Das 105 cidades
brasileiras que reportaram seus dados climáticos no último ano para o CDP,
maior plataforma mundial para acompanhamento de dados ambientais de empresas,
cidades, estados e regiões, 93 (89%) afirmaram enfrentar riscos climáticos
significativos e 40 (38%) reportaram que os fatores mapeados em suas regiões
serão mais intensos no futuro.
Considerando um
universo de 100 cidades brasileiras, foram identificados 283 riscos climáticos,
sendo as secas o principal (18%), seguido de fortes precipitações (11%) e
enchentes urbanas (11%). Na quarta posição está calor extremo (10%) que, no
levantamento global, foi apontado como o pior risco climático para 51% das
cidades do mundo todo.
O mês de julho foi
considerado o mais quente da história, e de acordo com o Instituto Nacional de
Meteorologia, no mês de setembro quatro capitais bateram o recorde de
temperatura do ano. Números do DataSus mostram que em Manaus, diante das
queimadas e da seca dos rios, foram registradas mais de 7 mil internações por
doenças respiratórias de janeiro a julho de 2023.
“Nesse cenário de aumento na frequência de eventos climáticos extremos, como secas, incêndios e chuvas torrenciais, o que nos alerta é que somente uma em cada dez cidades brasileiras têm algum tipo de planejamento climático estruturado. É extremamente urgente a implementação de ações sólidas de transição e mitigação, pois estamos cruzando uma linha que pode ser irreversível”, afirma Maria Clara Nascimento, Coordenadora de Cidades, Estados e Regiões do CDP Latin America.
No total, 55 cidades brasileiras estão colocando em prática iniciativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. Foram reportadas 217 ações e políticas, sendo que o setor de transporte lidera a lista, com 65 projetos, seguido de resíduos com 50, energia com 44, e agricultura, silvicultura e uso da terra com 31.
Um exemplo de medidas
para combater a mudança do clima e seus impactos é a implementação da
utilização de biodiesel em toda a frota de ônibus municipal na cidade de
Fortaleza (CE). De acordo com um levantamento feito pela equipe da cidade, as
emissões de Gases de Efeito Estufa de Fortaleza durante o ano de 2018
totalizaram o quantitativo de 4.5 toneladas métricas de CO2e (tCO2e), sendo o
setor de transporte o principal contribuinte para as emissões de gases
poluentes para o meio ambiente. Assim, este projeto pretende reduzir 1.9
toneladas de gases de efeito estufa até 2030, o que representa uma redução de
42,2% das emissões totais do município.
Já São José dos Campos, no interior de São Paulo, é referência em projeto de reflorestamento para adaptação climática ao adotar o Programa de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), mecanismo de valorização para os benefícios gerados pelos ecossistemas e pela biodiversidade, como proteção do solo, produção de água e estocagem de carbono.
Cerca de 43% das cidades reconhecem que os riscos climáticos devem se intensificar no futuro, o que pode agravar ainda mais a vulnerabilidade de algumas populações. No Brasil, as famílias de baixa renda foram elencadas por 58% dos municípios como o grupo a ser mais afetado com a materialização dos riscos climáticos, seguidos de idosos (32%), comunidades marginalizadas (28%) e crianças (25%). (ecodebate)
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