Um mapa com as tendências das temperaturas máximas diárias
observadas nos últimos 60 anos no Brasil aponta que já houve aumento de até 3°C em algumas regiões.
A análise considerou dados registrados entre os anos de 1961 e
2020. O mapa foi elaborado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais (INPE), unidade vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação (MCTI).
“O resultado é uma evidência das alterações nos padrões de
temperatura”, avalia o cientista climático, Lincoln Alves.
O pesquisador do INPE salienta que diversos trabalhos científicos
têm apontado a mudança do clima como um dos principais responsáveis por essas
alterações. Contudo, fatores como urbanização e mudanças no uso e na cobertura
da terra também contribuem para o aumento das temperaturas. “A mudança climática
já está afetando todas as regiões do Brasil de muitas maneiras”, complementa.
De acordo com o mapa, na maior parte do território nacional foram observadas alterações de até 1,5°C, que estão sinalizadas nas cores amarelo claro e escuro. Bolsões em vermelho mais escuro, que indicam aumento das temperaturas máximas entre 2,5°C e 3°C, preponderam no interior do Nordeste e no noroeste da região Norte. No Centro-Oeste e no Sudeste também aparecem regiões com aumento acima de 1,5°C.
O pesquisador ressalta que os resultados apresentados são importantes para compreender as alterações no Brasil e corroboram com as conclusões dos relatórios mais recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC). “Em nível regional, o aquecimento é por vezes muito maior que a média global. E não só no Brasil, mas em várias outras partes do mundo, o que potencialmente amplifica os efeitos da mudança do clima”, explica.
As análises envolvendo mudanças climáticas consideram longas
séries de dados para obter maior robustez. Outro aspecto envolve as incertezas
associadas, inerentes a qualquer análise, que, neste caso, estão relacionadas
às regiões que historicamente possuem poucas informações, mas que de uma
maneira geral não modifica o padrão espacial dos resultados.
Mundo mais quente
O mês de julho deste ano registrou recordes de temperatura média global, conforme divulgado pela Organização Meteorológica Mundial (WMO, na sigla em inglês) e pelo observatório europeu Copernicus. O fenômeno El Niño, um aquecimento anômalo das águas superficiais do oceano Pacífico equatorial, de intensidade moderada, contribui para os recordes de temperatura no verão do Hemisfério Norte.
“As mudanças que estamos observando aumentarão com aquecimento adicional, principalmente tornando os eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor, mais frequentes e severas”, conclui Alves. (ecodebate)
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