domingo, 29 de setembro de 2024

Biodiesel evitou a emissão de 21 milhões de toneladas de CO2 no último ano

Os cerca de 7,34 milhões de m³ de biodiesel consumidos ao longo do ano passado no mercado brasileiro evitaram que aproximadamente 21,1 milhões de toneladas de CO2 fossem lançadas na atmosfera. A estimativa consta da última edição da Análise de Conjuntura dos Biocombustíveis, publicada na última semana pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).

Biocombustíveis: maior consumo no 1º trimestre evitou emissão de 15 mi de t de CO2

Esse é o segundo maior valor trimestral registrado desde o início do estudo do Observatório de Bioeconomia da FGV.

Secretaria de Energia e Mineração de São Paulo

A vantagem econômica do etanol e a safra recorde no ciclo 2023/2024 intensificaram as vendas do biocombustível no início de 2024, permitindo que a participação atingisse 26,3% no consumo energético total da frota leve brasileira no primeiro trimestre deste ano.

O nível é superior aos 17,7% observados no mesmo período de 2023, informa o Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia da Fundação Getulio Vargas (FGV) em seu relatório trimestral.

Trata-se de um avanço de 15,3% em relação aos 18,3 milhões de toneladas evitadas no ano anterior. Em 2022, as emissões evitadas pelo uso de biodiesel haviam caído 3,4% devido à política de corte no mandato de biodiesel implementada a partir de maio de 2021 pelo governo Bolsonaro, numa tentativa de conter os preços do óleo diesel. (biodieselbr)

sexta-feira, 27 de setembro de 2024

Resíduos sólidos urbanos: uma oportunidade jogada fora no Brasil

Quando vistos como matéria-prima para produção de energia e produtos de maior valor agregado, com a geração de receitas e empregos, as oportunidades reais de aplicação não passarão despercebidas.
O Brasil está entre os maiores geradores de resíduos sólidos urbanos (RSU) do mundo: em 2022 foram gerados cerca de 80 milhões de toneladas, segundo levantamentos da Associação Brasileira de Resíduos e Meio Ambiente (Abrema). Tradicionalmente os resíduos são vistos como lixo, o que reflete no seu baixo aproveitamento e destinação inadequada no país.

Somente 4% dos RSU são reciclados, sendo o restante encaminhado para os aterros sanitários e até lixões a céu aberto, estes últimos que, mesmo após 14 anos da implementação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS – instituída pela Lei Federal nº 12.305, de 02/08/2010), ainda representam quase 40% da destinação final no Brasil.

A partir do momento em que os resíduos são vistos como uma oportunidade para geração de bioenergia e bioprodutos de valor agregado, tem-se um cenário completamente diferente.

Podemos tomar como exemplos países desenvolvidos, como Alemanha, Suécia e Japão, que são referência mundial na gestão sustentável e eficiente de resíduos, se pautando em políticas públicas progressivas, desenvolvendo e implementando infraestrutura de ponta para coleta, tratamento e disposição, e estabelecendo metas factíveis pautadas em um bom planejamento.

Nestes países os resíduos são segregados na fonte desde as décadas de 80 ou 90, o que facilita sobremaneira o processo de reciclagem e o aproveitamento da fração orgânica. E lixo é considerado somente a parcela do resíduo que não é passível de nenhum tipo de aproveitamento e, somente nestes casos, pode ser aterrada. Ainda assim, passando por um tratamento prévio (mecânico-biológico ou térmico) para evitar impactos ambientais do aterramento.

No caso da Alemanha, dados do Federal Statistical Office (Destatis) apontaram uma taxa de reciclagem de RSU de quase 70% no país, enquanto a fração orgânica é aproveitada em processos de compostagem ou em processos Waste-to-Energy (W2E), como incineração e a produção de biogás por meio da digestão anaeróbia, sendo os usos energéticos normalmente na forma térmica ou elétrica.

No caso do biogás, vem crescendo também sua purificação a biometano (cerca de 15% do total de biogás produzido em 2021, segundo a European Biogas Association – EBA), utilizado como biocombustível similar ao gás natural, porém de origem renovável. E além do produto gasoso, a digestão anaeróbia produz o biodigerido (ou digestato), que é utilizado como biofertilizante ou melhorador de solos majoritariamente na agricultura (97%), mas também em outros setores, como paisagismo.

Nestes países observa-se que a taxa de geração dos resíduos é acompanhada da oferta da infraestrutura necessária para uma gestão inteligente, fato que não ocorre no Brasil, que tem um potencial energético enorme a partir deste aproveitamento.

Segundo dados da Associação Brasileira de Biogás e Biometano (Abiogás), o potencial teórico de produção de biogás brasileiro a partir de biomassa residual em geral é de 84,6 bilhões de metros cúbicos por ano, suficiente para suprir 40% da demanda interna de energia elétrica e 70% do consumo de diesel. No entanto, a produção efetiva de biogás fica abaixo dos 3% do potencial teórico, sendo o setor de saneamento o que mais contribui atualmente para esta produção (cerca de 60%), principalmente através dos aterros sanitários.

Para os países referência internacional em gestão sustentável supracitados, o aterramento é uma tecnologia para tratamento de lixo e não de resíduo. Ou seja, o Brasil desperdiça toneladas de resíduos que poderiam ser melhor aproveitados se houvesse um bom sistema de coleta, separação, tratamento e disposição.

Mas para não deixar o otimismo de lado, temos um exemplo pioneiro no Brasil para aproveitamento energético da fração orgânica de RSU, utilizando tecnologia 100% nacional baseada na digestão seca para produção de biogás.

A planta, que entrou em operação em 2017 e tem capacidade de processamento de 50 toneladas/dia, localiza-se na Estação de Transferência do Caju, Rio de Janeiro, e foi fruto de uma parceria entre a empresa Methanum, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (Comlurb), com financiamento do BNDES. Este exemplo mostra como a integração entre poder público, academia e setor privado permite o desenvolvimento de soluções inovadoras em benefício da sociedade.
Em resumo, quebrar o paradigma do “joga fora no lixo” é o maior desafio quando se visa uma gestão mais sustentável e eficiente dos RSU no Brasil. Quando forem vistos como matéria-prima para produção de energia e produtos de maior valor agregado, com a geração de receitas e empregos a partir de seu tratamento, as oportunidades reais de aplicação não passarão despercebidas. (brasilenergia)

quarta-feira, 25 de setembro de 2024

O Brasil no ranking do trilema de energia do WEC

Embora grande produtor de energia ambientalmente sustentável, o país não oferece energia acessível a seus habitantes. Com isso, ocupa uma despretensiosa 36ª posição, quando poderia figurar entre os primeiros.

O Brasil ocupa a 36ª posição, com 68,3 pontos. O destaque positivo do Brasil é a dimensão sustentabilidade, com 76,8 (mesma pontuação da Bélgica, que ocupa a 16ª posição).
O World Energy Council (WEC), desde 2010, analisa e divulga o conceito de trilema da energia. Informações detalhadas estão neste link. O trilema consiste na contradição entre três dimensões: a segurança, ou seja, a disponibilidade e a confiabilidade das fontes de energia; a equidade, isto é, o fácil acesso e preços compatíveis com a economia do país; e a sustentabilidade ambiental, ou seja, a geração de energia com baixo impacto ao ambiente.

