domingo, 5 de outubro de 2025

Nanopartículas de plástico contaminam partes comestíveis de vegetais

Quanto microplásticos há nos alimentos que consumimos?

Um novo estudo, realizado por cientistas da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, confirmou que nanopartículas de plástico podem ser absorvidas pelas plantas e se acumular em suas partes comestíveis. A pesquisa, publicada em setembro de 2025 na revista Environmental Research, utilizou rabanetes em laboratório para demonstrar o processo, mostrando que as partículas podem entrar pelas raízes.

Caminhos de contaminação

As partículas de plástico podem penetrar nas plantas por diferentes vias:

Pelas raízes: As nanopartículas de poliestireno, por exemplo, podem ser absorvidas pelas raízes e se espalhar por toda a planta.

Pelas folhas: Pesquisas anteriores já haviam mostrado que micro e nanoplásticos também podem entrar nas plantas através de pequenas aberturas nas folhas, chamadas estômatos.

Impactos nas plantas e na segurança alimentar

Além de contaminar a cadeia alimentar, o plástico nas plantas pode causar outros danos:

Redução da fotossíntese: Estudos indicam que microplásticos podem diminuir a capacidade das plantas de realizar fotossíntese, afetando a produtividade de culturas essenciais como trigo, arroz e milho.

Afetação do crescimento: A presença de nanoplásticos no solo pode reduzir a biomassa total das plantas e, consequentemente, o seu rendimento.

Prejuízo à absorção de nutrientes: As partículas podem bloquear ou reduzir a absorção de nutrientes pelas plantas.

Implicações para a saúde humana

Embora os efeitos exatos na saúde humana ainda estejam sob investigação, a contaminação levanta preocupações urgentes:

As partículas plásticas acumuladas nas plantas podem ser ingeridas por humanos e animais que se alimentam delas.

Fragmentos de plástico já foram encontrados em várias partes do corpo humano, como nos pulmões, sangue e cérebro.

Evitar recipientes de plástico, optar por água filtrada em vez de garrafas plásticas e aquecer alimentos em vidro ou no fogão são medidas recomendadas para minimizar a exposição.
Estudo fornece a primeira evidência científica de que microplásticos são absorvidos pelas raízes de plantas e se acumulam em tecidos que são consumidos pelos seres humanos.

Um estudo alarmante da University of Plymouth, no Reino Unido, trouxe à tona uma nova dimensão da crise global da poluição por plásticos: a contaminação direta da nossa cadeia alimentar. Pela primeira vez, cientistas comprovaram que nanopartículas de plástico são capazes de penetrar nas raízes de vegetais e se acumular em suas partes comestíveis, chegando diretamente ao prato do consumidor.

A pesquisa, publicada recentemente, focou em dois tipos de culturas de grande importância global: a alface (Lactuca sativa) e a couve-flor (Brassica oleracea). Os cientistas expuseram as plantas, desde a semente até a maturidade, a água contaminada com nanopartículas de plástico fluorescentes, pequenas o suficiente para serem medidas em bilionésimos de um metro.

Utilizando técnicas de imagem de alta precisão, os pesquisadores rastrearam o caminho dessas partículas minúsculas. Os resultados foram inequívocos: as nanopartículas foram absorvidas pelas raízes das plantas e, através de seu sistema vascular, se transloucaram e se acumularam nos tecidos das folhas, caules e, no caso da couve-flor, na própria “cabeça” que é consumida – conhecida como curdo.

Implicações para a saúde e o meio ambiente

A descoberta levanta preocupações urgentes sobre a segurança alimentar e os impactos na saúde humana a longo prazo. A contaminação por microplásticos já foi detectada em água potável, frutos do mar e até no sal de cozinha.

No entanto, esta é a prova mais direta de que os plásticos podem ingressar e se bioacumular em plantas terrestres, que são a base da alimentação de bilhões de pessoas.

“Essas descobertas são significativas porque comprovam que partículas plásticas em escala nanométrica não apenas aderem à superfície externa de uma planta, mas são internalizadas por ela. Isso abre uma nova frente de investigação sobre os potenciais efeitos toxicológicos dessa contaminação para a saúde humana quando consumimos esses vegetais”.
Como a contaminação acontece?

A principal via de contaminação identificada pelo estudo é a irrigação com água contaminada. Isso inclui o uso de águas residuais (esgoto) tratadas ou não, e águas superficiais poluídas, uma prática comum na agricultura em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil.

A degradação natural de resíduos plásticos maiores no solo também pode liberar essas nanopartículas, que são então absorvidas pelas plantações.

Um alerta para a agricultura e políticas públicas

O estudo da University of Plymouth serve como um alerta crítico para agências reguladoras, agricultores e governos. Ele evidencia a necessidade urgente de:

1. Melhorar os sistemas de tratamento de água: Garantir que a água usada na irrigação seja livre de contaminantes microplásticos.

2. Avançar na pesquisa: Investigar os níveis reais de contaminação em plantações comerciais e os efeitos específicos na saúde humana.

3. Repensar a gestão de resíduos: Combater a poluição plástica na fonte é a medida mais eficaz para prevenir que esses materiais cheguem ao solo e aos cursos d’água.

A pesquisa não quantifica os riscos imediatos, mas deixa claro que a presença de plásticos dentro de nossos alimentos não é mais uma hipótese distante, mas uma realidade que demanda atenção e ação imediatas. (ecodebate)

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