Em carta aberta a ministros,
a entidade de consumidores alerta para riscos de crises no sistema energético
nos próximos 10 anos.
A Frente Nacional dos
Consumidores de Energia pediu metas ambientais muito mais ambiciosas.
O Brasil deve atualizar suas
Contribuições Determinadas Nacionalmente até novembro.
Luiz Eduardo Barata alerta
sobre riscos ao sistema energético sem redução de emissões.
Mudanças climáticas afetam a
geração hidrelétrica, aumentando custos e insegurança.
A carta destaca a necessidade de responsabilização de setores emissores no Brasil.
Incêndio no cerrado próximo a torres de transmissão de energia de alta tensão, em Brasília.
Em meio às discussões no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre as metas ambientais que o Brasil deve apresentar à comunidade internacional no próximo mês, a Frente Nacional dos Consumidores de Energia enviou uma carta a sete ministros solicitando que os novos objetivos sejam mais ambiciosos do que os atuais. A organização alerta que, caso isso não ocorra, o país poderá enfrentar uma escalada incontrolável de custos e insegurança no setor energético. As metas, conhecidas como Contribuições Determinadas Nacionalmente (NDCs, na sigla em inglês), devem ser atualizadas até 2025, mas o Brasil pretende anunciar novos objetivos durante a 29ª Cúpula das Nações Unidas sobre o Clima (COP 29), que ocorrerá em novembro em Baku, no Azerbaijão.
Luiz Eduardo Barata, presidente da frente dos consumidores, expressou preocupação com o futuro do sistema energético brasileiro, afirmando que as emissões de gás carbônico precisam ser reduzidas significativamente nos próximos dez anos. Ele enfatizou que o Brasil deve se comprometer com metas elevadas de redução, destacando a importância de o país se posicionar como líder na defesa ambiental. Barata ressaltou que a questão climática é uma preocupação central no setor elétrico, e que o Brasil precisa demonstrar um compromisso sério com a melhoria das metas NDC.
O documento entregue ao governo aponta que a geração hidrelétrica do Brasil está em risco devido a períodos prolongados de estiagem, que se intensificam com o aumento da temperatura. Apesar de o país ter uma matriz energética renovável, a dependência do clima torna a produção hidrelétrica vulnerável. Barata citou eventos de seca que afetaram os reservatórios entre 2012 e 2015, em 2021 e neste ano, ressaltando que a falta de chuvas compromete a geração de energia. Além disso, a carta menciona que a maior dependência de usinas térmicas acarretaria custos adicionais e aumentaria as emissões de gases de efeito estufa.
Redução da emissão de poluentes pode trazer competitividade internacional
Nação que investe em economia
limpa tem a chance de aumentar seu produto interno bruto e reduzir o
desemprego.
A Frente Nacional dos
Consumidores de Energia também alertou sobre o risco de interrupções no
fornecimento de energia devido a eventos climáticos extremos, que têm se
tornado mais frequentes e intensos. Barata destacou que chuvas torrenciais e
ventos fortes podem causar danos significativos às redes de transmissão e
distribuição. Ele mencionou a complexidade da discussão interna sobre a
necessidade de metas mais rigorosas, afirmando que a posição do setor elétrico
deve ser considerada, uma vez que é uma das principais vítimas das mudanças
climáticas.
A carta foi endereçada ao vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, além de outros ministros, incluindo Rui Costa (Casa Civil), Fernando Haddad (Fazenda), Marina Silva (Meio Ambiente), Alexandre Silveira (Minas e Energia), Carlos Fávaro (Agricultura) e Mauro Vieira (Relações Exteriores). O texto argumenta que a atual NDC do Brasil está desatualizada em relação aos desafios climáticos contemporâneos e que a revisão deve ser mais ambiciosa, responsabilizando todos os setores envolvidos. A entidade enfatizou que a falta de novas metas significativas implica que o governo federal assumiria a responsabilidade por não agir em prol da mitigação dos riscos climáticos que ameaçam o país.
A Frente Nacional dos Consumidores de Energia concluiu que, sem a redução necessária de emissões, o equilíbrio do sistema elétrico estará em risco, resultando em uma escalada incontrolável de custos, escassez hídrica e insegurança energética nas grandes cidades. A carta reflete a urgência de uma ação coordenada e eficaz para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças climáticas, destacando a necessidade de um compromisso mais forte do Brasil em relação às suas metas ambientais. (portaltela)
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