A contradição fica clara quando, num exercício de abstração, prioriza-se apenas uma das dimensões. Ao se priorizar a dimensão sustentabilidade ambiental, por exemplo, confiabilidade e preços da energia podem ficar prejudicados. Seria justo privar as empresas e as pessoas de acesso a fontes de energia com alta confiabilidade e preços módicos? Em outro extremo, seria justo oferecer energia firme e barata a todos, mas com efeitos deletérios ao ambiente?

O WEC elaborou e mantém atualizado o Energy Trilemma Index. Trata-se de lista com 126 países, indicando a pontuação e a posição de cada um deles em função de pontos obtidos nas três dimensões do trilema.

A classificação é liderada pela Dinamarca, com 83,2 pontos, destacando-se a dimensão equidade, com 95,8. Os EUA ocupam a décima posição, com 78,9 pontos totais, também com destaque à equidade, com 97,3 pontos. Os Emirados Árabes Unidos ocupam a 30ª posição. Com destaque, novamente, para a equidade, com 99,9 pontos.

O Brasil ocupa a 36ª posição, com 68,3 pontos. O destaque positivo do Brasil é a dimensão sustentabilidade, com 76,8 (mesma pontuação da Bélgica, que ocupa a 16ª posição). O destaque negativo é a equidade, com 62,8 pontos.

Não se pode alegar surpresa, pois o Brasil sofre de baixa equidade em quase todos os setores de seu contexto socioeconômico, a começar pelos sofríveis indicadores de distribuição de renda. Mas, também no contexto energético, nossos indicadores são baixos, em razão de falhas no acesso e de altos preços de energia elétrica e de combustíveis.

Há muitos estudos e controvérsias sobre a baixa equidade energética no Brasil. Mas tributação regressiva e subsídios ineficientes aparecem com frequência entre as possíveis causas. A reforma tributária em curso e revisões de alguns subsídios apontam para melhorias neste indicador.

Brasil ocupa 53º lugar no ranking mundial de segurança e sustentabilidade energética

Na América Latina, o país perde posição para Uruguai, Chile, Colômbia, Peru e Costa Rica. Dinamarca, Suíça e Suécia estão tem os sistemas energéticos mais equilibrados do mundo

A cadeia produtiva do setor de energia, incluindo fontes renováveis e não-renováveis, tem papel relevante nas três dimensões.

É a cadeia produtiva que, por meio de seus bens e serviços, explora, descobre e viabiliza a transformação de fontes primárias em energia utilizável pela sociedade, agindo assim na dimensão segurança energética. É ela que, por meio do desenvolvimento de inovações, vai produzir energia com cada vez menor impacto ambiental, contribuindo assim para melhorar os indicadores da dimensão sustentabilidade.

Mas a terceira dimensão, justamente aquela em que o Brasil tem os piores indicadores, é onde a cadeia produtiva pode dar sua maior contribuição.

A cadeia produtiva de energia é uma grande empregadora, com muitos empregos de alta qualificação e renda. No setor de produção de petróleo, por exemplo, entre diretos e indiretos, são mais de 600 mil empregos. Sem contar os empregos induzidos por efeito renda, que adicionam outros 270 mil empregos, em razão de salários médios de R$12 mil/mês, contra R$2,8 mil/mês da média salarial nacional.

Salários mais altos, típicos em todo o setor industrial, contribuem para aumentar a equidade, precisamente porque mais renda implica maior capacidade de aquisição de energia. Empregos produzem efeito similar ao de energia a preços mais baixos.

Para maximizar estes efeitos positivos, o Brasil precisa ter como aspiração - e agir para obter resultados nesta direção -, tornar-se um país de alta relevância na produção de bens e serviços para produção de petróleo e de energias renováveis.

Para além de produzir energia ambientalmente sustentável e com confiabilidade, precisa e pode ser uma plataforma global de bens e serviços para a transição energética no Brasil e no mundo.

Matriz energética brasileira é bastante renovável, especialmente a matriz elétrica:

A maior parte da energia elétrica do Brasil vem de fontes renováveis, como a energia hidrelétrica, eólica e solar.

A matriz elétrica brasileira é mais renovável do que a matriz energética como um todo.

A matriz energética brasileira é mais limpa que a média mundial.

O Brasil é líder em ações de transição energética, inserindo novas fontes renováveis.

A energia hidrelétrica é a principal fonte renovável do Brasil, aproveitando a vasta rede de rios do país.

A energia eólica e a solar têm ganhado destaque nos últimos anos.

A lixívia, o biodiesel e o biogás também são fontes renováveis que têm crescido no Brasil.

O Plano Decenal de Expansão de Energia 2024 estima que o Brasil aumente sua capacidade instalada de geração de energia elétrica em 73 mil MW, com cerca de metade dessa expansão baseada em fontes renováveis.

Temos uma matriz energética bastante renovável, mas podemos ocupar posições mais altas no ranking do trilema energético se nossa cadeia produtiva de energia subir mais degraus em sua presença em outros países além do Brasil. (brasilenergia)

segunda-feira, 23 de setembro de 2024

Como mudanças climáticas impulsionam incêndios no Brasil

O especialista afirma que as secas consecutivas e as estações de chuvas mais curtas não proporcionam aos solos tempo suficiente para se reabastecerem de água, o que torna a vegetação mais vulnerável aos incêndios.

Enquanto país enfrenta a pior seca da história, fogo se alastra por diversos biomas, da Amazônia ao Pantanal.
Amazônia e outros biomas vivem recorde de incêndios e fumaça se espalha pelo Brasil; causas das queimadas são investigadas.

Enquanto país enfrenta a pior seca da história, fogo se alastra por diversos biomas, da Amazônia ao Pantanal. Fumaça encobre diversas cidades. O Brasil já registrou em 2024 o maior número de incêndios florestais dos últimos 14 anos. O fogo devastou áreas de vários biomas do país, incluindo Amazônia, Pantanal e Cerrado. A fumaça se espalhou pelo país encobrindo várias cidades em diferentes regiões.

Somente em São Paulo, mais de 59 mil hectares foram queimados em regiões de plantio de cana-de-açúcar. A Polícia Federal investiga suspeitas de incêndios criminosos iniciados em locais diferentes que se espalharam rapidamente através da vegetação extremamente seca, numa região onde não chove há semanas. As autoridades reportaram que as temperaturas altas, juntamente com os ventos fortes e a baixa umidade, se tornaram uma combinação explosiva.

Não somente em São Paulo, o fogo encontra um cenário propício para se alastrar. O país enfrenta ainda a maior seca da história, segundo o Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden). Dados do World Weather Attribution (WWA), um grupo de cientistas de diferentes países que investiga os efeitos das mudanças climáticas sobre o clima extremo, indicam que o mês de junho no Brasil foi o mais seco, quente e ventoso desde o início dos registros, em 1979.

Em agosto, os estados que mais registraram focos de incêndio foram o Mato Grosso (mais de 10,4 mil), Pará (9,6 mil), Amazonas (7,7 mil), Mato Grosso do Sul (4,2mil) e São Paulo (3,4 mil). A Amazônia e o Pantanal foram os biomas mais afetados.

Incêndio em plantação de cana-de-açúcar em Dumont (SP), em 24/08/2024.

