O mês de março/2024 foi
1,68°C mais quente do que a estimativa média para os meses de março de
1850-1900, o chamado período de referência pré-industrial.
Mais uma vez o limite mínimo
do Acordo de Paris (de 1,5ºC) foi ultrapassado na média mensal e também na
média dos últimos 12 meses.
Em 2020, a ativista sueca
Greta Thunberg disse que, a despeito de todo blá-blá-blá da governança global,
a temperatura do Planeta estava esquentando, pois, o aumento das emissões de
gases de efeito estufa (GEE) acelera o aquecimento global assim como a
“gasolina nas chamas” aumenta o fogo e o calor.
Como mostrei no artigo
“Principal indicador da crise climática: concentração de CO2 bate
recorde em março/2024” (Alves, 08/04/2024) a concentração de CO2 na
atmosfera vem subindo de forma acelerada nas últimas décadas, bateu todos os
recordes em 2023 e atingiu níveis preocupantes no primeiro trimestre de 2024.
Desta forma, não existe surpresa, pois é uma questão determinística: maior
emissão de GEE, significa maior efeito estufa e implica maiores temperaturas.
Todo este processo foi agravado pelo fenômeno El Niño. Assim, março/2024 foi mais quente do que qualquer outro mês de março anterior, com uma temperatura média de 14,14°C, sendo 0,73°C acima da média de março de 1991-2020 e 0,10°C acima do máximo anterior estabelecido em março/2016, segundo o observatório europeu Copernicus, como mostra o gráfico abaixo.
Os dados do observatório Copernicus mostram que a temperatura média global dos últimos doze meses (abril/2023 a março/2024) foi a mais elevada já registrada, de 0,7°C acima da média de 1991-2020 e de 1,58°C acima da média pré-industrial de 1850-1900.
Na Europa foi pior. A
temperatura média europeia em março/2024 foi 2,12°C acima da média de março de
1991-2020, tornando o mês o segundo março mais quente já registrado para o
continente, apenas um marginal 0,02°C mais frio do que março/2014.
Fora da Europa, as
temperaturas estiveram acima da média no leste da América do Norte,
Groenlândia, leste da Rússia, América Central, partes da América do Sul, muitas
partes da África, sul da Austrália e partes da Antártida.
A temperatura média global da superfície do mar, entre 60°S e 60°N, foi de 21,07°C, atingiu o valor mensal mais elevado já registado em março, ligeiramente acima dos 21,06°C registados em fevereiro. A temperatura da superfície marinha completou 12 meses de recordes, como mostra o gráfico abaixo.
Segundo o Instituto Climate Reanalyzer, da Universidade do Maine, a temperatura média dos trópicos que, nos valores máximos, costumava ficar abaixo de 26ºC, ultrapassou os 26,5ºC em março/2024 e pode superar, pela primeira vez, a marca de 27ºC. Desde meados de 2023 os valores dos trópicos estão registrando recordes históricos de temperatura, como mostra o gráfico abaixo.
O aumento da temperatura global acarreta profundas consequências em todas as áreas do mundo. A crise climática afeta os ecossistemas e a biodiversidade, resultando na extinção de espécies e no deslocamento de animais e plantas de seus habitats naturais. O aquecimento global está diretamente associado ao aumento na frequência e intensidade de eventos climáticos extremos, como furacões, secas, enchentes, ondas de calor e tempestades mais intensas, aumentando o número de mortes e de deslocados do clima.
As ondas letais de calor
contribuem para o aumento das doenças relacionadas ao clima, prejudicando as
condições de saúde existentes e agravando a carga de doenças e devem ameaçar
bilhões de pessoas na 1ª publicação
segunda metade do século XXI. A emergência climática gera custos econômicos
significativos, incluindo danos à infraestrutura, erosão dos solos, crises
hídricas e dívidas associadas à mitigação e adaptação. Além disso, prejudica a
produção agrícola e pecuária, levando à escassez de alimentos e ao aumento dos
preços dos produtos alimentícios, afetando a insegurança nutricional.
O aquecimento global provoca
o derretimento do gelo marinho e o colapso das calotas polares, ameaçando as
áreas urbanas costeiras, inundando terras agrícolas em regiões próximas ao mar
e colocando em risco a sobrevivência de bilhões de pessoas que residem em áreas
litorâneas. Os aumentos de temperatura estão acelerando o degelo dos polos, e a
perda de gelo no Ártico e na Antártica nunca foi tão intensa como atualmente. O
nível do mar subiu 0,76 cm em 2023, recorde absoluto e assustador.
A emergência climática é a principal ameaça à vida na Terra. Como disse o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres: “Estamos no caminho para o inferno climático”. Não existe Planeta B para onde fugir e Marte jamais poderá substituir a habitabilidade da Terra. Se a rota atual não for alterada, as consequências serão catastróficas para os ecossistemas, a economia e a população mundial. Os sinais da crise ambiental são, cada vez mais, evidentes. O colapso global do clima é uma ameaça real.
O ano de 2023 foi o mais quente já registrado, com meses seguidos de recordes de temperaturas e nove ondas de calor, segundo o Inmet.
Mundo bate recorde de calor
pelo décimo mês consecutivo em março/2024. (ecodebate)
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