O e-lixo, nome dado para todo
componente eletrônico descartado na natureza sem tratamento, polui o meio
ambiente e causa problemas de saúde pública.
No meio do caminho tinha uma
pilha. Tinha uma bateria no meio do caminho. Tinham smartphones, computadores,
televisores, rádios e outros aparelhos eletrônicos no meio do caminho. Você
deve achar que tem alguma coisa errada com este poema de Carlos Drummond de
Andrade. Mas não tem nada errado, ele foi apenas atualizado. As pedras
drummondianas foram substituídas por aparelhos eletrônicos descartados de forma
irregular no meio ambiente. Mas seja no texto original ou agora nesse modificado,
o poema continua atual e as pedras ainda estão no caminho.
Se o poeta estivesse vivo ia
se deparar com uma produção anual de 53,6 milhões de toneladas de lixo
eletrônico e elétrico produzidos globalmente, uma média de 7,3 kg por pessoa,
segundo o relatório Global E-Waste Monitor 2020 da Organização das Nações
Unidas (ONU). Desse total, apenas 17,4% é reciclada. A pesquisa estima que em
2030 o lixo eletrônico gerado no mundo chegará a 74 milhões de toneladas por
ano.
Ainda de acordo com E-Waste
Monitor, em 2019, a China produziu 10,1 milhões de toneladas de lixo
eletrônico. Depois estão os Estados Unidos, com 6,9 milhões de toneladas e a
Índia com 3,2 milhões. Os três países foram responsáveis por quase 38% do lixo
eletrônico produzido no mundo naquele ano.
Segundo a Green Eletron,
gestora sem fins lucrativos que trabalha com logística reversa de equipamentos
eletroeletrônicos, o Brasil produz aproximadamente 2 milhões de toneladas de
lixo eletrônico por ano, sendo que apenas 3% desse montante é reciclado. O país
está entre os cinco maiores produtores de lixo eletrônico no mundo, ficando
atrás apenas de China, Estados Unidos, Índia e Japão.
A exposição a PBDEs, um grupo
de retardadores de fogo químicos comumente associados ao descarte de resíduos
ou lixo eletrônico, pode causar problemas de tireoide, déficits de
desenvolvimento neurológico e câncer.
Conforme aponta a entidade,
os outros 97% do e-waste gerado na América Latina não são monitorados, sendo
que muitos desses materiais contêm metais preciosos e poderiam ser recuperados,
gerando uma receita equivalente a US$ 1,7 bilhão por ano e novas oportunidades
econômicas.
Já o relatório da Plataforma
para Aceleração da Economia Circular (PACE) e da Coalizão das Nações Unidas
sobre Lixo Eletrônico, prevê que o nível de produção de lixo eletrônico global
deverá alcançar 120 milhões de toneladas ao ano em 2050. Além disso,
aproximadamente 62,5 bilhões de dólares, mais que o PIB de muitos países, são
desperdiçados com o lixo eletrônico não reciclado todos os anos.
O e-lixo, nome dado para todo
componente eletrônico que é descartado na natureza sem tratamento, não polui
apenas o meio ambiente. Também causa problemas de saúde pública, uma vez que
expõe as pessoas a substâncias perigosas e cancerígenas como mercúrio, chumbo e
cádmio. A presença de lixo eletrônico em aterros contamina o solo e os lençóis
freáticos, colocando em risco sistemas de fornecimento de alimentos e recursos
hídricos.
“Nunca me esquecerei desse
acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas”, com certeza essa seria
a parte do poema “No meio do caminho”, que Drummond usaria para expressar sua
indignação com o rumo que a sociedade tomou.
Estima-se que 40% das pilhas
comuns vendidas sejam falsificadas, produzidas sem controle, podendo conter um
teor de metais pesados superior ao permitido pela legislação ambiental
brasileira. Substâncias tóxicas como chumbo, cádmio, arsênio e mercúrio,
presentes nas pilhas, baterias e placas eletrônicas podem entrar na cadeia
alimentar por meio das águas utilizadas na irrigação de produtos agrícolas ou
por organismos aquáticos, que servem de alimento para peixes, que por sua vez
nos alimentam.
