segunda-feira, 3 de junho de 2024

Dilúvios Extremos e o Futuro do Clima

Sem Limites para as Chuvas: Dilúvios Extremos e o Futuro do Clima.
Icônico pôr do sol de Porto Alegre a partir da Arena do Grêmio transformado pela enchente.

As mudanças climáticas intensificam as chuvas, levando a dilúvios cada vez mais frequentes e intensos. O Brasil, quarto maior poluidor do mundo, enfrenta um futuro com tempestades descomunais.

A matemática das chuvas.

Havia caído perto de 280 mm de chuva em poucos dias no vale do Taquari. Outras informações dão mais de 700 mm em poucos dias. Será que as pessoas fazem ideia do volume de água que esses números representam?

Aqui no Nordeste, quando construímos uma cisterna no pé da casa para as famílias, sempre tem um debate para que as pessoas entendam a tecnologia e como ela deve ser cuidada. E começa pela área de captação da água, o telhado. Então, se uma pessoa tem um telhado de 5 x 8 metros, ela tem um telhado de 40 m2. Ela vai aprender que cada milímetro de chuva que cai em um m2 está captando 1 litro de água. Então, se a chuva for de 50 mm, é só multiplicar por 40 que ela terá recolhido 2 mil litros de água na sua cisterna só naquela chuva.

Imaginem 280 mm em 26 mil km2, como é o caso do vale do Taquari. Um km2 tem 1 milhão de metros quadrados. Então, mais uma vez é só fazer as contas, isto é, 1.000.000 de m2, vezes 26 mil km2, vezes 280 mm de chuva. Equação: 1.000.000X26.000X280= 7.280.000.000.000 litros de água, isto é, 7 trilhões e 280 bilhões de litros de água caíram no vale do Taquari em aproximadamente 3 dias. Dividido por mil, dará 7 bilhões e 280 milhões de m3 de água. Só para efeito de comparação, todos os reservatórios do Rio Grande do Norte somados têm capacidade para armazenar 4.438.663.499 m3 de água. Logo, a chuva que caiu em 3 dias no vale do Taquari é quase o dobro de toda capacidade de armazenamento do Rio Grande do Norte.

Crise ambiental avança e clima extremo desafia o mundo

A coincidência de fenômenos meteorológicos devastadores em diferentes pontos do planeta —do frio extremo no Brasil à onda de calor na América do Norte, passando pelas enchentes na Europa e na China— colocou a mudança climática no foco do debate político e da preocupação social

É um dilúvio em qualquer lugar do mundo. As famosas Monções Asiáticas chegam a 160 mm e já são descomunais.

Mas, o desafio não para aí. Até aqui em Uauá, sertão da Bahia, nascente do Vaza Barris, caiu uma chuva perto de 200 mm em 24 horas. Exatamente a área em que alguns cientistas do clima disseram que está se desertificando, embora nós da sociedade civil tenhamos certa desconfiança porque essa questão é debatida há muito tempo e agora aparece como a descoberta da pólvora.

A questão é que não há mais limite para as chuvas. Com maior aquecimento global, maior será a evaporação e dilúvios como esses irão se repetir com mais frequência e mais intensidade. Se já estamos espantados com o Rio Grande do Sul de hoje, muito mais veremos com o passar dos anos. Como diz a meme da internet: “Dindinha já dizia, vocês vão ver coisas…”

Em tempo, não basta constatar o fenômeno e não é suficiente nos sensibilizarmos com o sofrimento das pessoas. As mudanças climáticas são o resultado da emissão dos gases de efeito estufa na atmosfera, causadas sobretudo pelos combustíveis fósseis e a derrubada e queima das florestas. Nem vamos falar das impermeabilizações, devastações e mudanças na legislação ambiental para facilitar a vida do capital predador.

Para 76% dos brasileiros, cidades não estão preparadas para climas extremos

O Brasil é quarto poluidor mundial, atrás apenas dos EEUU, China e Rússia. E não há nenhum sinal de controle sobre o agronegócio e as explorações petroleiras no país. Portanto, temos todos os ingredientes para séculos de tempestades descomunais. (ecodebate)

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