Um relatório divulgado no início de agosto pelo WWA afirma que os incêndios no Pantanal estão 40% mais intensos devido às mudanças climáticas. Os dados corroboram essa análise, uma vez que as precipitações médias anuais vêm diminuindo de maneira contínua no bioma há mais de 40 anos.

"Essas 'megassecas' se tornam cada vem mais frequentes e graves", afirma Carlos Peres, especialista em ecologia e conservação da Universidade East Anglia, no Reino Unido. Segundo o brasileiro, cerca de três quintos do país estão ficam mais secos.

Floresta secando

Em junho, um estudo da organização não-governamental MapBiomas, uma rede que envolve universidades, ONGs e empresas de tecnologia e que realiza estudos para monitorar mudanças na cobertura e no uso da terra, revelou que a Amazônia e o Pantanal estão ameaçados por essa perda de água.

A Amazônia, por exemplo, iniciou 2023 com superfície de água acima da média histórica e, meses depois, o bioma enfrentou uma seca sem precedentes. O rio Negro registrou o menor índice desde que seu nível começou a ser acompanhado, há 100 anos.

Proporcionalmente, o Pantanal foi o bioma que mais secou desde 1985. Em 2023, a superfície de água anual registrada ficou em 3.820 km², o que representou uma redução de 61% em relação à média histórica. Além da diminuição da área alagada, o tempo em que este terreno fica submerso também caiu.

Incêndio florestal consome a vegetação na região da Nhecolândia, no Pantanal do Mato Grosso do Sul.

Filho de pecuarista, Peres cresceu nos anos 1960 e 1970 no Pará. Durante sua vida, ele viu a Amazônia encolher em 20%. Parte do que restou da floresta acaba sendo cada vez mais atingida pelas queimadas. "Há 25 anos, as florestas na Amazônia, mesmo se estivessem em solos arenosos ou em áreas atingidas por secas sazonais, não queimavam a não ser que houvesse algum tipo de perturbação humana, como a extração de madeira", diz Peres. "Mas, isso mudou".

O especialista afirma que as secas consecutivas e as estações de chuvas mais curtas não proporcionam aos solos tempo suficiente para se reabastecerem de água, o que torna a vegetação mais vulnerável aos incêndios.

Luciana Gatti, que lidera uma equipe de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), avalia que o problema está apenas piorando. "Estamos acelerando o colapso climático", afirmou à DW, sublinhando que o desmatamento tem contribuído mais do que o aquecimento global para aumentar as temperaturas na Amazônia. "A floresta que restou não é mais a mesma. É como se a Amazônia estivesse doente".

Árvores e outras plantas agem como reguladores do clima ao absorverem dióxido de carbono e liberarem vapor no ar através de um processo chamado evapotranspiração. Gatti diz que, no Brasil, a água evaporada da Amazônia e do Pantanal age como uma "camada de proteção do clima" que ajuda no resfriamento da atmosfera. No entanto, com o aumento constante do desmatamento e das queimadas, essa camada está enfraquecendo.

Em um estudo de 2021 publicado na revista especializada Nature, Gatti escreveu que partes do sudeste da Amazônia já começam a agir como fontes emissoras de CO2, ao invés de absorverem os gases causadores do efeito estufa, como de costume. Ela explica que, embora o desmatamento tenha diminuído nos últimos anos, a degradação das florestas piorou devido aos incêndios e outros fatores. "O problema é que o fogo está cada vez mais incontrolável".

Imagem aérea do dia 01/07/2024 em Corumbá/MS mostra área devastadas pelo fogo no Pantanal.

Queimadas e secas mais frequentes

"Esses eventos extremos estão se tornando mais frequentes", reforça Julia Tavares, uma ecóloga brasileira e pesquisadora da Universidade de Uppsala, na Suécia. Em um estudo de 2023, ela e seus colegas analisaram como partes diferentes da floresta úmida reagiam a condições mais quentes e secas, e concluíram que algumas regiões da Amazônia estão cada vez mais instáveis.

ONG World Resources Institute relata que incêndios florestais mundo afora estão piorando, destruindo duas vezes mais árvores do que há 20 anos. Um relatório do Programa Ambiental da ONU prevê que a ocorrência desses incêndios deverá aumentar em 30% até 2050.

Tavares afirma que, embora as mudanças climáticas não estejam provocando diretamente os incêndios no Brasil, o surgimento espontâneo de chamas é algo bastante raro em climas tropicais. "É causado por pessoas; por ações humanas que são reforçadas pelas mudanças climáticas, que criam melhores condições para que o fogo se espalhe".

A pesquisadora destaca os enormes lotes de terra desmatados, com frequência por fazendeiros que ateiam fogo à vegetação ao utilizarem uma técnica chamada agricultura de corte e queima, constantemente removendo partes da floresta intocada.

"As coisas mudam com muita rapidez", diz Peres, ao explicar como o aumento das queimadas e das secas colocam em risco a segurança alimentar e da água, eliminado a biodiversidade e prejudicando a saúde.

O pesquisador alerta que, cada vez que a floresta queima prepara o terreno para "queimadas mais frequentes e intensas na próxima vez", uma vez que mais vegetação morre e vira combustível para os incêndios florestais. "Quando a floresta queimar pela terceira vez, não teremos mais floresta", diz Peres. "O prejuízo que isso acarreta, tanto em termos de perda de biodiversidade e de perda armazenamento de carbono, é enorme". (brasildefato)

sábado, 21 de setembro de 2024

Futuro da Sustentabilidade nas Empresas em 2024

O Futuro da Sustentabilidade nas Empresas em 2024: Um Novo Paradigma.
No cenário empresarial de 2024, a sustentabilidade se estabeleceu como um pilar fundamental, transcende a mera palavra-chave ou tendência efêmera. Ela é, na verdade, uma parte intrínseca do DNA das empresas que não apenas almejam sobreviver, mas prosperar a longo prazo. As organizações conscientes reconhecem que a sustentabilidade não se trata apenas de minimizar o impacto ambiental, mas de satisfazer as expectativas crescentes dos consumidores preocupados com o meio ambiente. Ganhar a lealdade do cliente tornou-se uma questão central para as empresas.

Os consumidores modernos não apenas desejam produtos e serviços de alta qualidade, mas também desejam apoiar empresas comprometidas com a responsabilidade social e ambiental. Em 2024, a sustentabilidade é o elo que une as empresas a seus clientes, criando uma relação de confiança e fidelidade que vai além do simples comércio. Outro ponto crucial que as empresas sustentáveis estão prontas para enfrentar em 2024 são as regulamentações ambientais cada vez mais rigorosas.

À medida que governos e órgãos reguladores em todo o mundo intensificam seus esforços para combater as mudanças climáticas e proteger o meio ambiente, as empresas sustentáveis estarão à frente do jogo. Elas já implementaram medidas proativas para cumprir ou até mesmo superar essas regulamentações, o que não apenas evita multas e sanções, mas também contribui para uma reputação positiva e, consequentemente, para um aumento na base de clientes. A sustentabilidade em 2024 também se traduz em eficiência operacional.

Empresas que adotam práticas sustentáveis frequentemente encontram maneiras de reduzir seus custos operacionais. A eficiência energética é um exemplo notável. Investir em tecnologias e processos que reduzem o consumo de energia não apenas reduz os custos de funcionamento, mas também diminui a pegada de carbono, tornando a empresa mais atraente para clientes e investidores. Além disso, a sustentabilidade é um caldeirão de inovação.

