sábado, 29 de junho de 2024

Decrescimento populacional da Bulgária

Decrescimento populacional da Bulgária com prosperidade econômica e ambiental.
O país europeu que ano após ano vê cidadãos emigrando e população diminuindo

Descubra como a queda na população búlgara está impulsionando o bem-estar e a sustentabilidade.

A Bulgária é um país do Leste Europeu que já apresenta decrescimento demográfico e vai ter uma das maiores reduções populacionais do mundo. É uma boa notícia, pois o menor número de habitantes está ocorrendo com aumento do bem-estar social e ambiental.

A população da Bulgária era de 7,2 milhões de habitantes em 1950 e atingiu o pico de 8,98 milhões em 1980. No ano 2000 o número de habitantes já tinha caído para 8,1 milhões e para 6,62 milhões em 2024. Portanto, a Bulgária já perdeu 2,36 milhões de habitantes entre 1980 e 2024, uma redução de 26% no período.

Mas a queda maior ocorrerá ao longo do atual século, pois o número de búlgaros deve cair para 2,94 milhões de habitantes em 2100. A redução populacional será de 3 vezes em 120 anos, conforme mostra o gráfico abaixo, com dados da Divisão de População da ONU (revisão 2022).

A Bulgária era uma nação predominantemente agrária, que fazia parte do Bloco do Leste europeu, aliado da União Soviética (URSS) durante a guerra fria e um membro do pacto de Varsóvia e do Comecon. Em 1980, segundo o FMI, era uma economia de renda média, com uma renda per capita, em poder de paridade de compra (ppp) de US$ 12,9 mil (cerca de 10% maior do que a renda per capita brasileira).

Com a queda do Muro de Berlim e o fim da URSS, a economia da Bulgária entrou em crise e a renda per capita caiu para US$ 10,6 mil no ano 2000 (abaixo da renda per capita brasileira). Porém, houve uma grande recuperação nos anos 2000 e a renda per capita búlgara chegou a US$ 28,7 mil em 2024 e deve alcançar US$ 33,9 mil em 2029 (o dobro da renda per capita brasileira), conforme mostra o gráfico abaixo. Ou seja, a Bulgária superou a “armadilha da renda média” exatamente enquanto havia decrescimento da população e envelhecimento da estrutura etária.

O gráfico abaixo compara as idades medianas da população brasileira e búlgara, que é um indicador do grau de envelhecimento de uma população. Nota-se que a idade mediana sempre foi maior na Bulgária. Em 1950, a idade mediana era de 17,5 anos no Brasil e de 26 anos na Bulgária. Em 2024, os números passaram para 34 anos e 45,1 anos. Para 2100, a Divisão de População da ONU estima uma idade mediana de 50,4 anos no Brasil e de 54 anos na Bulgária.

Em termos ambientais, a Bulgária está prestes a passar por uma situação inédita, saindo de um cenário de déficit para um superavit ecológico. Em 1961, a pegada ecológica da Bulgária era 19,7 milhões de hectares globais (gha) e a biocapacidade de 15,4 milhões de gha (havia um déficit de 4,3 milhões de gha. Em 1989, a pegada ecológica passou para 49,6 milhões de gha, para uma biocapacidade de 22,7 milhões de gha (um déficit de 26,9 milhões de gha). Mas, em 2022, a pegada ecológica ficou em 24,3 milhões de gha e a biocapacidade de 20,9 milhões de gha (o déficit diminuiu para 3,4 milhões de gha).

Os gráficos acima mostram que o decrescimento demográfico da Bulgária tem ocorrido de maneira alvissareira, concomitantemente ao aumento da renda per capita e à redução do déficit ambiental. Portanto, ao invés de uma crise populacional ou de “inverno demográfico”, a situação da Bulgária está mais próxima de uma primavera social e ambiental.

Isto ocorre, porque a queda da fecundidade abre espaço para o investimento na qualidade de vida das novas gerações, para a ampliação dos direitos de cidadania e para a melhor qualificação da força de trabalho. Por exemplo, em vez de investir em novas instalações escolares, a diminuição do número de potenciais estudantes permite se investir na melhoria da qualidade da educação e na expertise profissional. Em termos ambientais é uma notícia excelente, pois a redução da população diminui a demanda por serviços ecossistêmicos e reduz, inevitavelmente, a poluição gerada pelas atividades antrópicas.

O decrescimento demoeconômico com prosperidade social abre caminho para as políticas de mitigação e adaptação frente aos desafios da emergência climática e para o fortalecimento do meio ambiente, com a aceleração da restauração ecológica.

Sófia na Bulgária, cidade do Leste Europeu

A Bulgária vai servir de exemplo para outros países que estão avançados na transição demográfica e podem ter uma agenda de progresso social e ambiental. (ecodebate)

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