quarta-feira, 3 de janeiro de 2024

Renda per capita e migração nos três países mais populosos do mundo

Expectativa de vida dos brasileiros chegará a 88 anos em 2100.

Os três países mais populosos do mundo, que também são as três maiores economias globais, possuem uma relação diferenciada entre o crescimento da renda per capita e o saldo migratório líquido (imigrantes – emigrantes).

A China e a Índia, cada um com mais de 1,4 bilhão de habitantes, possuem um saldo migratório negativo, isto é, saem mais nacionais (emigração) do que entram estrangeiros (imigração). Os Estados Unidos da América (EUA), com mais de 300 milhões de habitantes, possuem saldo migratório positivo, isto é, entram mais estrangeiros do que saem cidadãos americanos.

O gráfico abaixo mostra a evolução da renda per capita e da migração na China entre 1950 e 2018, com dados de renda do Projeto Maddison e de migração da Divisão de População da ONU. A China era um país pobre e com renda per capita, em poder de paridade de compra (ppp), de menos de US$ 1 mil em 1950. Mas em sete décadas deu salto e passou a ser um país de renda média. O Produto Interno Bruto (PIB) da China cresceu 16,4 vezes entre 1950 e 2018 (o maior crescimento do mundo). Durante todo este período, o saldo migratório líquido na China foi negativo, ou seja, saíram mais chineses do que entraram estrangeiros no país. Na soma dos 68 anos, o saldo migratório foi de -16,4 milhões de pessoas.

O gráfico abaixo mostra os mesmos dados para o gigante do sul-asiático. A Índia era um país pobre e passou a ser um país menos pobre. A renda per capita indiana era de menos de US$ 1 mil em 1950 (ligeiramente superior à renda per capita da China) e passou para US$ 7 mil em 2018. O PIB da Índia cresceu 6,9 vezes entre 1950 e 2018 e apesar da renda per capita ainda ser baixa, a Índia se tornou a terceira maior economia do mundo. Durante todo este período (salvo raras exceções), o saldo migratório líquido na Índia também foi negativo, ou seja, saíram mais indianos do que entraram estrangeiros no país. Na soma dos 68 anos o saldo migratório foi de -10,1 milhões de pessoas.

O gráfico abaixo mostra os mesmos dados anteriores para o maior país das Américas. Os EUA já eram o país mais rico do mundo logo depois do fim da Segunda Guerra Mundial. A renda per capita americana era de US$ 15 mil em 1950 e passou para US$ 55 mil em 2018. O PIB dos EUA cresceu 3,6 vezes entre 1950 e 2018, mesmo que em outro patamar, cresceu em ritmo bem menor do que a China e a Índia. Evidentemente, a base inicial da renda já era muito maior do que de suas contrapartes asiáticas. Durante todo este período, o saldo migratório líquido do EUA foi positivo, ou seja, entraram mais estrangeiros do que saíram americanos. Na soma dos 68 anos o saldo migratório foi de 67,8 milhões de pessoas.

É bastante contrastante a situação dos três países, pois enquanto a China e a Índia tiveram grande crescimento econômico com saldo migratório negativo, os EUA tiveram crescimento da renda em ritmo menor e com saldo migratório positivo. Obviamente, países de renda per capita elevada atraem mais imigrantes e países de renda baixa costumam ser exportadores de pessoas residentes no território nacional.

O gráfico abaixo, com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), mostra a participação no PIB global de 10 países que estão entre as maiores economias do mundo. Nota-se que, entre 1980 e 2028, a maioria dos países perderam participação no PIB global e somente os dois gigantes asiáticos ganham participação. A China se tornou a maior economia do mundo (em poder de paridade de compra). Os EUA caíram para o segundo lugar e a Índia pulou para o terceiro lugar. Os demais países (Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Brasil) diminuíram de tamanho relativo.

Dos 10 países do gráfico acima, os únicos que tiveram migração líquida negativa foram China e Índia, países que ganharam relevância no cenário internacional com aumento da participação nacional no PIB global. Os 8 países que tiveram declínio da economia nacional no PIB global tiveram saldo migratório líquido positivo entre 1950 e 2018.

Evidentemente, as relações entre o saldo migratório e o crescimento da renda per capita são muito mais complexas do que a simples constatação apresentada acima. Mas este contraste entre a China e a Índia e os Estados Unidos (e demais países) não deixa de ser um fenômeno para se pensar e para se aprofundar na análise. A migração é um dos 3 componentes da dinâmica demográfica e era, é e será uma variável de extrema relevância para os estudos demográficos e econômicos durante todo o século XXI. (ecodebate)

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