Estudo publicado na revista
Nature Ecology & Evolution, revelou que a Floresta Amazônica está passando
por adaptações significativas em resposta a longos períodos de seca.
A pesquisa, intitulada
“Amazon rainforest adjusts to long-term experimental drought”, fornece
informações cruciais sobre como o bioma pode responder às mudanças climáticas e
aos eventos extremos de estiagem, cada vez mais frequentes na região.
O experimento de seca
prolongada
O estudo, conduzido por uma
equipe internacional de cientistas, analisou dados do Projeto Seca Florestal
(ESECAFLOR), uma iniciativa que simulou condições de seca em parcelas da
floresta no estado do Pará.
Por mais de 15 anos, os
pesquisadores reduziram artificialmente a quantidade de chuva que atingia
determinadas áreas, permitindo observar como a vegetação reagia à escassez
hídrica prolongada.
Os resultados mostram que,
embora algumas árvores tenham morrido inicialmente, outras espécies
demonstraram resiliência, ajustando seu metabolismo e reduzindo a perda de água
através das folhas.
Além disso, o solo da floresta mostrou capacidade de reter mais umidade em períodos de estiagem, indicando uma adaptação gradual do ecossistema.
Implicações para o futuro da Amazônia
A capacidade de adaptação
observada é uma notícia positiva, mas os cientistas alertam que há limites para
essa resiliência. “A floresta está se ajustando, mas não sabemos até que ponto
conseguirá suportar secas mais intensas e frequentes, especialmente combinadas
com outros fatores como desmatamento e incêndios”, explica um dos autores do
estudo.
Os resultados mostram que o
ajuste para lidar com os efeitos das mudanças climáticas pode fazer com que
algumas partes da floresta amazônica percam muitas de suas maiores árvores.
Isso liberaria a grande
quantidade de carbono armazenado nessas árvores no ar e reduziria a capacidade
imediata da floresta tropical de atuar como um importante sumidouro de carbono,
dizem os pesquisadores.
Espera-se que partes da
Amazônia se tornem mais secas e quentes à medida que o clima muda, mas os
efeitos a longo prazo nas florestas tropicais da região – que se estendem por
mais de 2 milhões de milhas quadradas – são pouco compreendidos.
Por que isso importa?
A Amazônia desempenha um papel
crítico no equilíbrio climático do planeta, influenciando regimes de chuva em
várias regiões da América do Sul e além. Com as mudanças climáticas acelerando
e eventos extremos se tornando mais comuns, entender como a floresta responde à
seca é essencial para políticas de conservação e mitigação.
O estudo reforça a urgência de reduzir o desmatamento e controlar as emissões de gases de efeito estufa, pois, mesmo com sua incrível capacidade de adaptação, a floresta pode atingir um ponto de inflexão onde suas funções ecológicas entrariam em colapso.
Diagrama sintético mostrando um resumo dos resultados, incluindo fisiologia individual (hidráulicas e crescimento) e dinâmica de carbono florestal. As curvas que mostram estresse fisiológico individual e disponibilidade de água em relação à biomassa são aproximadas e simplificadas para fins de plotagem. Os dados apresentados na floresta não perturbada referem-se à floresta de controle; a fase de estabilização refere-se à parcela de TFE a partir de 2016. Os dados hidráulicos apresentados foram amostrados durante 2023-2024. Ilustrações criadas com BioRender.com. In Amazon rainforest adjusts to long-term experimental drought. (ecodebate)
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