Além disso, o relatório da PACE e da Coalizão das Nações Unidas sobre Lixo Eletrônico aponta que a gestão inadequada do lixo eletrônico resulta em uma perda significativa de materiais brutos escassos e valiosos, como ouro, platina, cobalto e elementos terrestres raros. Para se ter uma dimensão do prejuízo econômico, 7% do ouro do mundo podem estar atualmente no lixo eletrônico, com 100 vezes mais ouro em uma tonelada de lixo eletrônico do que em uma tonelada de minério de ouro.
Computador; Monitor; Televisão; Laptop; Telefone Celular; Tablet; Leitor de DVD; Mouse / Teclado; Rádio; etc.
Estes e outros equipamentos
eletrônicos nunca devem ser descartados no lixo comum, pois possuem substâncias
químicas que poluem o meio ambiente, ameaçando o bem-estar de nosso planeta e
de sua população.
E agora, José? O que podemos
fazer para diminuir os impactos do lixo eletrônico nas nossas vidas? A
reciclagem e a implantação de sistemas de logística reversa são as melhores
saídas para minimizar os efeitos pós-consumo. A coleta seletiva e a
reutilização de materiais eletrônicos podem gerar renda e mais qualidade de
vida para todos. De um quilo de smartphone, por exemplo, pode-se reaproveitar
de 100 a 150 mg (miligramas) de ouro, 400 a 600 mg de prata, 20 e 30 mg de
paládio, 100 a 130 gramas de cobre e 200 gramas de plástico. Em um
microcomputador, 94% de seus componentes são recicláveis.
Mas a melhor forma de mudar essa situação é por meio da educação ambiental, que deve começar bem cedo. Seja dentro de casa ou nas escolas, crianças e jovens precisam aprender a separar os recicláveis e rever a própria maneira como consume, produz e depois descarta seus resíduos. Isso porque a questão ambiental ocupa cada vez mais espaço em nossas vidas. Escassez de água, falta de energia, acumulo de lixo e aquecimento global são temas que já estamos vivenciando. A ligação de tudo isso com nosso estilo de vida, nossa saúde e nosso comportamento não é uma discussão apenas necessária, é fundamental.
Lixo eletrônico: projeção do Ministério do Meio Ambiente é de que 400 cidades brasileiras contem com o serviço logístico até 2025.
Capitais da Amazônia Legal
terão logística reversa para lixo eletrônico
O descarte correto desse tipo
de resíduo preserva o meio ambiente, protege a saúde humana e ainda evita a
emissão de gases de efeito estufa.
Documentários como Lixo
Extraordinário, que mostra a vida dos catadores de material reciclável no
antigo aterro sanitário do Gramacho, e o clássico Ilha das Flores que, contando
a saga de um tomate, faz uma crítica ácida à nossa sociedade de consumo, são
bons exemplos de como a arte pode ajudar nesse processo de educação, revisando
hábitos de consumo, perspectivas e conceitos.
No Brasil, a destinação
correta do lixo eletrônico está prevista na Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei 12.305/2010) e é regulamentada pelo Decreto Federal 10.240/2020.
Este dispositivo define metas para os fabricantes, importadores, distribuidores
e comerciantes sobre a quantidade de pontos de Entrega Voluntária (PEV) que
devem ser instalados, o número de cidades atendidas e o percentual de aparelhos
eletroeletrônicos a serem coletados e destinados corretamente.
Pelo decreto, as empresas devem, gradualmente, até 2025, instalar PEVs nas 400 maiores cidades do Brasil e coletar e destinar o equivalente em peso a 17% dos produtos colocados no mercado em 2018, ano definido como base, conforme informações publicadas pela Agência Brasil de Notícias.
Perigos dos lixos eletrônicos, você pode evitá-los!!!
Lixo gerado a partir de aparelhos
eletrônicos pode impactar ecossistema do planeta de várias maneiras, ajude a
minimizar os problemas.
“O planeta já dava sinais de ceder sob o peso da humanidade em 1972, quando a agência foi fundada. Nas décadas seguintes, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e seus parceiros trabalharam com os Estados-membros para combater a poluição do ar, restaurar a camada de ozônio, proteger os mares do mundo, promover uma economia verde e inclusiva e alertar sobre a perda de biodiversidade e as mudanças climáticas. Esse trabalho nunca foi tão importante”, declarou o Secretário-geral da ONU, António Guterres durante a 5º Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente, realizada em 2020, ano que o (PNUMA) completou 50 anos. (ecodebate)
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