O Plano Nacional sobre
Mudança do Clima (Plano Clima) será o guia da política climática brasileira até
2035.
Nova versão a ser apresentada
em 2025, está em elaboração no governo, com ampla participação da sociedade, e
definirá ações para que o Brasil reduza suas emissões de gases de efeito estufa
e se adapte aos impactos da mudança do clima, que já ocorrem e irão se
intensificar ano a ano. É um instrumento previsto na Política Nacional sobre
Mudança do Clima (PNMC), também em atualização neste momento.
Uma primeira versão do Plano
Clima foi lançada em 2008, possui metas para o ano de 2020, e pode ser acessada
aqui.
• Qual o horizonte temporal
do novo Plano Clima?
O documento terá um
planejamento de médio prazo até 2035, com ajustes e revisões previstos a cada
quatro anos.
• Quais documentos irão compor o novo Plano Clima?
O novo Plano Nacional sobre Mudança do Clima será composto por:
1. Texto geral;
2. Estratégia Nacional de
Mitigação;
3. Estratégia Nacional de
Adaptação;
4. Estratégias Transversais
para a Ação Climática:
a) Transição justa;
b) Meios de implementação e
financiamento;
c) Educação, pesquisa,
desenvolvimento e inovação;
d) Monitoramento, gestão,
avaliação e transparência.
5. Planos setoriais de
mitigação:
a) Agricultura e pecuária
b) Uso da terra e florestas
c) Cidades e mobilidade
urbana
d) Energia
e) Indústria e mineração
f) Resíduos
g) Transportes
6. Planos setoriais de
adaptação:
a) Agricultura e pecuária
b) Biodiversidade
c) Cidades e mobilidade
urbana
d) Gestão de riscos e
desastres
e) Indústria
f) Energia
g) Transportes
h) Igualdade racial e combate
ao racismo
i) Povos e comunidades
tradicionais
j) Povos indígenas
k) Recursos hídricos
l) Saúde
m) Segurança alimentar e
nutricional
n) Oceano e zona costeira
Os compromissos mais recentes
estão mencionados na 3ª versão da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC)
do Brasil à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC):
1. Meta absoluta de emissões
líquidas de gases de efeito estufa em 2025 de 1,32 bilhões de tCO2e,
consistente com uma redução de 48,4% em comparação com 2005, de acordo com os
últimos dados de inventário.
2. Meta absoluta de emissões
líquidas de gases de efeito estufa em 2030 de 1,20 bilhões de tCO2e,
consistente com uma redução de 53,1% em relação a 2005, segundo os últimos
dados de inventário.
3. Objetivo de longo prazo de
alcançar a neutralidade climática até 2050 (emissões líquidas zero).
Para comparação, os últimos
dados disponíveis mostram que as emissões brasileiras foram de 1,79 bilhões de
tCO2e em 2020, conforme a 6ª edição das Estimativas Anuais de Emissões de Gases
de Efeito Estufa no Brasil, disponível no Sistema de Registro Nacional de
Emissões (SIRENE).
• Quais os órgãos de
governança do tema mudança do clima no governo brasileiro?
A governança climática no
Brasil, a nível federal, é exercida pelo Comitê Interministerial sobre Mudança
do Clima (CIM), estabelecido pelo Decreto nº 11.550, de 05/06/2023.
O Comitê é presidido pela
Casa Civil da Presidência da República e integrado por representantes de 18
ministérios. Também participam do CIM representantes da Rede Clima e do Fórum
Brasileiro de Mudança do Clima, sem direito a voto. A secretaria executiva é
exercida pela Secretaria Nacional de Mudança do Clima do Ministério do Meio
Ambiente e Mudança do Clima (MMA).
A agenda climática é prioridade no governo federal: mais de 15 órgãos do Executivo têm áreas dedicadas a ela. Em janeiro de 2023, o nome do MMA recebeu o termo "mudança do clima" para expressar a centralidade do tema.
• Por que mitigar e adaptar às mudanças climáticas?
Caminho apontado pela Ciência
para lidar com o aquecimento global envolve a necessidade de cortar
drasticamente as emissões de Gases de Efeito Estufa/GEE e promover a adaptação
aos efeitos já notáveis das mudanças climáticas, que tendem a atingir mais as
populações mais vulneráveis. Os efeitos também previstos pela Ciência vão de
desastres como enchentes, inundações e deslizamentos de terra, secas severas e
ondas de calor, e alcançam condições de saúde, segurança alimentar e segurança
energética e toda a infraestrutura de transportes.
Cada país tem o seu
compromisso de corte das emissões de GEE. O Brasil irá alocar os compromissos
entre os setores que mais emitem, considerando as melhores opções em termos de
custo e efetividade.
Relatórios do IPCC (Painel
Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) traduzidos para o português podem
ser lidos aqui. Desde o início dos anos 90, o IPCC publica relatórios com
cenários sobre o aquecimento global. O mais recente relatório (AR-6), o sexto
já publicado, mostrou a urgência necessária na adoção de medidas para conter o
aquecimento, diante do aumento das emissões.
• Qual o nível das emissões
brasileiras de gases de efeito estufa e quais os principais setores
responsáveis por elas?
Últimos dados disponíveis
mostram que as emissões brasileiras foram de 1,79 bilhões de tCO2e
em 2020, conforme a 6ª edição das Estimativas Anuais de Emissões de Gases de
Efeito Estufa no Brasil, disponível no Sistema de Registro Nacional de Emissões
(SIRENE).
Brasil tem um perfil peculiar
de emissões, liderado pelo desmatamento, que se inclui no setor de mudança do
uso da terra. Segunda maior fonte de emissões no Brasil é a agropecuária, tanto
pelo uso de fertilizantes nitrogenados como, sobretudo, pelo processo digestivo
do gado, chamado de fermentação entérica. Em terceiro lugar, aparecem as
emissões do setor de energia, liderada principalmente pela queima de
combustíveis fósseis. Processos industriais e o setor de resíduos também emitem
gases de efeito estufa, ainda que em menor proporção.
• Quais os impactos e riscos relacionados
às mudanças climáticas?
As transformações do clima
comprometem a saúde da população e a produção de alimentos (segurança
alimentar) e de e energia, já que boa parte da energia elétrica consumida no
Brasil é gerada por hidrelétricas, afetadas por eventos climáticos como as
secas. Também representam riscos à infraestrutura de transportes, como
observado recentemente no Rio Grande do Sul. Populações em áreas de risco,
vulneráveis a inundações e deslizamentos de terras, devem ser priorizadas nas
estratégias de adaptação. Mas todos os setores da economia podem ser atingidos,
de alguma forma. (gov.br)
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