Os danos ambientais causados
pelas mudanças climáticas oriundas desse aquecimento global são bem
democrático, ou seja, atingem a todos indistintamente, inclusive aqueles
setores que colaboram significativamente para intensificar tais alterações no
clima e que relutam em mudar o comportamento no uso e exploração dos recursos
naturais.
Outro aspecto interessante
neste contexto dos negacionistas ambientais é que esses mesmos setores
sistematicamente criticam o tamanho do estado, e costumam criticar o peso do
estado sob o pretexto de que atrapalha os negócios do setor privado e, criam
obstáculos burocráticos para a acumulação de riqueza de segmentos que se
solidificaram na nossa sociedade através da apropriação predatória dos recursos
naturais. Nós estamos falando de décadas de saques e destruição do meio ambiente,
remontando a origem desse processo de degradação lá no final do século 18,
quando surgiu a “revolução industrial” e um dia o meio ambiente teria que
responder a grandeza e persistência dessa agressão.
Mas, diante das inúmeras
catástrofes ambientais geradas nas últimas décadas no nosso país, como o
rompimento de barragens de Mariana e Brumadinho, os deslizamentos na serra do
estado do rio de janeiro e no litoral de são Paulo, as queimadas de 2020 no
pantanal, e agora, as enchentes no Rio Grande do Sul torna-se insustentável
negar que vivemos tempos de mudanças climáticas produzindo efeitos extremos no
Brasil.
A estratégia atual dos
negacionistas ambientais já não é mais negar o óbvio, da existência do
aquecimento global gerando mudanças climáticas, mas, minar, através da
desinformação, a reivindicação de políticas para o clima.
Se por um lado o objetivo é
promover o “inativismo ambiental” baseado na descrença sobre a versão da
ciência, por outro lado, buscam “abrir a porteira”, com ações diversas para ampliação
da degradação ambiental com a omissão de governos, através de ações e projetos
que promovam a extinção ou redução de áreas de reserva legal, incentivo para
ocupação de áreas de reserva legal para atividades garimpeiras, incentivo para
implantação de barragens em áreas de preservação permanente, criação de
ferramentas jurídicas como “conciliação ambiental” para amenizar a punibilidade
de ilícitos ambientais, a prescrição das multas ambientais, enfim, são várias
as estratégias utilizadas atualmente pelos negacionistas climáticos para
precarizar a função dos órgãos ambientais e esfacelar o arcabouço legal
ambiental.
Portanto, para toda ação há uma reação, o planeta terra não é uma lixeira, ele responde, no devido tempo, as agressões sofridas, e ao longo dos seus 4,6 bilhões de anos houve mudanças climáticas naturais, fruto dos ciclos diferentes, glaciais e interglaciais, mas, a ação antropocêntrica intensificou o processo de degradação ambiental. Nos últimos 200 anos, período pós revolução industrial, o planeta teve sua temperatura aumentada de maneira considerável e preocupante, graças a ação humana e suas atividades econômicas impactantes.
O consumo exagerado e a produção elevada, aumentando a exploração irracional dos recursos naturais provocaram também o aumento da poluição atmosférica devido a emissões de gases poluentes pelas indústrias, automóveis e pelo desmatamento, e tudo isso têm acelerado as mudanças climáticas e causando eventos extremos como o que ocorre atualmente no estado do Rio Grande do Sul.
De acordo com o Relatório do
Painel Intergovernamental sobre mudanças climáticas (IPCC), é essencial que a
temperatura global não suba 2ºC acima dos níveis de temperatura antes da
revolução industrial, pois isso poderia ter consequências desastrosas, como
perda de biodiversidade, perda de habitat, diminuição das calotas polares,
inundações, etc., no entanto, os eventos extremos já chegaram, e constata-se
que as catástrofes ambientais vêm ocorrendo com maior frequência e intensidade.
Então, medidas deveriam ser adotadas, com certa urgência, para fazer frente a intensificação do processo produtivo dessa era antropocêntrica, geradora das mudanças climáticas, sendo salutar que no cenário global deveria rever metas de redução de emissões de gases poluentes, mais ousadas, e com definição de cronograma e projetos a serem viabilizados no curto e médio prazo, e no plano nacional e estadual é preciso elaborar e colocar em prática planos de enfrentamento aos efeitos das mudanças climáticas, com medidas de mitigação e de adaptação, como também, rever a estratégia de flexibilização das normas ambientais e precarização dos órgãos ambientais, e no plano municipal reorganizar os espaços urbanos com revisão dos planos diretores mais coerentes com os efeitos das mudanças climáticas, assim como é preciso ampliar a participação de todos os segmentos da sociedade para buscar construir um novo modelo de desenvolvimento, baseado nos princípios da sustentabilidade, sem abrir mão do fortalecimento e valorização do papel do estado e de sua função institucional em todas as áreas, inclusive na gestão ambiental, que deve ser vista como estratégica para esse novo momento histórico.
Esperamos que as eleições municipais de outubro reservem um bom tempo para o debate da governança climática e da sustentabilidade, essa é a nossa esperança. (ecodebate)
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