Embora grande produtor de
energia ambientalmente sustentável, o país não oferece energia acessível a seus
habitantes. Com isso, ocupa uma despretensiosa 36ª posição, quando poderia
figurar entre os primeiros.
A contradição fica clara
quando, num exercício de abstração, prioriza-se apenas uma das dimensões. Ao se
priorizar a dimensão sustentabilidade ambiental, por exemplo, confiabilidade e
preços da energia podem ficar prejudicados. Seria justo privar as empresas e as
pessoas de acesso a fontes de energia com alta confiabilidade e preços módicos?
Em outro extremo, seria justo oferecer energia firme e barata a todos, mas com
efeitos deletérios ao ambiente?
O WEC elaborou e mantém
atualizado o Energy Trilemma Index. Trata-se de lista com 126 países, indicando
a pontuação e a posição de cada um deles em função de pontos obtidos nas três
dimensões do trilema.
A classificação é liderada
pela Dinamarca, com 83,2 pontos, destacando-se a dimensão equidade, com 95,8.
Os EUA ocupam a décima posição, com 78,9 pontos totais, também com destaque à
equidade, com 97,3 pontos. Os Emirados Árabes Unidos ocupam a 30ª posição. Com
destaque, novamente, para a equidade, com 99,9 pontos.
O Brasil ocupa a 36ª posição,
com 68,3 pontos. O destaque positivo do Brasil é a dimensão sustentabilidade,
com 76,8 (mesma pontuação da Bélgica, que ocupa a 16ª posição). O destaque
negativo é a equidade, com 62,8 pontos.
Não se pode alegar surpresa,
pois o Brasil sofre de baixa equidade em quase todos os setores de seu contexto
socioeconômico, a começar pelos sofríveis indicadores de distribuição de renda.
Mas, também no contexto energético, nossos indicadores são baixos, em razão de
falhas no acesso e de altos preços de energia elétrica e de combustíveis.
Há muitos estudos e controvérsias sobre a baixa equidade energética no Brasil. Mas tributação regressiva e subsídios ineficientes aparecem com frequência entre as possíveis causas. A reforma tributária em curso e revisões de alguns subsídios apontam para melhorias neste indicador.
Brasil ocupa 53º lugar no ranking mundial de segurança e sustentabilidade energética
Na América Latina, o país
perde posição para Uruguai, Chile, Colômbia, Peru e Costa Rica. Dinamarca,
Suíça e Suécia estão tem os sistemas energéticos mais equilibrados do mundo
A cadeia produtiva do setor
de energia, incluindo fontes renováveis e não-renováveis, tem papel relevante
nas três dimensões.
É a
cadeia produtiva que, por meio de seus bens e serviços, explora, descobre e
viabiliza a transformação de fontes primárias em energia utilizável pela
sociedade, agindo assim na dimensão segurança energética. É ela que, por meio
do desenvolvimento de inovações, vai produzir energia com cada vez menor
impacto ambiental, contribuindo assim para melhorar os indicadores da dimensão
sustentabilidade.
Mas a terceira dimensão,
justamente aquela em que o Brasil tem os piores indicadores, é onde a cadeia
produtiva pode dar sua maior contribuição.
A cadeia produtiva de energia
é uma grande empregadora, com muitos empregos de alta qualificação e renda. No
setor de produção de petróleo, por exemplo, entre diretos e indiretos, são mais
de 600 mil empregos. Sem contar os empregos induzidos por efeito renda, que
adicionam outros 270 mil empregos, em razão de salários médios de R$12 mil/mês,
contra R$2,8 mil/mês da média salarial nacional.
Salários mais altos, típicos
em todo o setor industrial, contribuem para aumentar a equidade, precisamente
porque mais renda implica maior capacidade de aquisição de energia. Empregos
produzem efeito similar ao de energia a preços mais baixos.
Para maximizar estes efeitos
positivos, o Brasil precisa ter como aspiração - e agir para obter resultados
nesta direção -, tornar-se um país de alta relevância na produção de bens e
serviços para produção de petróleo e de energias renováveis.
Para além de produzir energia ambientalmente sustentável e com confiabilidade, precisa e pode ser uma plataforma global de bens e serviços para a transição energética no Brasil e no mundo.
Matriz energética brasileira é bastante renovável, especialmente a matriz elétrica:
A maior parte da energia
elétrica do Brasil vem de fontes renováveis, como a energia hidrelétrica,
eólica e solar.
A matriz elétrica brasileira
é mais renovável do que a matriz energética como um todo.
A matriz energética
brasileira é mais limpa que a média mundial.
O Brasil é líder em ações de
transição energética, inserindo novas fontes renováveis.
A energia hidrelétrica é a
principal fonte renovável do Brasil, aproveitando a vasta rede de rios do país.
A energia eólica e a solar
têm ganhado destaque nos últimos anos.
A lixívia, o biodiesel e o
biogás também são fontes renováveis que têm crescido no Brasil.
O Plano Decenal de Expansão de Energia 2024 estima que o Brasil aumente sua capacidade instalada de geração de energia elétrica em 73 mil MW, com cerca de metade dessa expansão baseada em fontes renováveis.
Temos uma matriz energética bastante renovável, mas podemos ocupar posições mais altas no ranking do trilema energético se nossa cadeia produtiva de energia subir mais degraus em sua presença em outros países além do Brasil. (brasilenergia)
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