Empresas que adotam uma abordagem sustentável estão constantemente procurando novas maneiras de melhorar seus produtos e serviços. A busca por soluções ambientalmente amigáveis e inovadoras é uma oportunidade de ouro para a diferenciação no mercado e o desenvolvimento de produtos que atendam às necessidades em constante evolução dos consumidores. Em resumo, em 2024, ser sustentável não é mais uma simples opção para as empresas; é um imperativo para o sucesso nos negócios. A sustentabilidade não apenas atende às preocupações do planeta e da sociedade, mas também é uma estratégia inteligente que promove o crescimento, a lucratividade e a durabilidade no competitivo mundo dos negócios. Portanto, as empresas que ainda não embarcaram nessa jornada estão perdendo não apenas a oportunidade de fazer a diferença, mas também de garantir sua própria relevância no futuro.

"Sustentabilidade e ESG em 2024: Pioneirismo nas Tendências, Desafios e Oportunidades" aborda a importância crescente da sustentabilidade e dos princípios ESG (Ambiental, Social e Governança) no cenário global. (rodabrasil.eco)

quinta-feira, 19 de setembro de 2024

Brasil espera crescer 20% em produtos sustentáveis

Fox ESS aposta em produtos sustentáveis e espera crescer 20% no Brasil.

Companhia faturou US$ 20 milhões em 2023 no Brasil e espera atingir US$ 24 milhões em 2024.

A Fox ESS faturou US$ 20 milhões em 2023 no Brasil e a expectativa é de um crescimento de 20% em 2024, atingindo os US$ 24 milhões. Globalmente, a companhia apresentou um faturamento de US$ 452 milhões em 2023, com uma previsão de crescimento para US$ 642 milhões este ano.
Fox ESS planeja crescer 30% em vendas no mercado do Nordeste até 2025

Região Nordeste atualmente representa quase 20% da energia renovável instalada no País.

A energia solar no Nordeste do Brasil tem se consolidado como uma das principais fontes de energia renovável, refletindo o crescimento do setor fotovoltaico no país. Dados da Associação Brasileira de Energia Fotovoltaica (Absolar) mostram que os estados do Nordeste são responsáveis por 19,9% da potência instalada em energia solar, atingindo 5.769,70 MW em maio de 2024. Os três estados com maior destaque são: Bahia, representando 4,5% do mercado nacional; Ceará, com 3,2%; e Pernambuco, com 3%.

Dados recentes da Absolar apontam que o Brasil atingiu a marca de 2 milhões de residências com energia solar nos telhados, que representam mais de R$ 70,3 bilhões em investimentos acumulados desde 2012. Os telhados solares nas casas somam cerca de 13 gigawatts (GW) de potência instalada e estão espalhados em mais de 5,5 mil municípios brasileiros.

Robson Meira, Country Manager Brasil da Fox ESS, destaca que Nordeste brasileiro é uma região privilegiada devido à alta incidência de irradiação solar durante todo o ano. A proximidade com a linha do Equador confere à região um alto potencial de geração de energia solar e pouca variação na irradiância ao longo das diferentes estações. Meira afirma que cerca de 40% das vendas da Fox ESS estão concentradas no Nordeste, e a expectativa é de um crescimento de 30% nesta região até 2025. “O mercado de energia solar na região está em ascensão, impulsionado principalmente pelo custo mais baixo das terras, o que facilita a implantação de usinas solares”, pontua Robson.

Investimento da Fox ESS – A Fox ESS – uma empresa unicórnio avaliada em US$ 1,38 bilhão na Bolsa de Valores de Hong Kong e líder no setor de armazenamento de energia – está investindo aproximadamente R$ 1 milhão na expansão de seu centro de distribuição e reparos em Cotia (SP). Segundo Robson, esta expansão visa atender à crescente demanda nacional e fortalecer a presença da empresa nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil. Este investimento é estratégico para aproveitar o potencial de crescimento na geração distribuída de energia solar nessas regiões.

Atualmente, o Grupo Tsingshan, uma força global com um faturamento anual de US$ 55 bilhões, é um dos acionistas proeminentes da Fox ESS e líder no setor de armazenamento de energia. Dentro deste conglomerado, destaca-se a REPT BATTERO, classificada como a terceira maior fornecedora mundial de baterias de lítio em 2023, de acordo com o ranking da Infolink.

Juntas, a Fox ESS e a REPT BATTERO possuem uma capacidade de produção de 120 GWh por ano de baterias e células. Esse feito é complementado pela robusta capacidade de produção de inversores da Fox ESS, atualmente atingindo 10 GW por ano e projetada para dobrar até o final de 2024, atingindo 20 GW. Além disso, a capacidade total de fabricação planejada está estabelecida para alcançar os 60 GW anualmente, solidificando ainda mais sua posição como líder do setor.

O que distingue ainda mais a Fox ESS é sua posição única como a primeira empresa a possuir toda a cadeia produtiva para soluções de armazenamento de energia. Desde a extração de minerais até o desenvolvimento de células e baterias, bem como a produção de inversores, a Fox ESS realiza todas as etapas do processo, culminando na venda de produtos de alta qualidade e confiabilidade.

O portfólio diversificado de produtos da Fox ESS abrange uma ampla gama de soluções, incluindo inversores on grid e híbridos, baterias, EV Chargers (carregadores para veículos elétricos) e BESS (Sistemas de Armazenamento de Energia). Essa abordagem garante que a Fox ESS esteja na vanguarda da inovação e pronta para atender às crescentes demandas do mercado de energia sustentável e renovável.

Sistemas de energia solar oferecidos: A Fox ESS trabalha com dois sistemas de energia fotovoltaica: on grid e híbrido.

Crescimento dos gastos globais com energia verde (renováveis e sustentáveis) ​​foi limitado a US$ 60 bilhões em 2023.

Sistema on grid – é o sistema conectado à rede elétrica pública e permite que a energia gerada pelos painéis solares seja usada diretamente em uma residência ou empresa, e qualquer excesso de energia produzida é enviado para a rede elétrica. Este sistema é composto por painéis solares, inversores (responsável por converter corrente contínua em corrente alternada), compatível com a rede elétrica, mais o medidor bidirecional que registra a quantidade de energia consumida da rede e a quantidade de energia excedente enviada à rede.

Como benefício, o excesso de energia gerada pode ser “vendido” para a rede, gerando créditos que podem ser usados para reduzir a conta de energia elétrica. Como desvantagens, o sistema depende da rede elétrica para seu total funcionamento. Durante as falhas ou interrupções na rede elétrica, o sistema on grid também deixa de fornecer energia, a menos que tenha um sistema de backup.

Sistema híbrido – Estes combinam características dos sistemas on grid e off grid, oferecendo uma solução mais robusta e flexível, além de armazenar energia em baterias para uso durante falhas na rede elétrica ou em horários de pico tarifário.

