sankey são complementadas com as informações quantitativas de GEE individual e participação do setor no total de emissões de GEE do sistema alimentar. Setas e porcentagens indicam a mudança nas contribuições de gás, setor, etapa e categoria entre 1990 e 2015.

Figura 4 – Emissões globais de poluentes atmosféricos provenientes de alimentos.

Do ponto de vista da mitigação, tal tendência sugere que o setor alimentar necessitará de políticas setoriais específicas de eficiência energética e descarbonização. Por outro lado, o papel predominante contínuo das emissões terrestres, dentro e fora da fazenda, mostra que a produção de alimentos per se continuará a ser uma importante fonte de emissões que precisam de políticas de mitigação específicas.

Além disso, EDGAR-FOOD é crucial para a antecipação de mudanças futuras no sistema alimentar geral, a fim de projetar estratégias de mitigação eficientes que evitem a criação de emissões adicionais em setores não visados.

A completude da base de dados EDGAR-FOOD é um recurso importante para o monitoramento eficaz das emissões globais de GEE e poluentes atmosféricos do sistema alimentar, em linha com as estratégias que buscam trabalhar em uma visão integrada do sistema alimentar, como a nova estratégia Farm to Fork da Comissão Europeia.

⅓ das emissões globais de gases de efeito estufa provêm do sistema alimentar.

Downloads de dados

Dados de poluentes atmosféricos EDGAR-FOOD (baseados em EDGARv6.1)

Inglês (11,4 MB – XLSX)

Download (ecodebate)

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