quarta-feira, 25 de dezembro de 2024

Zerar emissões até 2050 precisa de US$ 2 tri ao ano

Zerar emissões até 2050 precisa de US$ 2 tri ao ano, calcula Thymos.

Estudo foi realizado com base na missão da Abraceel na Sessão Cigré deste ano e resultados serão apresentados no Encontro Anual do Mercado Livre de 2024.
Para zerar as emissões de Gases de Efeito Estufa até 2050, o setor elétrico mundial deve atingir investimentos anuais de US$ 2,2 trilhões, gradativamente. O montante é necessário para a modernização e digitalização dos sistemas elétricos para que se adaptem às novas tecnologias e formas de consumir energia.

Descarbonização do setor elétrico global exigirá até US$ 2,2 tri por ano, aponta Thymos.

Análise aponta que países terão que ampliar a oferta de geração de energia para suportar crescimento do consumo.

White Paper traz principais discussões realizadas na Missão Abraceel Paris 2024

A análise integra o estudo elaborado pela Thymos Energia, consultoria de negócios do especializada no setor de energia, em parceria com a Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia) sobre o CIGRE Paris Session 2024, um dos maiores encontros globais do setor elétrico.

A análise aponta que, além de uma transição energética para fontes renováveis, os países terão que ampliar a oferta de geração de energia para suportar o crescimento previsto do consumo.

É estimado que a demanda global por eletricidade, impulsionada pela expansão populacional e pela eletrificação de processos industriais e de transporte, cresça mais de 150% até 2050, tornando necessários investimentos robustos em infraestrutura.

“As mudanças climáticas já são uma realidade. Últimos 10 anos foram os mais quentes já registrados e, entre janeiro e setembro deste ano, a elevação da temperatura média mundial foi de 1,54°C”, destaca Jovanio Santos, diretor de Novos Negócios da Thymos Energia.

“Isso significa que a meta central do Acordo de Paris pode estar em xeque se não forem adotadas medidas urgentes. Entendemos que o setor elétrico pode ter uma contribuição importante nesse aspecto”, acrescenta.

O estudo ainda aponta que dados do World Energy Outlook mostram que as emissões globais de CO2 do setor de energia, atualmente em 15 gigatoneladas, devem cair 45% até 2030 no cenário de emissões líquidas zero, sendo zeradas globalmente até 2045.

Com isso, a Thymos ressalta que um caminho para se atingir a meta global é a descarbonização da matriz elétrica, com o uso de fontes renováveis. Para isso, até 2050, será preciso dobrar a extensão das redes de transmissão e distribuição no mundo, com mais de 80 milhões de quilômetros com a substituição ou implementação de nova infraestrutura.

Segundo a Thymos, 3 TW de capacidade estão em processo de conexão de fontes renováveis, incluindo solar, eólica, hidrelétrica e bioenergia, em países como Estados Unidos, Espanha, Brasil, Itália, Japão, Reino Unido, Alemanha, Austrália, México, Chile, Índia e Colômbia.

Desse total, cerca de 1,5 TW são de projetos solares e eólicos em fases avançadas, com 500 GW já com documentos assinados ou próximos da assinatura, indicando alta probabilidade de conexão à rede nos próximos cinco anos.

Esses projetos representam 40% da capacidade renovável instalada nesses países. Adicionalmente, outros 1 TW de projetos estão em análise para verificar a viabilidade de conexão e possíveis melhorias na infraestrutura da rede elétrica.
A análise pontua que grandes projetos de geração de energia, especialmente eólicos e solares fotovoltaicos, frequentemente enfrentam desafios relacionados à distância dos centros de carga, exigindo complexas redes de transmissão para escoar a energia.

Ainda de acordo com a Thymos, a construção dessas redes envolve múltiplos agentes e pode levar mais de uma década, superando em muito o tempo de implantação dos ativos de geração.

Em economias avançadas, uma única linha aérea de extra alta tensão (acima de 220 kV) pode levar de 5 a 13 anos para ser autorizada e construída, dependendo de fatores como o comprimento da linha.

O estudo da consultoria demonstra ainda que os mercados de energia também deverão aumentar a flexibilidade dos seus sistemas para atender oscilações no consumo de energia no curto e médio prazo, além de lidar com a característica intermitente de algumas fontes renováveis.

Outra tecnologia emergente que pode contribuir para a estabilidade do fornecimento de energia são os sistemas de armazenamento.

Investimentos públicos e privados para a descarbonização

O levantamento da Thymos mostra também que há outras tecnologias em estudo no mundo, como hidrogênio de baixo carbono e veículos elétricos, que podem dar suporte a uma matriz energética mais sustentável.

Porém, a consultoria ponia que os avanços demandarão esforços públicos e privados para que possam ser integradas, de fato, aos mercados de eletricidade e trazer benefícios à matriz global.

“É importante que os países definam estratégias de uso para as tecnologias, considerando as particularidades de cada setor da economia e definam políticas e regulamentações pertinentes. O resultado será a promoção de um ambiente de negócios saudável, com o desenvolvimento de novos produtos para atender as necessidades do consumidor de energia”, analisa Jovanio.

Ele reforça ainda que a colaboração internacional é essencial para compartilhar experiências e criar soluções adaptadas às especificidades de cada nação.

O mundo pretende zerar as emissões de carbono até 2050. Mas não é o suficiente.

Liberação do mercado de eletricidade

O levantamento destaca diferentes experiências de abertura de mercado, incluindo modelos já totalmente liberalizados, como os da Austrália e Noruega, e outros em processo de aprimoramento, como os de Israel, Rússia e Brasil.

“As mudanças climáticas têm impactado no cotidiano, e o consumidor tem se tornado cada vez mais consciente sobre o uso da energia elétrica. A abertura do mercado é um aspecto indissociável da descarbonização da matriz na transição energética”, afirma Jovanio.

Segundo o executivo, permitir que o consumidor escolha seu fornecedor e soluções energéticas de acordo com suas necessidades impulsiona a competitividade e a inovação no setor, ao mesmo tempo em que acelera a adoção de fontes de energia limpa e a incorporação de tecnologias sustentáveis, pilares fundamentais do movimento de descarbonização.

O White Paper da Missão Abraceel Paris 2024 foi elaborado com curadoria da Thymos Energia e sintetiza os debates acompanhados pelo grupo durante o evento Paris Session, que reuniu mais de 9 mil participantes de mais de 100 países.

Realizado pelo CIGRE, o evento destacou as mudanças climáticas, a segurança energética e a integração de fontes renováveis como temas centrais para a transição energética. (canalsolar)

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