Os preços das baterias tendem a reduzir num futuro próximo e serão mais viáveis economicamente. “Com certeza, o consumidor terá vantagens importantes ao optar por este sistema, principalmente, devido às tarifas de energia. Por exemplo, se a energia é mais cara durante à noite, as baterias podem ser utilizadas para armazenar energia durante o dia, quando é mais barata, e usá-la durante o período de tarifa mais alta. Isso não apenas reduz os custos de eletricidade para o consumidor, mas também ajuda a maximizar o uso de energia renovável e a aliviar a carga sobre a rede elétrica durante os períodos de pico de demanda. Portanto, embora o payback inicial de um sistema híbrido possa ser maior atualmente, os benefícios adicionais em termos de conforto, segurança e economia de energia futura, juntamente à expectativa de redução dos custos das baterias, tornam os sistemas híbridos uma opção promissora”, complementa Robson. 

Investimento global em energia limpa chega a US$ 1,8 trilhão em 2023 – mas ainda está longe da meta climática.

Para mais informações, visite br.fox-ess.com

TOP 10 – Ranking estadual de residências com energia solar

Posição UF Número de telhados solares em residências

1º SP 385.373

2º RS 303.180

3º MG 291.829

4º PR 176.482

5º BA 173.489

6º RJ 121.569

7º PE 113.254

8º MT 107.415

9º GO 102.676

10º MS 102.530 (tecla1)

terça-feira, 17 de setembro de 2024

Sistema de irrigação por gotejamento

Sistema de irrigação por gotejamento acionado por FV com armazenamento de ar comprimido.

O sistema proposto usa ar comprimido para armazenar energia, bem como para a prevenção de entupimentos nos tubos de irrigação. Dois sistemas experimentais foram construídos e testados na China e o entupimento foi reduzido em até 93%.
Pesquisadores da Northwest A&F University da China desenvolveram um novo sistema de irrigação por gotejamento alimentado por solar fotovoltaica, que armazena energia na forma de ar comprimido. O uso de ar comprimido não apenas regula o desempenho do sistema, mas também garante uniformidade no fluxo de saída da irrigação e melhora o antientupimento dos tubos.

“Este modelo inovador de irrigação fotovoltaica aborda efetivamente as flutuações na saída fotovoltaica, que muitas vezes dificultam o fornecimento de energia estável e confiável para sistemas de irrigação por gotejamento. Além disso, os processos de armazenamento e liberação de energia geram uma pressão de água dinâmica pulsada que melhora o desempenho antientupimento dos sistemas de irrigação por gotejamento, ao mesmo tempo em que garante uniformidade na distribuição de água”, disse o autor correspondente Dr. Maosheng Ge à pv magazine. “Nossas descobertas indicam que recursos solares off-grid de pequena escala podem ser perfeitamente combinados com a tecnologia de irrigação por gotejamento por meio dessa abordagem direta”.

Para maximizar o equilíbrio entre água e energia do sistema, os pesquisadores utilizaram um tanque de pressão selado com uma mistura de ar e água. Esse tanque está localizado entre uma bomba e os tubos de gotejamento. O tanque é inicialmente preenchido com ar e, uma vez que a energia solar está disponível, a bomba empurra água para o tanque, comprimindo efetivamente o ar nele. Uma vez que uma certa pressão é atingida, uma válvula se abre, liberando a água armazenada em pulsos. Uma vez que a água é liberada, o ar se expande novamente, permitindo a repetição do ciclo.

“Durante o processo do ciclo, o volume de ar no tanque de pressão sofre expansão durante cada processo de irrigação por gotejamento de pulso, garantindo assim a consistência do tempo do jato de pulso e do fluxo de descarga”, disse o grupo. “Embora a saída do painel solar e o desempenho de elevação de água da bomba variem devido a variações na irradiação solar ou oclusão de nuvens durante diferentes períodos do dia, essas diferenças alteram apenas o tempo de elevação e injeção de água de cada período de pulso em diferentes horas do dia, sem afetar o processo do jato de pulso”.

Para testar o novo sistema, os cientistas construíram duas configurações experimentais em Yangling, China. Para a análise do desempenho hidráulico, eles usaram um painel fotovoltaico de 374 W que alimentava uma bomba de 16 L/min. A bomba conduzia água por um tubo central de 48 metros, ao qual oito tubos laterais eram conectados, cada um com seis metros de comprimento. Em cada bomba, seis emissores foram colocados, resultando em um total de 48 emissores em todo o sistema. Abaixo de cada um deles, um copo de medição foi colocado.
O layout do sistema. Imagem: Northwest A&F University, Agricultural Water Management

O segundo sistema experimental focou em desempenhos antientupimento. Para isso, água lamacenta com um teor de areia de 2 g/L estava fluindo em quatro fitas de gotejamento. Uma fita recebeu sua água diretamente do tanque de água contaminada usando uma bomba, enquanto as outras três tinham um tanque de pressão entre a bomba e a fita. Nas três últimas, o sistema usou a mesma técnica de pressão de água&ar da primeira configuração.

“O sistema opera no modo de irrigação por gotejamento de pulso cíclico intermitente, com a vazão do emissor variando como uma função de potência da pressão de pico para garantir uma uniformidade de vazão não inferior a 91,76%”, explicou o grupo. “Além disso, a pressão de pulso dinâmica gerada pelo sistema melhora significativamente o desempenho ante entupimento do emissor. Durante os testes de entupimento intensificados, a deposição de sedimentos no tubo lateral foi reduzida em 78,95% – 93,36% em comparação com os sistemas de irrigação por gotejamento contínuo de pressão constante”.

Além disso, a equipe conduziu uma análise econômica do sistema, descobrindo que a implementação do sistema custará US$ 373,13, equivalente ao investimento inicial de US$ 103,84 na irrigação por gotejamento tradicional. No entanto, considerar apenas o consumo de energia operacional e os benefícios ambientais pode resultar em benefícios operacionais anuais de até US$ 19,41 por mu, que é a unidade tradicional chinesa de área terrestre, equivalente a aproximadamente 667 m2.

“O sistema oferece benefícios econômicos e ambientais substanciais sem aumentos significativos nos custos de investimento do sistema, ao mesmo tempo em que fornece energia limpa e prontamente disponível para operação eficiente de sistemas de irrigação por gotejamento, contribuindo assim positivamente para a segurança alimentar”, concluiu a equipe científica.

O sistema foi apresentado em “The incorporation of solar energy and compressed air into the energy supply system enhances the environmentally friendly and efficient operation of drip irrigation systems”, publicado em Agricultural Water Management. (pv-magazine-brasil)

domingo, 15 de setembro de 2024

Como será o clima em setembro 2024: vem aí um mês de extremos

Leia a tendência de clima para o mês de setembro no Centro-Sul do Brasil elaborada pelos meteorologistas da MetSul.
Clima em setembro terá como protagonista o calor com temperaturas extremamente altas em muitos estados e potencialmente até recordes. Calor excessivo favorecerá muito fogo e fumaça com qualidade do ar ruim a péssima em diversas capitais.

Setembro será um mês de extremos no Brasil com protagonismo do calor que vai ser excessivo com muitos dias quentes e de temperatura extremamente alta em diversos estados do país, o que vai levar a muito fogo com grande número de queimadas. No Sul, sem o El Niño forte de 2023, a chuva não terá acumulados tão altos quanto no ano passado.

O inverno astronômico termina apenas no dia 22 de setembro às 9h44, mas o chamado período da primavera meteorológica tem início em 1º de setembro porque compreende o trimestre que vai de setembro a novembro. Setembro é, assim, um mês que marca a transição para a primavera e traz junto um aumento da temperatura.

