O aumento do nível do mar por
consequência das mudanças climáticas deverá, até o final deste século, colocar
em risco de inundações terras que hoje abrigam quase 100 milhões de pessoas no
mundo. No Brasil, 2,1 milhões de pessoas serão afetadas por alagamentos anuais
nas regiões costeiras até 2100, aponta novo estudo da organização independente
de cientistas Climate Central.
O relatório Estado do Clima
Global 2023, da Organização Meteorológica Mundial (OMM), lançado em março deste
ano apontou que 2023 foi o ano mais quente já registrado e que o nível médio do
mar global atingiu um nível recorde na série de dados de satélite (desde 1993),
refletindo o contínuo aquecimento dos oceanos bem como o derretimento de
geleiras e calotas de gelo.
Segundo dados analisados pela
OMM, a taxa de aumento médio do nível do mar global nos últimos dez anos
(2014-2023) é mais que o dobro da taxa de aumento do nível do mar na primeira
década do registro por satélite (1993-2002). O aquecimento do planeta e
consequentemente dos oceanos são efeito das emissões de gases de efeito estufa,
sendo a queima dos combustíveis fósseis a principal responsável pelo aumento
desses gases na atmosfera.
À medida que os mares sobem,
as terras que antes estavam seguras passam a ficar sob risco de inundação,
expondo os residentes a ameaças cada vez maiores.
Os novos dados analisados
pelos pesquisadores da Climate Central mostram que, até 2100, as zonas de risco
se estenderão mais alto e mais para o interior das regiões costeiras, em áreas
onde 93 milhões de pessoas vivem atualmente.
No Brasil, a população na
zona de risco de inundação costeira anual em 2030 deverá ser de 1.3 milhão de
pessoas. Até 2100, esse número deverá aumentar 68%, com 2,1 milhões de pessoas
convivendo com a ameaça de inundações anuais.
Inundações costeiras podem aumentar em 50% até 2100
Ameaça global
Em alguns países, o risco de
inundação costeira até o final do século aumentará drasticamente o número e a
proporção de residentes potencialmente expostos a danos, perturbações e perdas
durante tempestades.
A China, por exemplo, tem
aproximadamente 52 milhões de pessoas vivendo na zona de risco onde se espera
que as inundações costeiras ocorram pelo menos uma vez por ano, em média, até
2030. Esse risco se expande até 2100 para terras onde vivem atualmente mais 29
milhões de pessoas.
No Vietnã, onde 18 milhões de
pessoas vivem na zona de risco em 2030, espera-se que a elevação dos mares até
2100 ameace as terras que hoje abrigam mais 7 milhões de pessoas. Se atingir
esse ponto, a zona de risco anual de inundação cobrirá uma área onde hoje vive
30% da população do país.
O risco anual de inundação
até 2100 se expandirá para terras onde vivem mais de 10 milhões de pessoas em
Bangladesh, 8 milhões de pessoas na Índia, mais de 6 milhões de pessoas na
Indonésia e 5 milhões no Japão. Essas mudanças forçarão grandes comunidades a
se adaptarem a ameaças mais graves e mais frequentes de inundações costeiras.
As estimativas vêm da análise
atualizada da Climate Central sobre elevações globais e projeções de risco de
inundação costeira, com base no cenário mais recente de emissões médias a altas
do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), aplicada a dados
populacionais para determinar o número de pessoas que vivem hoje em áreas que
se espera que sofrerão mais inundações costeiras devido ao aumento do nível do
mar.
A análise foi baseada em uma atualização extensa, de março de 2024, do CoastalDEM, o modelo de elevação digital orientado por IA da Climate Central. (O CoastalDEM é o conjunto de dados globais de menor erro de alturas de terras costeiras, conforme avaliado em relação a um conjunto de dados de referência global).
Beleza serena e riscos iminentes: a icônica praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, em meio às projeções alarmantes de aumento do nível do mar. Uma chamada urgente para a ação climática.
Ameaça Inevitável: Estudo da ONU Alerta para Inundação de Cidades Costeiras Brasileiras até 2100.
Projeções
preocupantes indicam risco iminente para Santos e Rio de Janeiro, com até 7,57%
e 7,35% de seus territórios cobertos pelo mar. Mudanças climáticas podem
reverter décadas de progresso em comunidades costeiras globalmente, alerta
PNUD.
Climate Central é um grupo
independente de cientistas e comunicadores que pesquisam e relatam fatos sobre
o clima em mudança e como isso afeta a vida das pessoas. (ecodebate)
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