Neste contexto, a captura de
carbono emerge como uma das soluções viáveis para mitigar as emissões de CO2,
principalmente provenientes de setores com mais dificuldade em substituir por
energias renováveis, como transporte, siderurgia, cimento e aviação.
Essa preocupação faz-se
necessária e urgente, uma vez que, segundo o relatório Painel
Intergovernamental de Mudanças Climáticas de 2021, é preciso limitar o aumento
da temperatura média global a 1,5°C em relação aos níveis pré-industriais, o
que requer uma redução de 45% das emissões de CO2 até 2030 e a
neutralidade de carbono até 2050.
É inegável e perceptível como
as alterações climáticas influenciam o mundo dos negócios: mais de seis em cada
dez organizações em todo o mundo (62%) afirmam que os recentes incêndios
florestais, inundações e tempestades durante 2023 terão um impacto nas suas
iniciativas ambientais, de acordo com a quinta edição do Índice de
Sustentabilidade Ambiental (ESI, na sigla em inglês) da Honeywell.
Neste contexto, a captura de carbono emerge como uma das soluções viáveis para mitigar as emissões de CO2, principalmente provenientes de setores com mais dificuldade em substituir por energias renováveis, como transporte, siderurgia, cimento e aviação. Além disso, ela pode contribuir para a remoção do gás já presente na atmosfera, empregando técnicas como a captura direta do ar ou a utilização de biomassa associada ao armazenamento de carbono (BECCS). Essas abordagens podem retirar mais gás do que o emitido, elemento chave para atingir a neutralidade de carbono.
Para além dos benefícios ambientais, a captura de carbono pode acarretar vantagens econômicas e sociais, criando oportunidades de emprego, fomentando a inovação e o desenvolvimento tecnológico, além de fortalecer a competitividade e a sustentabilidade das indústrias que adotam essa tecnologia. Essa tecnologia também pode favorecer a cooperação internacional e a integração regional, por meio de projetos conjuntos de transporte e armazenamento.
Soma-se a isso, também, a sua
importância para a redução das emissões de CO2 no setor de energia.
De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), as geradoras podem usar
usinas a gás com captura de carbono como “backup” para a intermitência das
energias eólica e solar, para que tenhamos avanços significativos na transição
energética para matrizes cada vez mais limpas, uma das megatendências que
acreditamos serem mais relevantes para os próximos anos.
Já há empresas investindo
intensamente em tecnologias capazes de auxiliar na redução das emissões de CO2,
como os sistemas de captura de carbono pós-combustão. Estes sistemas, aplicáveis
em usinas termelétricas a carvão ou gás natural, dentre outras, utilizam
solventes químicos para absorver o gás e, posteriormente, liberá-lo sob pressão
para transporte e armazenamento. Com a capacidade de capturar até 90% do CO2
gerado por essas fontes, viabilizando uma opção mais sustentável em curto
prazo.
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Os Estados Unidos, por exemplo, têm se destacado com o Inflation Reduction Act (IRA), programa de incentivo que destina recursos para o combate às mudanças climáticas e para a transição energética, especialmente com as expansões de créditos com este fim por grandes usinas, o que permitiria às instalações de combustíveis fósseis continuarem funcionando desde que capturem 75% ou mais de sua produção de carbono.
Termoelétricas de carvão ainda são comuns na Europa.
O governo brasileiro lançou,
em janeiro deste ano, uma nova política industrial com foco na bioeconomia,
descarbonização e transição e segurança energéticas. Uma das metas é a
ampliação em 50% da participação dos biocombustíveis na matriz energética
brasileira – esse número não chega a 22% atualmente. Outro ponto de destaque é
reduzir em 30% a emissão de carbono da indústria.
Apesar dos avanços
tecnológicos e do crescente reconhecimento da importância da captura de carbono
por alguns países, ainda existem desafios significativos a serem
superados. Para uma adoção em grande
escala desta tecnologia, é imprescindível que governos, empresas e organizações
internacionais colaborem para criar um ambiente propício, com regulamentações e
incentivos que promovam investimentos em tecnologias de baixa emissão do CO2.
Ainda assim, apesar destes desafios, a captura de carbono tem um imenso potencial para mitigar os impactos das mudanças climáticas por meio da criação de inovações e soluções tecnológicas, enfrentando esse desafio global de maneira decisiva.
Ações climáticas mais ambiciosas salvariam milhões de vidas.
Este artigo foi escrito por Leon Melli, Diretor de Vendas da Honeywell UOP, e reflete as percepções do executivo sobre a captura de carbono e o seu papel rumo à sustentabilidade corporativa. Leon Melli tem 18 anos de experiência nos setores químico, petroquímico, de petróleo e gás e de combustíveis renováveis. Leon é formado em Engenharia Química pela Universidade de São Paulo, Brasil, tem MBA em Economia de Engenharia e MSC em Petróleo e Gás, bem como em Energias Renováveis.
Leon Melli (ciclovivo)
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