Em Porto Alegre, por exemplo, em agosto a média da temperatura mínima é de 11,6ºC e a máxima média histórica é de 21,8ºC. Setembro, por sua vez, tem média mínima na capital gaúcha de 13,3ºC e uma máxima média de 22,8ºC, com base nas normais climatológicas da série 1991-2020. A precipitação média mensal é de 147,8 mm.

Na cidade de São Paulo, enquanto agosto tem uma média mínima histórica de 13,3ºC, o mês de setembro tem mínima média de 14,9ºC. A média das máximas também se eleva, de 24,5ºC para 25,2ºC. A precipitação média mensal, conforme a série histórica 1991-2020, é de 83,3 mm, bem acima dos 32,3 mm de agosto, o mês mais seco do ano na climatologia da capital paulista.

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=NxHuVc7KuYo

Onda de calor vai trazer clima de deserto ao Brasil, mas já tem nova frente fria no radar

Previsão do tempo indica que as temperaturas devem subir mais e por um período maior em comparação ao início deste ano.

Setembro, historicamente, é ainda um mês da estação seca no Centro do Brasil. Com isso, as médias de precipitação ainda são baixas na maior parte do Centro-Oeste e do Sudeste do país. Há muitos dias de calor intenso e alguns até extremo, particularmente no Centro-Oeste, com muitas máximas acima de 40ºC, sobretudo no Mato Grosso.

Com mais calor e o tempo ainda muito seco, o número de queimadas costuma ser muito alto no Brasil Central. O mês de maior incidência de fogo no Cerrado é justamente setembro com uma média histórica de 22.020 focos de calor, superior a de agosto de 13.627 no bioma e inferior a de outubro de 12.150.

No Centro do Brasil, setembro costuma marcar, especialmente durante a segunda metade do mês, o retorno gradual da chuva. Assim, pela climatologia, o auge da estação seca e quente na região se dá na segunda metade de agosto e na primeira de setembro enquanto na segunda quinzena de setembro começa a se observar um aumento dos índices de precipitação.

Já mais ao Sul do território nacional, particularmente no Rio Grande do Sul, setembro costuma na climatologia histórica ter altos volumes de chuva com muitos episódios passados de cheias de rios e enchentes. Tanto que, no caso do estado gaúcho, há o folclore da enchente de São Miguel, na segunda metade do mês, o que se sublinha, não ocorreu todos os anos.

Setembro começa sem La Niña

O setembro do ano passado foi marcado por enchentes catastróficas no Rio Grande do Sul. No Vale do Taquari, a maior enchente desde 1941 até aquele momento devastou a região. Porto Alegre registrou a maior cheia do Guaíba desde 1941 também até então e pela primeira vez desder 1967 o Guaíba superava a cota de 3,00 metros no Cais Mauá.

O mês de setembro em 2023 transcorreu sob a influência do fenômeno El Niño, que teve início em junho do ano passado, e naquele momento já era forte e ainda ganhava força. O cenário de setembro de 2024 é bastante diferente, sem El Niño ou La Niña atuando no Pacífico Equatorial agora no seu começo.

Conforme o último boletim semanal da NOAA, a anomalia de temperatura da superfície do mar era de 0,0ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada oficialmente para definir se há El Niño ou La Niña e qual sua intensidade.
NOAA O valor é de neutralidade absoluta. A MetSul projeta resfriamento do Pacífico Central no mês com valores negativos de anomalia de temperatura do mar, com uma língua de águas mais frias já presente, mas não se espera um anúncio iminente pela NOAA de que se iniciou um evento de La Niña. Já a Leste, os sinais de uma La Niña do Atlântico cederam.

Chuva em setembro

A maior parte do mês de setembro será de precipitações escassas no Centro-Oeste e no Sudeste do Brasil com clima muito seco no Brasil Central, interior de São Paulo e Minas Gerais, por exemplo, com dias de baixíssima umidade que vão potencializar o calor sob solo muito seco.

A primeira quinzena, em especial, será muito seca no Centro do Brasil. Já na segunda metade do mês, o cenário de precipitação gradualmente começará a mudar com o gradual retorno da chuva para áreas do Sudeste e do Centro-Oeste entre a terceira e a quarta semanas do mês, mas ainda de forma irregular e mal distribuída. Será quando algumas cidades neste momento há mais de 120 dias sem chuva podem ter, finalmente, precipitação.

Os mapas abaixo trazem a projeção de anomalia de chuva semana por semana para grande parte de setembro do modelo de clima do Centro Meteorológico Europeu (ECMWF) em que se constata a tendência de um padrão mais seco no Centro do país ainda na primeira metade de setembro.

ECMWF

A região do Centro-Sul do Brasil que mais terá chuva, entretanto, será o Sul do país, como é o normal nesta época. A tendência é que a maior parte do Paraná tenha chuva abaixo da média na maioria dos dias de setembro.

Já Santa Catarina deve estar na área de transição entre as zonas com mais e menos chuva, assim que o mês pode terminar com maior variabilidade de volumes com chuva abaixo ou acima da média, conforme a localidade.

O estado da Região Sul que mais deve ter chuva em setembro é o Rio Grande do Sul. A precipitação no mês deve ficar perto ou acima da média na maior parte do estado, porém algumas áreas podem anotar chuva abaixo da média. O cenário no clima é por demais distinto de setembro de 2023, assim que não se projeta padrão de chuva igual ao do ano passado.

Clima em setembro muito quente

De acordo com a análise da MetSul Meteorologia, setembro em 2024 deve ser marcado por temperatura acima a muito acima da média histórica em quase todo o Centro-Sul do Brasil. Os maiores desvios de precipitação devem se dar no Centro-Oeste e em parte do Sudeste, mas em parte do Sul o mês também será muito quente, especialmente no Paraná.
Projeção de anomalia de temperatura para setembro do modelo

Áreas mais ao Sul e o Leste gaúcho devem ter mais dias de temperatura agradável ou amena com maior proximidade dos valores médios históricos, embora a tendência de o mês terminar com marcas acima da média em muitos locais da Região Sul.

A MetSul espera um muito baixo número de dias de frio agora em setembro deste ano no Sul do país, apesar que não deixará de fazer frio. Na primeira semana do mês, ar frio ingressa e trará algumas noites de temperatura baixa e geada em diferentes cidades, mas essa não será a tônica do mês.

Os mapas abaixo trazem a projeção de anomalia de temperatura semana por semana para grande parte do mês de setembro do modelo de clima do Centro Meteorológico Europeu em que se observa como a temperatura deve ficar acima da média no Centro do Brasil principalmente na primeira metade do mês sob clima mais seco.

Uma massa de ar extremamente quente vai atuar no Centro-Oeste, no Norte e Sudeste do Brasil na primeira metade do mês com máximas extremas e potencialmente recordes em algumas cidades. O grande bolsão de ar quente deve se expandir para o Sul do país com maior impacto na segunda semana do mês, quando as temperaturas podem ficar muitíssimo acima da média nos estados do Sul.

Clima em setembro tem aumento de temporais

Setembro, como mês da primavera climática, tende a ter um aumento dos episódios de tempo severo no Sul do Brasil. O risco é principalmente agravado com incursões tardias de ar frio à medida que a presença de ar quente se torna mais comum sobre o Sul do país com o fim do inverno, embora neste ano não se preveja uma alta frequência de ar frio.

