Um novo estudo, realizado por cientistas da Universidade de Plymouth, no Reino Unido, confirmou que nanopartículas de plástico podem ser absorvidas pelas plantas e se acumular em suas partes comestíveis. A pesquisa, publicada em setembro de 2025 na revista Environmental Research, utilizou rabanetes em laboratório para demonstrar o processo, mostrando que as partículas podem entrar pelas raízes.
Caminhos de contaminação
As partículas de plástico podem penetrar nas plantas por diferentes vias:
Pelas raízes: As nanopartículas de poliestireno, por exemplo, podem ser absorvidas pelas raízes e se espalhar por toda a planta.
Pelas folhas: Pesquisas anteriores já haviam mostrado que micro e nanoplásticos também podem entrar nas plantas através de pequenas aberturas nas folhas, chamadas estômatos.
Impactos nas plantas e na segurança alimentar
Além de contaminar a cadeia alimentar, o plástico nas plantas pode causar outros danos:
Redução da fotossíntese: Estudos indicam que microplásticos podem diminuir a capacidade das plantas de realizar fotossíntese, afetando a produtividade de culturas essenciais como trigo, arroz e milho.
Afetação do crescimento: A presença de nanoplásticos no solo pode reduzir a biomassa total das plantas e, consequentemente, o seu rendimento.
Prejuízo à absorção de nutrientes: As partículas podem bloquear ou reduzir a absorção de nutrientes pelas plantas.
Implicações para a saúde humana
Embora os efeitos exatos na saúde humana ainda estejam sob investigação, a contaminação levanta preocupações urgentes:
As partículas plásticas acumuladas nas plantas podem ser ingeridas por humanos e animais que se alimentam delas.
Fragmentos de plástico já foram encontrados em várias partes do corpo humano, como nos pulmões, sangue e cérebro.
Um estudo alarmante da University of Plymouth, no Reino Unido, trouxe à tona uma nova dimensão da crise global da poluição por plásticos: a contaminação direta da nossa cadeia alimentar. Pela primeira vez, cientistas comprovaram que nanopartículas de plástico são capazes de penetrar nas raízes de vegetais e se acumular em suas partes comestíveis, chegando diretamente ao prato do consumidor.
A pesquisa, publicada recentemente, focou em dois tipos de culturas de grande importância global: a alface (Lactuca sativa) e a couve-flor (Brassica oleracea). Os cientistas expuseram as plantas, desde a semente até a maturidade, a água contaminada com nanopartículas de plástico fluorescentes, pequenas o suficiente para serem medidas em bilionésimos de um metro.
Utilizando técnicas de imagem de alta precisão, os pesquisadores rastrearam o caminho dessas partículas minúsculas. Os resultados foram inequívocos: as nanopartículas foram absorvidas pelas raízes das plantas e, através de seu sistema vascular, se transloucaram e se acumularam nos tecidos das folhas, caules e, no caso da couve-flor, na própria “cabeça” que é consumida – conhecida como curdo.
Implicações para a saúde e o meio ambiente
A descoberta levanta preocupações urgentes sobre a segurança alimentar e os impactos na saúde humana a longo prazo. A contaminação por microplásticos já foi detectada em água potável, frutos do mar e até no sal de cozinha.
No entanto, esta é a prova mais direta de que os plásticos podem ingressar e se bioacumular em plantas terrestres, que são a base da alimentação de bilhões de pessoas.
A principal via de contaminação
identificada pelo estudo é a irrigação com água contaminada. Isso inclui o uso
de águas residuais (esgoto) tratadas ou não, e águas superficiais poluídas, uma
prática comum na agricultura em diversas partes do mundo, inclusive no Brasil.
A degradação natural de
resíduos plásticos maiores no solo também pode liberar essas nanopartículas,
que são então absorvidas pelas plantações.
Um alerta para a agricultura e
políticas públicas
O estudo da University of
Plymouth serve como um alerta crítico para agências reguladoras, agricultores e
governos. Ele evidencia a necessidade urgente de:
1. Melhorar os sistemas de
tratamento de água: Garantir que a água usada na irrigação seja livre de
contaminantes microplásticos.
2. Avançar na pesquisa:
Investigar os níveis reais de contaminação em plantações comerciais e os
efeitos específicos na saúde humana.
3. Repensar a gestão de resíduos: Combater a poluição plástica na fonte é a medida mais eficaz para prevenir que esses materiais cheguem ao solo e aos cursos d’água.
A pesquisa não quantifica os riscos imediatos, mas deixa claro que a presença de plásticos dentro de nossos alimentos não é mais uma hipótese distante, mas uma realidade que demanda atenção e ação imediatas. (ecodebate)
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