Corrente oceânica que
regula o clima do planeta, está ameaçada pelas emissões de gases do efeito
estufa.
A Atlantic Meridional Overturning Circulation (AMOC) é a principal corrente oceânica que regula o clima do planeta. Um estudo da Universidade de Copenhague aponta que o mecanismo que controla o transporte de calor dentro dessa corrente está ameaçado pelas emissões de gases do efeito estufa.
O aquecimento global e o derretimento do gelo continental faz com que o gelo chegue ao mar como água doce via rios, e aí a água fica menos densa do que é e fica mais difícil de ela afundar, diz Barbedo Rocha.
César Barbedo Rocha
explica que a corrente é associada à formação de águas profundas em regiões
polares e subpolares e transporta calor entre os hemisférios, produzindo efeito
é global.
A Atlantic Meridional Overturning Circulation (AMOC) é a principal corrente oceânica que regula o clima do planeta. Um estudo da Universidade de Copenhague aponta que o mecanismo que controla o transporte de calor dentro dessa corrente está ameaçado pelas emissões de gases do efeito estufa. A pesquisa é um novo alerta sobre a necessidade de frear as mudanças climáticas, que estão se tornando cada vez mais intensas. Cerca de 90% do calor que vem do aquecimento global afeta o oceano devido a sua capacidade de absorção.
Foto de César Barbedo Rocha
Características
Segundo César Barbedo
Rocha, professor do Departamento de Oceanografia Física do Instituto
Oceanográfico (IO) da USP, a corrente é intimamente ligada ao clima. “A AMOC é
uma corrente associada à formação de águas profundas em regiões polares e
subpolares. Em particular esse ramo da AMOC que foi citado nesse estudo é
formado pelo afundamento de água no Atlântico Norte em regiões perto da
Groenlândia, principalmente nos mares nórdicos e no mar do Labrador”.
Nesses locais, a água fria vai sofrer um afundamento que caracteriza esse tipo de corrente oceânica. “A água fica muito fria e perde muito calor para a atmosfera. A água fria é muito densa, fica mais pesada do que a água que está embaixo e ela afunda violentamente. Essa água afundando, ela começa a se deslocar para o Sul, só que você não cria um buraco. A água é um contínuo. Então, para compensar essa água que afunda na parte superior do oceano, existe um transporte em direção ao norte, no Atlântico”, explica o professor. Esse é um processo longo e a água que afunda no Atlântico Norte retorna para a superfície para ser resfriada novamente após cerca de mil anos.
Mudança no fenômeno
O possível colapso da
AMOC, que vem sendo alertado por alguns especialistas, se relaciona com o seu
enfraquecimento, ocasionado pelo agravamento das mudanças climáticas. “Com o
aquecimento global e o derretimento do gelo continental, esse gelo chega ao mar
como água doce via rios, e aí a água fica menos densa do que ela é e fica mais
difícil dela afundar”, diz Barbedo Rocha.
Estudiosos do tema também sugerem que há um enfraquecimento de pelo menos 10% dessa corrente oceânica nas últimas décadas. Além disso, estudos quantitativos apontam que esse colapso tem 95% de chance de ocorrer até o fim deste século, entre 2025 e 2095.
Impacto generalizado
A quantidade de água
afundada na AMOC é cerca de 10 a 20 milhões de metros cúbicos por segundo, além
da grande quantidade de calor que ela consegue transportar. Barbedo Rocha
comenta: “Por exportar calor inter-hemisfericamente, no caso inclusive do
Atlântico Sul para o Atlântico Norte, o efeito é global”. Apesar disso, a
maioria dos países não está preparada para enfrentar as mudanças climáticas,
que são diferentes em cada local do mundo. “É realmente uma questão fundamental
os países e as cidades se prepararem, entenderem bem essas previsões e se
prepararem em seu planejamento”. (jornal.usp)
Nenhum comentário:
Postar um comentário