O encontro de massas de ar frio e quente gera as tempestades severas, sobretudo na chegada de frentes frias. Em anos de El Niño, como foi o caso de 2023 e não é de 2024, atmosfera mais quente, úmida e instável, com maior influência de ar tropical, favorece uma maior frequência de tempestades no Sul do Brasil.

Os temporais não necessariamente são mais intensos, mas ocorrem em maior número. Podem ocorrer os primeiros eventos de sistemas convectivos de mesoescala, aglomerados de nuvens carregadas que crescem durante a noite, uma característica da primavera, no Norte argentino e no Paraguai.

Em 2024, o risco de temporais com granizo e raios será maior na segunda metade do mês que tende a ter um padrão de instabilidade maior no Centro-Sul do Brasil, porém não se projeta uma alta frequência de tempestades como se viu no ano passado.

Por fim, setembro é um mês com maior propensão para a formação de ciclones extratropicais no Atlântico Sul, nas latitudes médias do continente, especialmente nos litorais da Argentina e Uruguai, e às vezes na costa do Sul do Brasil, uma vez que se torna mais frequente o encontro de massas de ar quente e frio na região. Devem ser esperados alguns ciclones na costa uruguaia e argentina, um possivelmente já no começo do mês, impulsionando frentes frias para o Brasil.
Previsão de pressão atmosférica e chuva no domingo de madrugada mostra o ciclone desenvolvido com centro na altura do Uruguai, e sua frente fria sobre o Rio Grande do Sul.

Ciclone extratropical se forma no Sul do Brasil no fim da semana: primeiras impressões e riscos

Ciclone extratropical deve começar a se formar, atingindo a região sul durante o fim de semana com chuvas moderadas e ventos fortes. Confira quais regiões apresentam os maiores riscos. (metsul)

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Meio ambiente em crise

Meio ambiente na crise ambiental de agosto de 2024

A crise ambiental é causada principalmente pelas atividades humanas, como o uso excessivo de recursos naturais, a poluição e o desmatamento. Essas atividades causam danos ao meio ambiente, afetando a biodiversidade, o clima e a qualidade de vida das pessoas.

Fumaça e fogo em números: gráficos e mapas mostram tamanho da crise ambiental no país.

g1 recolheu dados e ouviu especialistas para explicar o contexto de cada episódio de queimada em diferentes regiões do Brasil.
Queimadas perto da Rodovia dos Bandeirantes, na região de Campinas, final de agosto/24 no estado de São Paulo.

Em uma sequência com oito gráficos e mapas, o g1 mostra abaixo um retrato do atual momento das queimadas no Brasil. As linhas ou cores das ilustrações mostram a gravidade dos incêndios no país, que estão sendo investigados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e pela Polícia Federal.

Na maioria dos casos, a fumaça que encobriu as cidades tem origem em queimadas em locais próximos. Há dias, um fluxo de ventos também tem transportado fuligem de incêndios florestais que acontecem em regiões mais distantes, como na Amazônia e no Pantanal.

O clima seco também tem dificultado a dissipação da fumaça e elevado o risco de incêndios em diversas regiões do país.

Somando tudo isso, estamos vendo:

• focos de queimada inéditos em São Paulo para o mês de agosto;

• a maior taxa em 13 anos para o mesmo mês em Minas Gerais;

• um aumento de 260% em relação ao ano passado para agosto no Mato Grosso;

• um aumento de 3.316% para todo o Pantanal no mesmo período;

• mais da metade de todos os focos do ano para a Amazônia em agosto;

• e o dobro para o Cerrado no mesmo mês quando comparado com 2023.

"A situação é grave, intensa e, infelizmente, generalizada. Já havíamos alertado sobre o elevado número de focos na Amazônia e no Pantanal. Este ano, estamos batendo recordes de incêndios na Amazônia. O Pantanal também teve um ano intenso, e agora o fogo está se espalhando para outras regiões", alerta Mariana Napolitano, diretora de Estratégia do WWF-Brasil.

Abaixo, além de mostrar os gráficos e mapas, o g1 consultou especialistas e usou dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden) para explicar o contexto de cada episódio de queimada em diferentes regiões do Brasil e discutir as perspectivas, que são preocupantes.

1) Taxa inédita em São Paulo

SP tem maior número de queimadas desde 1998, com 3,1 mil focos em agosto

No estado de São Paulo, o número de focos de incêndios registrado em agosto de 2024 já é o maior desde o início da série histórica do Inpe, em 1998.

Neste mês, que ainda nem chegou ao fim, já foram contabilizados 3.483 focos pelo satélite de referência do instituto.

O resultado de tantos incêndios ficou evidente nas primeiras horas da manhã do último fim de semana, quando cidades inteiras ficaram encobertas por uma espessa nuvem de fumaça.

Em Itirapina, no Centro-Leste do estado, mais de dois mil hectares foram devastados pelas chamas. Em São Carlos, também na mesma região, cerca de 800 pessoas foram obrigadas a deixar suas casas, enquanto 700 estudantes foram retirados das escolas. Em Araraquara, um incêndio matou dez animais em uma criação de porcos. Plantações foram completamente destruídas em Dourado.

A intensidade e a frequência dos incêndios, inéditas na região, também levaram 48 cidades a declarar estado de alerta máximo.

"É impressionante o que está acontecendo em São Paulo. As estações secas estão mais severas devido às mudanças climáticas, o que intensifica os incêndios, mas essa alta quantidade de focos sugere a possibilidade de ação criminosa coordenada, embora isso ainda precise ser confirmado", explica Suely Araújo, ex-presidente do Ibama e coordenadora de políticas públicas no Observatório do Clima.

"O Ibama e a Polícia Federal estão investigando, e eles têm tecnologia para identificar a origem e o período dos incêndios. Caso haja responsabilidade criminosa, os responsáveis poderão ser identificados e punidos", acrescenta.
Brasil tem 5,2 mil focos de incêndio em 2024

Incêndios: Brasil registrou 2.810 focos em 26/08/24, segundo o Inpe.

2) A maior taxa em 13 anos em Minas Gerais

Focos de queimada em Minas Gerais - AGOSTO*

Comparação de focos ativos detectados pelo satélite de referência do Inpe em agosto. *Taxa de 2024 é preliminar.

Incêndios Florestais Atingem Minas Gerais e São Paulo: Situação Crítica Exige Ação Rápida

Minas Gerais a situação também é crítica. Desde o início do mês até 25/08/24, foram registrados 2.136 focos de queimadas no estado.

Esse número representa um aumento de 107% em comparação a todo o mês de agosto do ano passado, quando ocorreram 1.029 focos de incêndio em vegetações.

Além disso, ainda segundo a série histórica do Inpe, agosto de 2024 já atingiu a maior taxa de queimadas dos últimos 13 anos, só ficando atrás dos 2.445 focos registrados em cidades mineiras em 2011.

24/08/24 o Sul de Minas registrou 68 focos de incêndio em 27 cidades, ainda segundo o Inpe. Os incêndios mobilizaram o Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil e voluntários em várias localidades.

Em Extrema, cidade na divisa com São Paulo, um incêndio na Serra do Lopo levou dois dias para ser controlado. Já em São Pedro da União, dois hectares de vegetação queimaram, e em São Lourenço, o fogo destruiu uma casa.

Por causa das queimadas no estado, também no sábado, moradores de Belo Horizonte se depararam com um céu completamente nublado.

3) Aumento de 260% no Mato Grosso

No Mato Grosso, agosto de 2024 já está perto de bater a taxa de 2020, quando 10.430 focos foram contabilizados pelo Inpe.

Até 25/08/24 o estado já registrou 10.424 focos. O número também representa um aumento de 296% se comparado com o mesmo período do ano passado.

Dados do Inpe também mostram que Mato Grosso segue sendo o estado com o maior número de focos de calor no país desde o início de 2024. Os focos registrados no estado representam 20,72% de todos contabilizados no país até agora.

De janeiro até domingo, foram 20,7 mil focos de incêndio, um aumento de 109% se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram 9,8 mil focos.

4) Pantanal em chamas

No Pantanal, uma das maiores áreas úmidas contínuas da Terra, apenas nos primeiros seis dias de agosto foram registrados 1.899 focos de calor. O número supera a média histórica mensal de 1.478 focos (1998-2023). O bioma enfrentou uma temporada de incêndios devastadora entre 2019 e 2021.

Comparando todo o mês de agosto do ano passado com os 25 dias de agosto de 2024, observa-se aumento de 3.316% nos focos de calor no Pantanal: de 110 focos em 2023 para 3.758 até agora em agosto de 2024.

De janeiro até domingo, em todo o bioma foram 8,5 mil focos de incêndio, um aumento de 2.094% se comparado com o mesmo período do ano passado, quando foram 388 focos.

5) Amazônia em alerta

Brasil queimou mais de 21% do seu território em quase 4 décadas

A temporada de incêndios geralmente ocorre na Amazônia entre junho e outubro, mas fazendeiros, garimpeiros e grileiros derrubam a floresta e se preparam para queimá-la durante todo o ano.

Ainda segundo o Inpe, o bioma registrou 50 mil focos de fogo desde janeiro até agora. O número representa um aumento de 77% quando comparado com o mesmo período do ano passado, quando 28 mil focos foram contados pelo instituto. Toda essa fumaça que cobre a floresta está viajando milhares de quilômetros.

Esse volume ainda se soma ao que vem do Pantanal, de Rondônia com a queimada no Parque Guajará-Mirim há um mês, e da Bolívia, formando uma densa camada cinza na atmosfera que é arrastada para o restante do mapa formando um "corredor de fumaça".

E somente em agosto de 2024 (gráfico acima), que ainda não acabou, o bioma registrou mais da metade de todos os focos do ano: 25.193.

Comparando à taxa todo o mês do ano passado (17.373), o número também representa um aumento 45%.

Esses altos números de incêndios são resultado da extrema seca que o Brasil enfrenta este ano. O ano passado já foi atípico devido à seca causada pelo El Niño e pelas mudanças climáticas. Os rios na Amazônia e no Pantanal não encheram o suficiente durante a estação chuvosa, criando um déficit hídrico significativo no início da seca. Com altas temperaturas, baixa umidade do ar e o uso de queimadas e incêndios criminosos, os focos perdem o controle e atingem grandes proporções.

— Mariana Napolitano, diretora de Estratégia do WWF-Brasil.

6) Cerrado com dobro de focos

Ainda segundo dados do Inpe, 13.865 focos foram registrados no Cerrado desde 1º de agosto até 25/08/24. A taxa representa mais que o dobro de focos quando comparada com todo o mês de agosto de 2023, quando 6.850 focos foram contabilizados.

O bioma também vem registrando altas taxas de desmatamento desde o ano passado, e desde o começo do ano já contabiliza 34.557 focos no total, uma diferença de 48% quando comparada com o mesmo período de 2023 (no intervalo de 1º de janeiro até 25 agosto).

7) Distrito Federal

No DF, a comparação de focos ativos detectados pelo satélite de referência do Inpe até 25/08/24 mostra que a taxa está perto de bater o número para o mês em 2022.

O valor atual ainda está bem baixo de outros anos que tiveram taxas maiores, como 2010, por exemplo, que registrou 181 focos.

Mesmo assim, a fumaça continua encobrindo céu do DF nesta semana. Na última segunda, Brasília amanheceu coberta por fumaça pelo segundo dia seguido.

8) Goiás

Fogo em vegetação na área urbana, no setor Faiçalville, em Goiânia/GO, satélite monitora problema.

Queimadas reduzem 23% neste ano em Goiás

Em Goiás, a situação é um pouco diferente. Com 974 focos, até 25/08/24 já está perto de igualar a taxa de 2022 por um foco de diferença.

Contudo, assim como o DF, no último ano o estado registrou uma queda de focos ativos (488) para o mesmo mês.

9) Pior seca em 44 anos

Mais da metade do país enfrenta a pior seca em 44 anos

Segundo um levantamento exclusivo do Centro Nacional de Monitoramento de Desastres Naturais (Cemaden) feito a pedido do g1, mais da metade dos estados no país também enfrenta o pior período de seca em 44 anos.

Das 27 unidades da federação, 16 estados e o Distrito Federal enfrentam a pior estiagem já vista no período de maio a agosto, desde os anos 1980. Na lista estão:

• Amazonas ; Acre ; Rondônia ; Mato Grosso ; Pará ; Mato Grosso do Sul ; Goiás ; Minas Gerais ; São Paulo ; Paraná ; Rio de Janeiro ;  Espírito Santo ; Bahia ; Piauí ; Maranhão ; Tocantins.

10) Mudança dos padrões de chuva

Maior parte do Brasil teve chuvas abaixo da média.

Ana Paula Cunha, especialista no monitoramento de secas do Cemaden, explica que esta é a primeira vez em anos de monitoramento que se observa uma seca tão longa no país.

E ela vem se estendendo desde o El Niño. Ele acabou levando seca para o Norte e mudou o padrão de chuvas pelo país. Com isso, adiantou o período seco em 2023, e, como a chuva ficou abaixo da média já naquele ano, houve uma seca extensa, que se tornou ainda mais forte atualmente.

Com o fim do El Niño, a situação não mudou porque o Atlântico Tropical Norte está muito aquecido. Isso muda a atuação das zonas de convergência, que poderiam levar chuvas ao Norte, piorando a estiagem.

“Essa junção de fatores, com o El Niño mais intenso, os oceanos mais aquecidos, a gente vê a seca se expandindo pelo país. Em anos de monitoramento de secas, nunca vi isso acontecer com essa gravidade, com tantos pontos de seca excepcional e por tanto tempo”, diz Cunha.

Dados: Hoje, mais de 3,8 mil cidades estão com alguma classificação de seca (de fraca a excepcional). O índice de seca é calculado com base no índice de chuva, variando conforme a proximidade ou distância da média e período.

Para se ter uma noção, o número de cidades nessa situação aumentou quase 60% entre julho e agosto e, segundo o Cemaden, os números de agosto ainda são uma prévia e até o fim do mês o cenário pode piorar.

“Quanto mais tempo a seca durar, mais difícil vai ser de se recuperar. É preciso uma chuva bem acima da média para reverter o cenário.

Ondas de calor devem diminuir em 2025, aponta Climatempo

A gente já tem uma ideia do que vai ser a estação chuvosa e a previsão é que não vai ser o bastante para que o país possa se recuperar”, acrescenta a especialista. (g1)

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